sexta-feira, 29 de outubro de 2010

sobre surpresa!

Caramba,
vcs se lembram daquele post em que eu tentava destrinchar aquele videoclipe do Hold Your Horses? ( http://billmementomori.blogspot.com/2010/04/brincando-com-historia-da-arte.html) Lembram que tava faltando dois quadros que eu não fazia idéia de quais eram?

Pois é, descobri!

"Henrique VIII", de Hans Holbein the Younger, 1536



"Retrato da Jornalista Sylvia von Harden", de Wilhelm Heinrich Otto Dix, 1926.



Iurrulllll!!!

sobre o tropa, má alimentação e o deixar pra depois

Ontem eu acordei e fui pro treino de bujutsu, sem tomar café da manhã, já que tava meio atrasado e não tinha nada pra comer em casa. Depois, fui com os caras lá no Vitachi e pedi uma salsicha empanada e uma vitamina. Depois disso, comi um espetinho as 20 horas. Fui pro cinema, e na saída peguei mais 2 espetos e uma coca. E foi isso. Estou emagrecendo a olhos vistos, isso não é bom. Estou com medo de ficar doente, mas me falta dinheiro e vontade. Então eu penso "porra, eu trabalho umas 50 horas por semana, cadê a merda do dinheiro?".

***

E ontem eu fui enfim ver o Tropa de Elite 2. Sem palavras. Filmaço absurdo, fico feliz que tenha feito o sucesso que fez. Quando do lançamento do primeiro filme, tive inúmeras discussões onde eu tentava dissociar a imagem do cap. Nascimento como herói, e onde defendia o Padilha de quem tachava o filme de fascista. Essa segunda parte mostrou que o José Padilha sabe muito bem o que faz, é um filme que tem muito a dizer e justifica tudo aquilo que ficou um tanto dúbio no primeiro. Um filme difícil de esquecer. Assustador e fascinante.

***

Então eu tava lendo um blog e o cara escreveu: "há quanto tempo vêm adiando momentos de prazer por nenhuma razão além do próprio hábito em se privar deles?", e daí eu pensei: "vixi, pois é..."

***

Ah, sei que quem me lê deve estar achando meus últimos textos idiotas e pueris, mas foda-se, estou adorando escrevê-los.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

sobre uma história áspera

Tinham combinado pelo msn de se encontrarem lá pelas onze da noite ali no bar do Juvêncio. Se encontram, pedem cerveja belga, e ela fala do cansaço pelo dia de trabalho. E então ele pede uma porção de isca de peixe para o garçon e começa, empolgado.

tive uma idéia ótima prum livro

prum livro?

é, estou querendo escrever um. Tem tanta gente idiota escrevendo e ganhando dinheiro por aí, então pensei "pq eu não posso ser mais um desses idiotas e ganhar algum dinheiro com isso?"

mas é o quê, uma história com vampiros virgens, com cachorros bagunceiros que conquistam toda a família e morrem no final, ou com espíritos no pós-morte que encontram o sentido da existência na caridade?

nada disso, estava pensando em algo mais interessante, um troço mais sério.

conta aí.

então, eu pensei nesse cara, o personagem principal, que é um cara que acabou de se formar em teoria literária e que está prestes a começar sua tese de mestrado na obra do Raduan Nassar, ainda não sabe bem como começar e então um dia ele vai pro sebo pra dar uma garimpada, é algo corriqueiro na vida dele, e então, bem surrado e escondido no canto da prateleira de literatura brasileira ele puxa uma brochura de capa roxa, um livro de poemas escrito em 1974 por um tal de Zenildo Rocha. Ele nunca ouviu falar no cara, mas lê um poema intitulado 'do desespero' e fica fascinado, compra o livro e o lê na mesma noite. Fica completamente aturdido com aquilo, escritos que misturam uma violência de tom quase grotesco com uma volúpia macabra, excitante e nauseante. Ele precisa de mais poemas, quer saber mais sobre o autor, e descobre pelo google aquele livro foi o primeiro publicado por Zenildo, já com 57 anos, e que depois disso lançou mais 3 obras. Morreu em 1993, sozinho, no interior do estado de Minas, assassinda por ninguém sabe quem, com 17 facadas nas costas e com o pênis descepado. Existe uma biografia lançada em 1988, mas é tida por críticos como cheia de erros, mentirosa até. E então o personagem principal lê todos os livros e resolve reescrever a biografia desse poeta mineiro, ele sente um forte impulso dentro de si pra levar aquilo a cabo. Vai a diversas bibliotecas e conversa com um punhado de gente, mas há pouquíssimas informações, quase ninguém se lembra de Zenildo, mas então ele encontra uma matéria publicada por um jornal paulistano no início dos anos 90, sobre uma seita satânica...

peraí, peraí.

o que foi?

deixa eu dizer uma coisa. Esse papo todo é pra me comer? Pq se for, meu, não tá dando certo.

?

sério, eu não vou dar pra você.

?!

tô dizendo isso pq eu gosto de você. A gente já ficou algumas vezes, eu te acho legal e tudo mais, só que não aguento esse negócio de vc ter sempre que ser o genial, o criativo, o inteligente, o artista incompreendido ou sei lá que caralho vc quer. De boa, pode parar de querer ser super mais inteligente que eu, eu já entendi que eu sou burra. Aliás, o que eu quero agora é pegar o cara mais burro desse lugar, tô realmente de boa de aturar neurônios e superegos agora.

Então ela se levanta da mesa, deixando o rapaz completamente sem reação, e caminha em direção ao balcão, onde se encontra um sujeito musculoso que mais parece um touro. Ela puxa o cara pra perto de si e enfia a lingua em sua garganta com vontade e sofreguidão. É possível ver o volume que aumenta de maneira espantosa na calça do cara, motivo que leva o casal a sair do bar e entrar na picape estacionada na calçada da frente. E então, sozinho na mesa, o rapaz pede a conta ao garçon.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

uma história de amor

Madalena tem os olhos fixos no visor do microondas, abstorta naqueles definidos feixes de luz que vão decrescendo, ao mesmo tempo em que a temperatura da sua marmita vai aumentando. já são 3 da tarde e o estomago chora de fome. Trabalho demais na sua repartição, apenas mais uma a lidar com a exorbitante burocracia municipal. Um trabalho chato e ordinário que a transformou numa mulher chata e ordinária. Pelo menos isso é o que Madalena acha. O bip do forno eletronico toca, dando a deixa pro almoço.
E então chega a íngua Rose, com aquele vestido horroroso que a deixa um tonelada mais gorda.

Tudo bem Leninha?
Tudo ótimo Rose.
Viu, vc sabe que sou tua amiga a anos, né. A Gente se conhece desde a época do colégio.
Vai mulher, diz logo que eu preciso comer.
É sobre o Roberval.
Que que tem meu marido?
Ele tá te traindo.
Com quem?
Com a Fátima do mercado.
A vesga?
Ela mesma.
Como vc ficou sabendo disso.
Vi os dois se pegando. De manhã.

Madalena sente nuvens escuras e sombrias formarem-se acima de sua cabeça. Com uma calma calculada ela pega o garfo e desfruta de sua refeição. Macarrão com calabresa. Enquanto mastiga bem cada porção, vai repassando seu casamento de 7 anos com Roberval. O curto namoro, o companheirismo, os dois filhos, as viagens tão duramente conquistadas mas tão bem aproveitadas. Se alguém a preguntasse que nota daria ao seu casamento, responderia 8 sem pestanejar. Então qual era o problema? Pq seu marido estava enfiando o pinto naquela vesga idiota? Seria talvez caridade, seu marido estaria tentando endireitar os olhos estrábicos daquela vagabunda através da introdução de seu cacete grosso no cuzinho daquela arrombada?

Será?

Terminou de comer e lavou os talheres e a tupperware. Pegou uma faca do escorredor e guardou na bolsa. Saiu do trabalho sem avisar ninguém.

Dois ônibus depois e chega até o mercado do bairro. Fátima é uma loira milf dona de uma bunda gigantesca que está embrulhando presentes no balcão de bazar so mercado. Madalena pensa em arrancar suculentos bifes daquela bundona gorda e fazer a puta comer tudo. Mas ao invés disso, ao escutar um "Oi Leninha" ela pega a faca da bolsa e, num golpe rápido, crava a faca na mão da loira-fodedora-de-maridos-alheios, grudando seus anelados dedos ao balcão de madeira.

grito choro soluço

Presta muita atenção puta, pq eu vou perguntar uma vez só. Vc trepou com o meu marido?
O quê?!

Madalera tira então um alicatinho de tirar cutícula da bolsa e arranca o mindinho da loira que está se engasgando com o próprio soluço. Com o mindinho em sua mão, ela pergunta novamente, muito calma.

Vc deu essa boceta escrota pro meu marido comer?
Sim. (choro)
Vc chupou o pau do Roberval?
Sim. (mais choro)
Ok. Obrigado pelas informações e tenha uma ótima tarde.

A mulher traída sai do mercado, passando por alguns perplexos clientes que não se atrevem a olhar em seus olhos e pelo segurança que está escondido num canto, fingindo que não viu absolutamente nada. Ela caminha até chegar numa casa abandonada, local onde se escondem os vagabundos do bairro. Olha pra um mendigo cabeludo, barbudo e cascorento.

Ei você, vem cá.

O homem obedece, como se fosse um discípulo abandonando a pescaria e seguindo o Mestre. Os dois caminham até o único hotelzinho barato do bairro, onde ela pede um quarto, com olhos tão cheios de ódio que o funcionário nem ousa questionar a presença de um mendigo fedorento como acompanhante. Também não reluta em entregar uma tesoura e um gilete quando ela faz o pedido.

Entram no quarto e ela ordena que o vadio arranque a roupa e entre no chuveiro. Ela não deixa de notar que o desocupado era dono de uma piroca gigantesca, grossa e cheia de veias, mas imunda, cheia de sebo branco e fedorento em volta do cabeção.

Vamos lavar essa mandioca!

Liga a ducha e passa o sabão. Pega uma fronha do lençol e pede pra ele se esfregar com aquilo. E então quilos de sujeira vão se desgrudando daquele corpo rude e abandonado. Sujeira de pelo menos três meses. E então ela pega a tesoura e vai tosando aquela cabeleira horrorosa, arrancando também a barba símbolo da mendicância. Pronto essa parte, espalha sabão pelos bagos do sujeiro puxando os pentelhos e passando a tesoura, pra então botar o gilete em ação.

Mais água e shampoo e ali estava.
Sua possibilidade de redimir o marido.

Tirou o que lhe restava das roupas e jogou o homem na cama, já com a pirocona dura feito pedra. Montou em cima e grunhiu quando o mastruço gigante foi lhe rasgando as pregas da tarrasha. Entre gritos de uis, ais e vem, me fode, arranhava o peito do esmoleiro até ver o sangue vermelho brilhante aparecer.

Qual é teu nome?
Claudemir.

E então, enquanto tinha a sensação de ter as tripas arrombadas pela vara mágica do menos favorecido, gozava feito uma porca no cio e urrava em êxtase:

VAI CLAUDEMIRRR! VAI CLAUDEMIRRR!

Depois da libertinagem, Madalena toma um banho, veste suas roupas, deixa o sujeito estirado na cama com o pau ainda melado e volta pra casa. Senta no sofá e espera Roberval, o marido, chegar.

Isso leva extatos 37 minutos.

Oi meu amor, tudo bem? Mas já em casa!?
Escuta Roberval, vou ser bem direta com você. Já tô sabendo que vc anda comendo a puta daquela vesga do mercado.
Mas...
Mas o caralho. Taqui o dedo que eu arranquei daquela vagabunda. A vontade que eu tinha era a de arrancar o teu pinto, mas o fato é que eu gosto muito dele. E eu não tô afim de dividir não. Hoje eu dei uma lição nela, tenho certeza que não vai voltar a olhar pra vc de novo. E mais. Dei pro primeiro vagabundo que encontrei na rua. Me fodeu até a orelha. Agora estamos quites. Eu te amo, seu filho da puta. Mas eu juro, que se você voltar a se engraçar com qualquer vadia que seja, meu, eu te mato. Entendeu? Eu te mato.

Roberval fica em silêncio. Está com uma expressão confusa e envergonhada. Vai pra cozinha e bebe um copo d´água. Vai pro banheiro e tranca a porta. Madalena ouve o barulho so chuveiro. Ao sair, o marido pergunta.

Quer comer fora? Tem aquele restaurante italiano novo ali perto da Brasil.

Vão ao restaurante, em silêncio.

O tempo passa. Aos poucos voltam a ser o casal de antes, sempre conversando e compartilhando os problemas e alegrias de suas vidas. Com a diferença de que Roberval agora estava muito mais carinhoso e atencioso, mandava mensagens fofinhas pelo celular pelo menos duas vezes ao dia pra esposa. Fez até um curso de culinária pra agradar Madalena.

Fazia uma carne de panela ao molho que era imbatível.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

sobre fim do dia, polícia no campus, habermas e frustração



E aí, tudo bem?

Tudo bem, mas pq você demorou tanto?

Ah, é que rolou várias tretas hoje lá no ifch. Ia ter uma das festas do pré-ifchstock hoje a noite, mas a polícia militar apareceu no centro acadêmico e levou equipamento de som, bebida, basicamente o necessário pra fazer a festa. E ainda levou uma liminar do ministério público que proíbe a realização do ifchstock na Unicamp.

Mas que horas aconteceu isso, vc foi preso?

Isso foi lá pras 4, 5 horas, eu tava na assembléia.

Fazendo o quê?

Como assim fazendo o quê?! Tava acompanhando a discussão pra definir qual vai ser a ação dos estudantes frente à proibição.

E qual é a sua posição?

Ora, eu apóio que se realize sim o ifchstock, só que é bem complicado de isso acontecer. Há a associação de moradores de barão geraldo que a muito tempo vem se articulando pra acabar com as festas dentro do campus, assim como as festas em repúblicas. Tem tembém a reitoria que botou essa proibição idiota a eventos dentro do campus.

Mas pq vcs não fazem o ifchstock em outro lugar, sei lá, no Campinas Hall?

A idéia não é a festa em si, mas a ocupação e fruição do espaço público. A Unicamp não é uma pucc, nem facamp. Aquele lugar não pode virar um shopping onde a galera só aparece na hora da aula e depois vai embora pra encher a cara no bar ou ver tevê.

Olha querido, você vai me desculpar, mas eu acho tudo isso que vc tá fazendo um tremenda idiotice.

Como assim idiotice?

Sério que vc não consegue enxergar o patético da situação? O ifch brigando pelo direito de fazer festas! Meu, não é pelos direitos dos animais, ou pelo direito à terra, pela legalização do aborto, sei lá, contra o idiota do Serra. Vocês tão lutando pelo direito de encher a universidade de gente pra ficar todo mundo bêbado. Esse é o gande ideal político de vocês?

Ei peraí, não é isso. A proibição ao ifchstock tá em pauta pq ia rolar em pouco tempo, mas a reitoria já proibiu as apresentações de bandas do festival do instituto de artes, manja, tipo, ahnn... essas ações são tomadas pra impedir atividades culturais no campus.

Atividade cultural pra vc é igual a festa?

É também, mas não só.

Nunca pensei que um centro acadêmico pudesse chegar a tal cúmulo de futilidade. Anos e anos de luta e militância pra acabar nisso. Defender o direito de fazer festa.

Peraí, peraí, acho que vc não entendeu direito a questão. Minha cabeça não tá funcionando tão bem agora, estou morrendo de fome. Mas veja. Nós do ifch não podemos simplesmente engolir essa proibição. Como bem disse um professor hoje lá na assembléia, essa é uma proibição que tem por objetivo pautar uma conduta que dia respeito aos costumes e a moral através do aparelho judicial e policial. E você sabe que eu sou totalmente contra a intervenção jurídica em qualquer coisa que seja.

Você e sua utopia habermasiana.

Pode ser, mas acho um bom ideal. Eu só consigo conceber um mundo mais justo e habitado por pessoas emancipadas na medida em que houver diálogo entre todas as partes para que as normas que nos regem sejam baseadas naquilo que as próprias pessoas julgam como válidas, e não essas regras de conduta absurdas que dizem o que eu devo ou não fazer.

Esse seu xiliquinho tá me cansando. Vamos pedir logo.

Droga, vc me deixa frustrado.

Vou querer um X-tudo, e você?

X-salada. E suco de laranja.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

notas de um cotidiano bizzarro

Estavam os três no fusca branco, tão cansados quanto podem estar três caras de vinte e tantos às cinco da manhã, depois de uma noitada no bar. Noitada essa que não foi a mesma para os três. Nosso motorista, por exemplo, mesmo não gostando da banda cujo auge se deu em meados dos anos oitenta, aproveitou pra tomar algumas cervejas e um drink que, segundo ele, deveria ser batido, não mexido. O simpático amigo que ocupa o banco que convencionou-se chamar de "carona" trabalhou de barman pela primeira vez naquele inferninho. Tirou de letra, já que está acostumado a lidar com clientes mais insuportáveis e chefes mais intragáveis. O que não significa que a labuta tenha sido propriamente um passeiozinho no parque. E o rapaz marron de cabelo engraçado se ocupa de ocupar o maior espaço possível do banco traseiro, tentando em vão afastar o cansaço de ter fechado cerca de duzentas comandas no caixa do bar.

O Herbie queima gasolina em direção a Barão Geraldo, terra de estudantes e outras criaturas detestáveis. Se aproxima do tapetão. A conversa no carro é de uma seriedade assustadora.

Ele é o herói mais idiota de todos os tempos!
Quem?
O Aquaman!
Ah, ele fala com os peixes.
Sim, o Bob Esponja também tem esse poder. É ou não é idiota?
Tem razão, é um poder estúpido.
Você não vê o Batman falando com golfinhos.
Hahahahha, só o nosso amigo aí de tras que sonha com golfinhos
Ah, vai se foder!
Haushsushh
kkkkkkkkkk
Faz meses que eu ouvi essa história, e ainda é a mais gay que já ouvi.
Mais gay que o aquaman nadando com os golfinhos.

Em meio àquela saudável galhofa, nosso amigo de cabelo engraçado sente algo no ar. Olha para frente e vê, na pista oposta à que estão, um carro vindo numa velocidade considerável, com uma garota pendurada com metade do corpo na janela.

Ahnn... eu acho que tem uma garota com uma camisa muito justa ali naquele carro...
Quê?!
Onde?
Caralho, tem uma mina pelada naquele carro.
ONDE?!?!?!
CADÊ?!?!?
Alí!

O palio vinha seguindo do Taquaral em direção ao Castelo, quando passou pelo Tapetão e resolveu dar uma paradinha na frente da Bambini, célebre pelos seus deliciosos doces e pães pra cachorro quente. Nossos intrépidos heróis cruzaram com tão inusitados viajantes bem nesse ponto. Ignorando deliberadamente todas as convenções e normas dos bons pilotos de automóveis, nosso cabeludo motorista e seu diminuto carro fazem um inacreditável retorno numa velocidade que geraria incredulidade em muito piloto experiente. O Fusca então pára na calçada da Bambini, e los 3 amigos dilatam as pupilas a fim de investigar qualé a daquele palio.

E então a porta se abre.

E de lá sai uma garota, 25, 26 anos, talvez menos, loira e pelada. Sim, incrédulos leitores, a garota estava nua, ou melhor, estaria totalmente nua não fosse uma diminutíssima calcinha fio dental vermelha que se camuflava em sua bunda generosa e opulenta. Aquele incrível espécime feminino salta do carro, completamente louca - Deus sabe de quais perigosas substâncias - e corre em direção aos embasbacados ocupantes do Volkswagen, que não conseguem deixar de olhar praqueles par de peitos grandes, de mamilos largos, tipo Larissa Riquelme, que teimam em permanecer firmes mesmo com os saltos alegres, joviais e olímpicos daquela deliciosa garota que se deleitava em mandar pros ares todo o senso de decência e pudor que prega a moral e os bons costumes.

A poucos metros dos rapazes ela pára, e do palio sai um cara sem camisa e com uma garrafa de vodka na mão, que vem buscar aquela não-donzela que quase se desgarrou. Mais dois caras saem do carro. Os quatro estão loucos e alegres, e provavelmente já foderam mais do que o recomendado pelo ministério da saúde.

Ainda meio cético pelo que seus olhos acabaram de ver, nosso motorista cabeludo arranca com o fucão, pra, segundos depois, soltar um grito em uníssono com os outros ocupantes do carro.

Caralho, o que foi isso?
Ela tava realmente pelada às 5 da manhã?!
Merda, ninguém vai acreditar nisso!

E então, após um pequeno retorno, eles retomam o caminho pra Barão Geraldo. Cada um de volta para sua casa, onde irão dormir, acordar, comer, trabalhar e depois dormir de novo. Sempre numa busca vã de algum sentido nesse mundo caótico, louco e totalmente aleatório.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

ah, só pra registrar



O setlist foi esse:

Último Romance
Cara Estranho
Condicional
De Onde Vem a Calma
Um Par
O Vento
A Outra
Deixa o Verão
Do Sétimo Andar
Sentimental
A Flor

E sim, eu chorei de soluçar. Nem tanto pelas músicas em si. Mas pelo eco que muitas delas faziam no meu coração oco, partido e maltratado.

post rapidinho

Nos últimos dias tempo tem sido um negócio meio raro pra mim.
Uma pena que não tô tendo como postar as coisas que me vêem à cabeça aqui no blog. As idéias aparecem, mas em casa não tem internet, e computador com conexão só rola em alguns dias da semana. Enfim, as idéias continuam aparecendo, algumas realmente boas. Acho que em dezembro já boto algumas em prática, então, aguardem novidades.



Essa ilustração é de um ilustrador taiwanês, Yu-Shu Chan. Pra curtir suas outras maluquices, é só ir em http://www.flickr.com/photos/raintree1969/

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Sobre meu post de número 200

Ok, com esse texto eu completo 200 posts no Memento Mori.

Meu primeiro blog, o mais pessoal e longevo que tive.


(esse sou eu comemorando com a minha namorada imaginária, Scarlett Johansson)

Agradeço muito aos amigos queridos, que estão sempre postando comentários ou mesmo comentando sobre as coisas que eu escrevo quando me vêem. A idéia de que eu posso amenizar - por pouco que seja - o tédio de um domingo chuvoso com meus escritos, já é motivo suficiente pra que continue escrevendo.

Pra marcar esse número 200, vou selecionar 20 posts que eu me orgulho muito de ter publicado. Pra quem tiver saco de reler, ou mesmo ler pela primeira vez os mais antigos, aí vai.

Aquele sobre meus planos se caso eu me machucar seriamente.
http://billmementomori.blogspot.com/2010/08/sobre-o-que-fazer-em-caso-de-incendio.html

Aquele da depressão e da cura momentânea da depressão.
http://billmementomori.blogspot.com/2010/07/sobre-o-vazio-e-o-gato-de-botas.html


Aquele em que eu listei vários desenhos antigos da Cultura
http://billmementomori.blogspot.com/2010/07/sobre-os-velhos-inigualaveis-e.html

Aquele em que eu defendo a Amélia como sendo uma mina firmeza.
http://billmementomori.blogspot.com/2010/06/em-defesa-da-amelia.html

Aquele em que eu destrichei o videoclipe daquela banda francesa.
http://billmementomori.blogspot.com/2010/04/brincando-com-historia-da-arte.html

Aquele em que eu falo sobre meu apreço pelo Judd Apatow.
http://billmementomori.blogspot.com/2010/03/sobre-o-que-e-ser-homem-ou-como-nova.html

Aquele do ano passado onde eu joguei bola.
http://billmementomori.blogspot.com/2009/10/sobre-jogar-bola.html

Aquele em que eu escrevi quando estava muito, muito triste.
http://billmementomori.blogspot.com/2009/09/sobre-aprendizado-e-superacao-de-si.html

Aquele do presente mais firmeza e surpreedente que já ganhei.
http://billmementomori.blogspot.com/2009/08/sobre-mais-um-motivo-pra-minha-namorada.html

Aquele post esclarecedor sobre a Angústia.
http://billmementomori.blogspot.com/2009/05/sobre-o-ser-que-resvala-para-o-nada.html

Aquele dos muitos que habitam em mim.
http://billmementomori.blogspot.com/2008/01/noo-de-multiplicidade-do-eu.html

Aquele quando a mulher do Ricardo morreu e eu fiquei muito triste por ele. E também angustiado, pela falta de sentido da vida.
http://billmementomori.blogspot.com/2008/01/sobre-deus-eduardo-coutinho-e-esposa-do.html

Aquele em que eu falo sobre ser preto e o quanto custou pra eu gostar disso.
http://billmementomori.blogspot.com/2007/11/lembranas-de-um-olhar-monocromtico.html

Aquele em que eu falo sobre beleza e mulheres bonitas.
http://billmementomori.blogspot.com/2007/10/esttica-de-c-rla.html

Aquele em que eu fui pro estágio e a nostalgia foi ativada.
http://billmementomori.blogspot.com/2007/08/meus-doze-anos.html

Aquele do cinéfilo palôso.
http://billmementomori.blogspot.com/2007/08/no-limite-da-realidade.html

Aquele sobre o filme do Padilha.
http://billmementomori.blogspot.com/2007/10/o-caveiro-que-carrego-dentro-de-mim.html

Aquele em que eu dou conselhos pro eu do passado.
http://billmementomori.blogspot.com/2007/09/se-esta-vida-fosse-apenas-um-rascunho.html

Aquele do turbilhão de pensamentos e os erros que não podem ser corrigidos.
http://billmementomori.blogspot.com/2008/12/um-texto-perdido-sobre-coisas.html

O meu primeiro post (do qual eu gosto muito, muito mesmo).
http://billmementomori.blogspot.com/2007/08/merda.html

Bem, é isso.

Muito obrigado a todos que acompanham esse meu bloco de notas.

Espero criar posts menos fúteis e mais interessantes.

Vamos ver se eu consigo.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

sobre horror e amor na arte

Dia desses eu assiti ao filme Goya, do espanhol Carlos Saura, diretor especialista em filmes de danças espanholas e tal. Fiquei embasbacado pela beleza do filme, e nas soluções criativas para incorporar as obras de Goya na tela.

O quadro dele que mais me desperta sensações é Saturno Devorando um Filho (1819 - 1823). Nele, vemos Saturno (ou Cronos na mitologia grega) arrancando e devorando o braço de um de seus filhos com os dentes. Me impressiona os olhos de Saturno, arregalados e desesperados. Seu corpo é velho e disforme e o ato de canibalismo é hediondo e brutal. O fundo negro afirma ainda mais o clima de horror.

Segundo a mitologia grega, compilada por Hesíodo, Cronos era marido e irmão de Reia, ambos filhos de Urano. Um dia, o oráculo de Urano profetizou que Cronos seria destronado por um de seus filhos. Isso bastou para que ele devorasse os filhos assim que eles nasciam. Quando estava pra parir o sexto filho, Reia resolveu escondê-lo numa caverna, e entregou a Cronos uma pedra enrolada num manto, que ele engoliu sem se dar conta de nada. Já adulto, Zeus retorna para destronar o pai, e o faz vomitar todos os seus irmão que haviam sido devorados.

Acho a história bem legal, mas gosto também de imaginar Saturno/Cronos como o tempo, que nos devora a todos. Somos todos filhos de Cronos, todos ligados de forma inescapável ao tempo, e portanto mais cedo ou mais tarde seremos vencidos.



Mas agora, voltando ao filme do Saura, gostei especialmente da forma como o grande amor da vida do pintor, a Duquesa de Alba, foi trabalhada. Pois bem, o filme começa com Goya já velho, gordo e surdo, vivendo com sua última mulher e contando antigas história pra sua jovem filha. É então que ele conta sobre o maior amor de sua vida, a Duquesa. Goya foi um homem de muitas mulheres, de muitos amores, tipo Martinho da Vila, mas assim como o sambista, só uma era a rainha do seu coração.

E ali, pertinho da morte, era o fantasma de seu grande amor que aparecia para lembrá-lo daquele tempo já apagado, inexistente, só resgatável através da memória. E é aí que entra a minha crença no Grande Amor. Como dizia o Nelson Rodrigues, "Todo Amor é primeiro, único e último". Goya amava sua atual esposa, era muito bem tratado e vivia de maneira razoável. Mas vida, Vida de verdade, essa só com a Duquesa de Alba, o grande amor perdido de sua vida.

No Quadro A Duquesa de Alba, que é de 1795, nota-se que o indicador da gatinha está apontado para o chão. Não é tão fácil assim de enxergar nessa reprodução, mas na areia está escrito "SOY DE GOYA"



SOY DE GOYA

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

sobre paudurescência

Haushsushhshsh

Achei essa palavra engraçadíssima,
mas na real não tenho nada pra escrever.

Mas é um bom título prum post, né não?

Beijo pra todos!

sobre bons programas na tevê

Não vou me esforçar pra lembrar, mas o último programa divertido, adulto e razoavelmente sofisticado(ou vulgar, dá no mesmo) que vi na tevê foi os normais, exibido de 2001 a 2003. E então os reality shows e os programas de auditório voltaram a dominar a programação, e pouca coisa nova surgiu.

Na parte do drama, teve aquelas minisséries inacreditáveis do Luiz Fernando Carvalho, mas o humor na tv sempre é dominado por programas simplórios e babacas.

Então eu ouvi sobre o tal de Junto e Misturado, novo programa do Bruno Mazzeo na Globo. Como trabalho sexta de noite, vi no youtube mesmo.

Simplesmente genial.



Essa primeira parte foi especialmente hilária e assustadora pra mim. Passei meses indo a cartórios, imobiliárias, bancos, prefeitura, ao contador, enfim, toda a sorte de lugares pra poder abrir um bar junto com meus dois amigos. É uma época que ainda me dá desgosto, fico deprimido só de lembrar daquele rolê. Hoje o bar tá funcionando já a 3 anos e meio, e o alvará de funcionamento só foi liberado pela prefeitura na semana passada. E isso porque o dono do imóvel que a gente aluga conhece as pessoas certas lá no departamente de urbanismo. Três anos e meio, cara! É absurdo.

Bem, de qualquer forma,
espero que o programa dure bastante.