quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

sobre sonhos e apropriações indevidas

Eu tava moscando no orkut, esperando a transferência de um filme japonês no computador pro pendrive, quando topei com um recado do Harry na página de recados do Caio. Achei tão sensacional que vou tomar a liberdade de reproduzi-lo aqui. Como eu sei que o Harry lê esse blog, vou esperar pra que ele mesmo descubra que estou reproduzindo um recado particular dele aqui. Enfim, é pra isso que servem os amigos, né.

"Cara, hoje sonhei que um reitor x tava apresentando um projeto de um novo campus x e certas politicas x que me desagradavam profundamente num salão x da universidade.

Aí eu disse "odeio essa merda" e biquei a mesa que tinha a maquete, que caiu, sabe-se lá como sobre a maquete, esmigalhando-a, e juntei "alias, odeio o reitor"…

e é aí que começa a parte legal do sonho. Eu peguei uma cadeira pra bater nele, mas ele pegou uma também. Estudamo-nos por alguns momentos (o kamai dele com a cadeira lembrava muito um haso-se-vier-pra-cima-te-dou-uma-cadeirada), então eu travei as pernas da minha cadeira na cadeira dele, disputamos na força por algumas frações de segundo e então eu mandei um chutão no saco dele. Ele sentiu, eu o desarmei, joguei a minha cadeira longe e o destrui no kenpo contra a parede.

Sem mais, feliz natal!"

***

E continuando com o assunto sonho, hoje eu sonhei que estava jogando bola representando o Corinthians num terreno onde tinha uma casa em construção. Um lugar típico onde a molecada costumava brincar no tempo em que eu era criança. Só que no sonho, ao invés de bola, se jogava futebol com uma barata. E, pôxa, como era difícil dominar a barata e chutar pro gol. E o pior é que só tinha eu no meu time, jogando contra várias outras pessoas. Daí teve uma hora que eu comecei a ficar mór bom, e a fazer vários gols. Pouco depois eu acordei.

***

E então de manhã eu me dei conta que estava deprimido. E sabia que a coisa só iria piorar durante o dia. Resolvi tomar as rédeas da situação: peguei o busão e fui ao cinema. O filme? Tron - O Legado. Ótimo filme, trilha sonora espetacular e o 3D tava uma maravilha. Chorei em várias partes do filme, o que confirmou minhas suspeitas matinais sobre minha baixa hormonal. Afinal, logo antes dos trailers, naquela série do Johnson's Baby onde as mães ficam falando de bebês, eu já estava limpando lágrimas na manga da blusa.

***

Idéia genial da semana:
um blog, chamado "1001 Coisas Estúpidas Para Se Fazer Antes de Morrer"

Coisa Estúpida Numero 1: criar um blog chamado 1001 Coisas Estúpidas Para Se Fazer Antes de Morrer.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Cinema - História e Linguagem

Em fevereiro de 2011 terá início o curso Cinema - História e Linguagem, ministrado por mim mesmo, William, aqui em Barão Geraldo. Os encontros serão semanais, com quatro horas cada. O curso está dividido em dois semestres, o primeiro abrangendo o cinema clássico, enquanto o foco do segundo é o cinema moderno e contemporâneo.

À seguir, listo o plano de aulas, que será composta sempre da exibição de um filme seguida de exposição teórica.

Ainda não me decidi sobre em quais dias serão ministrado o curso.
A mensalidade será de 25 reais.

1 - Introdução
Objetivos e método do curso. A lanterna mágica e as experiências pré-cinema. O cinema como arte tecnológica e com origem popular.

2 - O Primeiro Cinema
Lumière, Méliès e o surgimento do cinema em fins do séc. XIX
Apresentação de diversos filmes ingleses, franceses e americanos do final do séc XIX e início do XX.

3 - D. W. Griffith e o Surgimento da Linguagem Clássica
Filme: Lírios Partidos

4 - O Cinema Soviético
Filme: O Encouraçado Potemkin, Sergei Eisenstein
A experiência Kulechov. A Montagem estrutural de Pudovkin. Dziga Vertov e o documentário.

5 - Escola Alemã 1
Filme: Gabinete do Dr. Caligari, Robert Wiene
F. W. Murnau, G. Wilhelm Pabs

6 - Erich Von Stroheim e o Naturalismo Americano

Filme: A Marcha Nupcial

7 - Escola Alemã 2
Filme: M - O Vampiro de Dusseldorf, Fritz Lang

8 - Hollywood, a Formação da Indústria e dos Gêneros. O Policial.
Filme: Fúria Sanguinária, Raoul Walsh

9 - John Ford
Filme: No Tempo das Diligências

10 - Ernst Lubitsch e a Comédia
Filme: Ser ou Não Ser
Os grandes comediantes: Charlie Chaplin, Buster Keaton, Max Linder, Irmãos Marx, Jerry Lewis.

11 - O Faroeste
Filme: E o Sangue Semeou a Terra, Anthony Mann
Caráter histórico e mitológico do gênero. Decadência e Western Spaguetti.

12 - Jean Renoir
Filme: A Besta Humana

13 - Howard Hawks
Filme: Levada da Breca

14 - Alfred Hitchcock
Filme: Frenezi

15 - Yasujiro Ozu
Filme: Bom Dia
As tradições do cinema japonês, desde o mudo. Kenji Mizoguchi.

16 - Douglas Sirk e o Melodrama
Filme: Palavras ao Vento

17 - Akira Kurosawa
Filme: Rashomon
O Cinema japonês do pós guerra. Naguisa Oshima, Shohei Imamura.

18 - A crise de 1930 e o filme B
Filme: Gun Crazy - Mortalmente Perigosa, Joseph H. Lewis
Roger Corman e Val Lewton.

19 - Brasil 1 - O Classicismo
Filme: Ganga Bruta, Humberto Mauro
Surgimento do cinema no Brasil. Os Ciclos Regionais. Mário Peixoto.

20 - Billy Wilder
Filme: Crepúsculo dos Deuses
O filme Noir e suas decorrências

21 - Sayativa Ray e Bollywood
Filme: O Mundo de Apu
O modo de produção do cinema indiano. Bollywood e sua casta de astros. Os musicais.

22 - O Documentário 1
Filme: Nanook - O Esquimó, Robert J. Flaherty
O que é o documentário? Robert Drew e o cinema direto. Jean Rouch e a etnografia.

23 - Orson Welles e a Modernidade
Filme: Cidadão Kane

24 - Roberto Rossellini e o Neo-Realismo
Filme: Alemanha - Ano Zero

25 - A Crítica Francesa no Pós-Guerra
Filme: Mônica e o Desejo, Ingmar Bergman
A evolução do pensamento crítico. A Segunda Guerra e a Cinefilia. O surgimento da Cinemateca. O cineclubismo. Os "Cahiers du Cinéma".

26 - A Crise no Sonho Americano : A Geração do Pós-Guerra
Filme: Anjo do Mal, Samuel Fuller
A América da maturidade: Nicholas Ray, Elia Kazan

27 - Depois do Neo-Realismo : Antonioni
Filme: O Grito

28 - Nouvelle Vague 1 - François Truffaut
Filme: Os Incompreendidos

29 - Nouvelle Vague 2 - Alain Resnais
Filme: Hiroshima Meu Amor

30 - Nouvelle Vague 3 - Jean-Luc Godard
Filme: Weekend à Francesa

31 - Brasil 2 - A Era Moderna
Filme: Deus e o Diabo na Terra do Sol
O cinema brasileiro e a busca de legitimidade a partir dos anos 40: Atlândida e Vera Cruz. O cinema novo e sua relação com a técnica.

32 - Clint Eastwood e o Cinema Contemporâneo
Filme: Os Imperdoáveis
A crise do moderno e o retorno à narratividade. Hollywood e a introdução do Blockbuster.

33 - O Documentário 2
Filme: Santiago, João Moreira Salles
O documentário brasileiro e seu grande mestre: Eduardo Coutinho. Michael Moore e o sucesso de público. O debate contemporâneo sobre o documentário.

34 - Abbas Kiarostami
Filme: Onde fica a casa do meu Amigo?
O cinema iraniano. Jafar Panahi, Mohsen Makhmalbaf

35 - David Cronenberg
Filme: eXisteZ

36 - Quentin Tarantino
Filme: À Prova de Morte

37 - David Lynch
Filme: Mulholland Drive - Cidade dos Sonhos

38 - Cinema Brasileiro 3
Filme: O Bandido da Luz Vermelha
Cinema marginal, cinefilia e cinema popular. A Embrafilme. A Era Collor. O cinema da retomada.

uma tirinha que ninguém vai conseguir ler, só se clicar encima e ficar aumentando

Se vc tiver realmente curioso pra saber que tirinha é essa, clique nela, e depois aumente a imagem. Acho que vale a pena. Já ouvi algumas coisas parecidas com essas.
Que bom, né?



Só acho que eu consigo mascarar minha timidez, me fazendo de autoconfiante.

merda.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Scarlett & Eu #3

Estou deitado na minha cama, já passam das duas da manhã. Estou na metade do primeiro capítulo da biografia do Woody Allen, um lançamento já esgotado da Cia das Letras que eu vitoriosamente consegui num sebo, junto com um livro da Brasiliense que analisa todos os filmes do Akira Kurossawa.

Então alguém bate na porta.

- Will
- Entra uai. Quem é?

Após um empurrão na porta eu quase caio no chão de tanta surpresa. É a Scarlett Johansson, minha ex-namorada imaginária que nunca mais retornou meus emails.



- Oh, deus, Scarlett! O que você tá fazendo aqui?!
- Posso entrar?
- Claro que pode. Meu, você tá toda molhada. Tá chovendo lá fora?
- Muito.
- Você tava correndo?
- Sim. Precisava muito te ver.
- Pq?, aconteceu alguma coisa?
- Saudades...
- E...?
- É, bem, eu e o Ryan terminamos nosso casamento.
- O Ryan Reynolds te largou?! Que burro.
- Ei, ele não me largou! Nós terminamos...
- Ok, que seja. Mas você não me parece tão feliz.
- Vc sabe que finais de ano me deixam deprimida.
- Sim, eu sei. Eu também me deprimo muito entre o natal e o ano novo.
- Queria saber se posso passar a noite aqui com você.

[meu coração quase tem um treco quando meu cérebro processa essa informação. Me concentro sobrehumanamente para não ter um infarto fulminante]

- Claro que pode, querida. Vai tomar um banho, desse jeito vc vai ficar gripada.
- Tem uma toalha aí?
- Usa a minha. Já tá seca.

E assim a Scarlett Johansson, a mulher que esnobou o meu amor e me abandonou a alguns meses, vai tomar banho ali no meu banheiro. Eu me sento na beirada da cama, ainda me esforçando pra digerir todas aquelas informações. Uns quinze minutos depois ela reaparece, enrolada na toalha.

- Toc toc
- E aí, melhor?
- Ah, maravilhoso. Nada melhor que um banho bem quente pra tirar o stress.
- Bom. Tá afim de comer alguma coisa?
- Não, jantei não faz muito tempo assim. Estava na casa de uma tia, aqui em Barão.
- Ok.
- Você tem alguma roupa pra me emprestar? É que na correria eu não trouxe nada.
- Sim, sim, peraê.

Passo então meu samba canção e minha camiseta do sonic youth pra ela.

- Agora vira pra lá que eu vou me vestir.

Eu viro pro outro lado pra ela colocar a roupa. Os vidros da janela são espelhados, então eu também fecho o olho. Enquanto estou de olhos fechados, penso que deveria mantê-los abertos. Mas aí já é tarde demais.

- Scarlett, na real, o que você tá fazendo aqui?
- Eu já disse. Estou deprimida e carente, e fiquei com vontade te ver.
- Mas, mas,... não faz sentido. Você é um fruto da minha imaginação. Você não existe de verdade.
- Uau, essa não é a coisa mais gentil e romântica pra me dizer, mas tudo bem.
- Sério, vc é minha namorada imaginária. Eu achei que tivesse superado isso.
- Aparentemente não superou, não é mesmo. Pensa bem, fofinho: eu sou fruto da sua imaginação. Portanto, quem me trouxe aqui foi você mesmo.

Puxa vida, ela tinha razão!

- É, você tem razão.

Ela se aproxima, fazendo carinha de manha.

- Você não gosta mais da sua Scarlett?
- G-g-gosto sim.
- Eu posso deitar com você hoje?
- Anrã...
- E como é que tá o meu amigão aqui de baixo?
- Com saudades.
- Uau, ele cresceu einh! Aposto que tá morrendo de saudade da amiguinha dele. Aposto que ele tá louquinho pra brincar.

Ela, ainda com a mão dentro da minha calça, agarra meus cabelos com a outra mão e quase arranca meus beiços com aqueles beijos desesperados e tempestuosos.

[ok, ok, vou parar por aqui. Nada de ficar trepando com namoradas imaginárias. Isso dá uma deprê da porra!]

sobre o meu natal de dois mil e dez

Eu tinha certeza que esse natal iria ser terrível, totalmente depressivo.

Meus dois últimos natais foram maravilhosos, e sempre achei que fossem insuperáveis.

Bem, insuperáveis eles realmente são. Mas até que o natal desse ano foi divertido. E isso graças ao Caio, que me levou pra ceia de natal da família dele. Do contrário, ficaria em casa, trancado no meu quarto, vendo filmes franceses ou lendo a biografia do Woody Allen escrita pelo Eric Lax.

E foi isso. No dia 23 o Caio e eu fomos ao hospital pq ele estava mal, mas acabamos fugindo de lá, já que ele não queria tomar remédios.

E no dia 24 estávamos em Sousas, comendo como se o mundo fosse acabar nos minutos seguintes. Hahahahhah, ganhei até uma camiseta do primo dele. A parte ruim é que esqueci meu celular, portanto, não adianta ligar pro Bill nos próximos dias...

Agora é só esperar.

Amanhã o trabalho na locadora recomeça.

Droga.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

"gosto de livros
não sei escrevê-los
mas sei amá-los"

A Fidelidade, de Andrzej Zulawski, 2000.

Ver um filme do Zulawski é sempre uma experiência dolorosa pra mim. É como ter que lidar com um término de relacionamento. São sempre filmes sobre o amor. Sobre o fim do amor, ou o recomeço do amor.

Mas, cara, como dói!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

sobre as últimas notícias

Então eu vomitei, tive febre, pesadelos bizarros, uma dor de cabeça inédita e terrível, dor no corpo e aquele sentimento patético de impotência. Fui pra casa da mamãe, tomei sopa e chazinho, fui ao médico, tomei injeção na bunda, peguei atestado e a dor de cabeça ainda me matando.

As hipóteses eram variadas.
Mas daí, assim, meio do nada, me veio o motivo.
A porra do meu siso tá nascendo!
O filha da puta do dentista não quis tirá-lo no início do ano, e agora o bastardo tá rasgando minha gengiva e a minha cabeça.

Odeio me foder tanto...

***

Daí dia desses eu tava no busão, indo pro centro resolver umas paradas lá na prefeitura, quando entra um tiozinho e deixa esse papelzinho com cada um dos passageiros do ônibus. Tipo, o cara é muito, muito fudido.



No fim eu fiquei pensando, três filhas gêmeas são tipo seis filhas??

***

Ontem eu tava trabalhando na locadora.
Não costumo escrever sobre o que acontece lá, pq detesto gente que fica falando mal do lugar onde trabalha, ou dos clientes que atende no lugar onde trabalha. Mas esse caso é especial, e fiquei com vontade de escrever sobre isso.

O cara chegou com dois filmes, atrasados 4 dias. Disse que pagaria um, mas não o outro, pois o disco estava com defeito e ele não conseguiu assistir. Verifiquei a mídia, e constatei que o disco estava quebrado. O filme era Antes Que o Diabo Saiba que Você Está Morto, do Sidney Lumet. Um filme excepcional. Então verifiquei a data de locação e pedi um minuto ao cliente. Procurei a nota da locação, com a assinatura dele e o nome do funcionário que o havia atendido. Chamei a funcionária, mostrei o disco e, na frente dele, perguntei se ela havia locado o filme naquele estado. A resposta foi negativa e ela disse que o filme foi locado em perfeitas condições.

- Negativo, meu amigo. Você tá dizendo que eu quebrei o filme?
- Todos os funcionários conferem o disco, senhor. Ele não foi locado desse jeito.
- E agora eu me ferro por isso!
- Eu vou apenas cobrar o valor do atraso, não vou cobrar o filme.
- Vc não tá entendendo. Eu vou pagar o filme que eu assisti. Não vou pagar o outro.
- Tudo bem, o débito vai ficar aqui na sua ficha.
- Vou pagar só um. Eu não sou palhaço não, entendeu.
- E eu tampouco sou palhaço.
[nesse hora ele me dá cinquenta reais e eu devolvo vinte a ele. o boleto é impresso]
- Quer saber, cobra tudo aí que eu não quero encheção de saco.

Foi nessa hora que eu fiquei puto, peguei o boleto de pagamento, amassei, virei as costas e saí, jogando o papel na cara do cliente. Joguei água na cara, na cabeça e fiquei um tempo sozinho pra me acalmar.

Mas não é esse o ponto, isso acontece com muita frequência lá.
Quero falar sobre o que rolou depois.

Passaram-se, sei lá, uma, uma hora e meia. Uma funcionária me chama no escritório, dizendo que é telefone pra mim. E que quem está na linha é o cliente que tava causando. Achei meio bizarro, e fui ver qualé que era.

- Alô?
- Sim?
- Quem fala?
- William.
- Então William, aqui quem fala é o ******, eu estive aí a pouco tempo e acabei me excedendo, dizendo e fazendo coisas que eu não deveria ter dito e feito, eu poderia ter resolvido tudo com uma conversa civilizada, mas infelizmente fiz uma tempestade num copo d´água. Eu estou ligando pra pedir desculpas pela minha atitude, eu tive um dia bem estressante e acabei descontando em você, que estava só seguindo o protocolo da empresa. Então eu queria te pedir perdão mesmo, cara, pq eu não deveria ter feito o que eu fiz.
- Pôxa, eu agradeço mesmo pelo pedido de desculpas. Peço desculpas também, já que minha atitude não foi das melhores.
- Magina, cara, vc tava seguindo o protocolo da empresa.
- Ok
- Então, William, boa tarde pra vc e um ótimo natal.
- Brigado, pra vc também.

E foi isso, mano, tipo, a coisa mais normal do mundo é ver gente fazendo cagada, mas pouquíssimas pessoas assumem as cagadas que fazem. Paguei um pau forte praquele cara, porque ele não fez um bem somente a mim, ele fez um bem pra ele mesmo. Tipo, ele deve ter ficado bem mais aliviado depois de ter pedido desculpas.

Legal, né?

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

cinefilia

Desde ontem que eu estou muito, muito podre. Vomitando, com dificuldades pra dormir, com febre e uma dor de cabeça filhadaputa. Tomei uma neosaldina, e torço pra que esteja passando.

Mesmo assim, não pude deixar de rir à beça com esse vídeo.



O comercial do telecine é:
Cinco rapazes talentosos, unidos, em prol da alegria e do cinema.
O que é cult? O que é pop? Tudo é um estado de felicidade.
E tudo o que é cinema, está aqui no Telecine.

domingo, 19 de dezembro de 2010

um pouco de tragédia pra começar o domingo

Quase nem tive tempo direito de arrumar minhas coisas na casa nova, mas já havia um ótimo motivo pra aparecer por lá, além do Caio, Bruna, Joana e Enio.

Era o Dexter, nosso gatinho de estimação.

O Dexter é um filhote serelepe, curioso e bagunçeiro. Um grande e incansável explorador, assim como a maioria dos gatinhos filhotes.

Faz muitos anos que meu último gato de estimação morreu, envenenado pelo vizinho. Já tinha me esquecido do prazer e da alegria de chegar do trabalho e ser recebido por aquele bichinho arrogante e manhoso, sempre em busca de colo, comida e carinho.

O lugar do Dexter no meu coração idiota já estava reservado.

E então hoje eu acordei, fiz almoço [arroz e bife] e fui ver o blog do jesusmanero. Daí a Joana chega com uma cara terrível.

- Já vistes o que aconteceu com o gato?
- Quê?
- Já vistes o que aconteceu com o gato?
- Como assim, que que aconteceu?
- Pulou no vizinho, oras, os cachorros mataram.

Temos vizinhos. E os vizinhos tem dois cachorros, cuja função é latir insanamente pra qualquer coisa que se aproxime do perímetro do muro. A função é basicamente matar qualquer coisa que entre ali.

O Dexter não tinha função. Ele brincava, comia e dormia. Acho que era feliz assim.

Enfim, subi as escadas que levam ao andar de cima e olhei pro lado do vizinho. O gato estava lá, no chão, inerte. Os mosquitos já se acumulavam encima dele. Foi um negócio ruim de se ver.

Desci, peguei umas sacolas e um pano. Fui até o vizinho. Bati e ninguem atendeu. Só os cachorros latiam, enquanto olhavam no fundo dos meus olhos.

O cara que mora na frente disse pra eu tentar na casa ao lado, onde mora uma velha senhora benzedeira. Fui lá, e após a velha benzer um recém nascido que dormia no colo da mãe, disse.

- Tudo bem? A senhora sabe quem mora aqui do lado?
- O terreno do lado é do rapaz que mora aqui nos fundos. Sobre o que se trata?
- E que eu sou o vizinho aqui do lado, e o nosso gatinho pulou no terreno e os cachorros mataram. Então eu vim saber se posso pegar o corpo, pra enterrar.
- Só um minutinho.

Em pouquissimo tempo chegou um cara da minha idade, mas branco e barrigudo, junto com sua namorada baixinha e loira. Pareciam se boa gente. Expliquei a estória pra eles.

- Mas você viu ele caindo aqui do lado?
- Não, foi a menina que mora em casa que me falou que o gato tinha caído.
- Vc viu ele?
- Arrã, dei uma olhada pelo muro e vi, acho que não foi mordido nem nada.
- Péra um pouquinho que eu pego lá pra você.

Então eu fiquei com a velha, esperando.

- Ah, fio, não tem jeito. Caiu ali os cachorros matam mesmo. Mas com um terrenão desses, se não botar cachorro não dá pra ter nada, em pouco tempo já roubam tudo.
- É, né.

A loirinha aparece com uma cara de dó, segurando uma sacolinha, com o Dexter morto, duro, lá dentro. O rapaz comenta que é estranho, pq a cachorra, quando mata passarinhos ou ratos, leva a caça até a porta, pra mostrar pros donos. Mas com o gato foi diferente, eles deixaram ele lá.

Agradeci a atenção, desejei um bom dia e fui pra casa. Avisei as meninas que havia pego o corpo e perguntei se havia algum problema se eu o enterrasse no quintal. Não houve protesto da parte delas.

Fui pra porta do Caio e da Bruna, dar a notícia. Bati e esperei, com o coração palpitando de tensão. Apareceram na sala.

- E aí Will, beleza?
- Ah, na real nem tanto
- O que aconteceu?
- O Dexter tá com vocês?
- Não. Cadê ele?
- Então, deu merda.
- Ele fugiu?
- Ele morreu?
- É, ele morreu. Pulou ali no vizinho e os carrochos mataram. Foi buscar o corpo, já. Desculpa acordar vcs pra dizer isso, mesmo, mas achei melhor.
- Normal, fez bem.

Então eles foram prum canto, eu fui pro outro. Minutos depois vou falar com o Caio.

- Então cara, tava pensando em enterrar o Dexter ali no quintal.
- Enterrar...? Sei lá, a gente podia só mandar embora. É que eu não tenho esse costume de enterrar os mortos, saca.
- Sei lá, eu tive uma educação cristã, acharia desrespeitoso se a gente não enterrasse ele.
- Ah, de boa, então vamo lá.

Então eu e meu amigo judeu buscamos uma pazinha de jardinagem e fomos ao quintal. Tiramos um tufo de grama, abrimos um buraco na terra. O Caio buscou o Dexter, examinando-o.

- Ele não tem marca de mordida, nem de queda. Só tá com sangue nos ouvidos.
- O cara do lado achou estranho a cachorra não ter levado ele até a porta, como costuma fazer com os outros bichos que mata.
- Ah cara, mas nenhum animal gosta de matar filhotes. É mór bédi. Por isso ele são bonitinhos e fofinhos, é uma defesa natural.

Acomodamos o corpo do gato nas entranhas da terra.

Duro, feio, sem vida.

Cobrimos com terra e botamos a grama por cima.

Fui ao banheiro para lavar a mão.

Não havia sabonete.




segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

sobre como fazer o melhor show do Matanza

Aí vai, passo a passo, pra vocês não se perderem.

1 - Tenha um bar.

2 - Seja louco o bastante pra negociar com o empresário dos caras.

3 - Informe seus sócios que a brincadeira sairá por dez mil dinheiros.

4 - Venda 230 ingressos a trinta reais cada [e não tenha misericóridia, se sua mãe quiser ver Matanza, no seu bar, ela dever pagar ingresso; se Jesus Cristo quiser entrar VIP, diga não, só com convite pago].

5 - Tenha pesadelos com a noite do show, e cague nas calças todo o dia em que pensar em todas as coisas terríveis que podem acontecer no dia do show [a polícia aparecer, acabar a luz, queimar equipamento, a banda ser forgada pra caraio, rolar briga, queimar o freezer, e blablabla].

6 - Apareça na noite do show e leve gatorade, cerveja normal e sem álcool, uma garrafa de red label, sanduiches, docer e frutas pro camarim da banda. Ah, e não se esqueça do ventilador.


7 - Não economize dinheiro com seguranças. Se é pra tomar preju, que pelo menos não seja preju com morte no bar.

8 - Bote muita música irlandesa e system of a down na discotecagem antes do show, pra engambelar a galera que fica reclamando pro show começar logo.

9 - Borre as calças novamente ao ver meia dúzia de skinheads dando rolê de suspensórios e pedindo cerveja a você. Pense "putaquipariu, agora fudeu".


10 - Faltando dez minutos pra começar o show, alivie um pouco a tensão ao ver a banda chegando e a galera indo ao delírio.

11 - Restitua o brilho nos olhos ao ver os caras saindo do camarim, tomando suas posições e botando pra foder, numa sucessão initerrupta de grandes sucessos pra ouvir, beber e brigar.


12 - Entre em êxtase ao ver o Jimmy dizer "eu estou gostando desse lugar. essas luzer vermelhas me fazem lembrar de um certo clube..."

13 - Veja o mesmo Jimmy incentivar as mulheres a subir no palco, e não desgrude os olhos das duas garotas que sobem, tiram a camisa e começam a se pegar enquanto a galera quase tem orgasmos de puro rocknroll.


14 - Nessa hora já pode ficar tranquilo e relaxar. Os carecas tão ali curtindo de boa, a cerveja tá saindo bem e a banda tá dando o seu melhor, mesmo com o palco pequeno e o calor infernal. Curta quase uma hora e meia de Matanza e tome uma cerveja gelada.

15 - No final, tire uma foto com o Jimmy e agradeça sinceramente pelo show, e preste muita atenção quando ele disser "eu é que agradeço".


16 - Por fim, sinta-se muito orgulhoso. Passe o resto da noite conversando com os camaradas sobre como esse foi o show mais foda que já rolou no seu bar.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

sobre amenidades

Às vezes eu vejo minha vida como um épico de epicidade épica, como num quadrinho do Scott Pilgrim. Às vezes minha vida é uma caminhada a esmo por caminhos que não levam a lugar nenhum, num mundo marcado pela desilusão e pela ausência de Deus, como num filme do Antonioni. Às vezes [mais raramente] eu me vejo no meio de mulheres a beira de um ataque de nervos, me fodendo gratuitamente graças a hormônios e bipolaridades que me assustam e me atraem mais que o Lado Negro da Força. Às vezes é só sofrimento mesmo, ainda por cima em preto e branco, como um daqueles Bergman´s do pós guerra. Em momentos melhores há mesas de restaurantes, conversas interessantes e problemas deliciosamente complicados que me fazem encher o peito de vida e me sentir orgulhosíssimo de ser humano, como num filme do Woody Allen. Em outras vezes eu quero vomitar e morrer, que é o que sinto quando leio o Crumb, o Mutarelli ou mesmo o Palahniuk. Nesses momentos eu tenho vergonha e me sinto fraco de fazer parte de algo tão podre quanto a raça humana.


Às vezes eu acordo, olho no espelho, e não sei se meu cabelo tá mais pra Eraserhead, Class Act ou Gerald do Ei Arnold.

***

Hoje é feriado, o que significa que uma galera não vai trabalhar [eu vou, virei escravo do trabalho já faz um tempinho]. Então pensei em escrever alguma coisa, pra galera que costuma ler esse blog. Faz um tempinho que eu botei um contador aqui, pra saber quantas visitas recebia. Fiquei empolgado, pq uma galera estava entrando. Só que, analisando melhor, percebi que às vezes, num dia, só recebia visitas num post, aquele em que eu falo sobre o pornô. Gente que fica pesquisando putaria no google acaba caindo por aqui, já que coloquei aquelas fotos de capinhas de filmes de sacanagem. Isso me deixa muito puto, me sinto enganado, achei que um monte de gente me lia, mas na real devem ser aquelas 6 ou 7 pessoas. Mas pensando bem, essas 6 ou 7 são pessoas muito queridas, e me basta ser lido por elas.

Mas que esse contador me zôa, ah se zôa!

***

Tenho novidades incrivelvente incríveis.

Depois de morar por quase 1 ano naquele ninho de rato que eu adoro [g8a], estou mudando pra casa do Caio. Ontem ele me mostrou a foto do gatinho que o pessoal da casa adotou, o Dexter. E semana que vem o irmão dele chega. Ah, sinto tanta falta de ter um bicho desses de estimação. Não vejo a hora de sair de samba canção do quarto e trombar com os miados estridentes pedindo comida. Ter um gato é parte fundamental daquilo que chamo felicidade.


[Caio e eu nas ruas de Lisboa]

***

A Luiza, além de manter o poético e divertido Evasão de Privacidade, quebrou a pernas dias desses. Ou trincou, não me lembro agora o que realmente aconteceu. O que importa é que gessos, seja em perna ou braço, sempre foi algo fascinante e misterioso pra mim. Sempre fui uma criança comportada e nunca quebrei nenhum osso. Quando algum coleguinha ia pra escola com o braço suspenso por aquele trapo branco, num visual meio Mumm-Ra, rolava uma certa inveja ao ver as meninas querendo preencher o espaço branco com seus nomes, em caligrafias pomposas e exageradas.

Infelizmente, nunca quebrei um braço, ou perna.

Acho um absurdo, portanto, a Luiza não fazer um diário do gesso da perna. Quero saber mais sobre como é ter um gesso, sobre as coisas engraçadas e também sobre as coisas nogentas.

Enfim, minha reclamação e pedidos já estão registrados.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

TEBAATUSASULA

Eu juro que estou tentando me concentrar e concluir o meu trabalho sobre a Carmem Miranda, mas quando me deparo com esta pérola do cinema de ação de Uganda, não há concentração que resista!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

sobre histórias que consolam

O celular vibrou dentro de sua bolsa, fazendo com que o compensado de madeira da mesa onde estava posta emitisse aquele conhecido som gago e tremelicante.

Era mensagem.

Tiago dizia que a turma do trabalho iria prum happy hour após o expediente, comemorar o aniversário de uma das meninas. Queria que a companheira estivesse por lá também.

A resposta da mensagem dizia sim, eu apareço, e terminava com um eu te amo muito.

Cláudia estava com 26 anos e se orgulhava de estar na metade do financiamento do seu apartamento, de ter um bom emprego e de já ter quitado seu Gol modelo 2002. Havia também seu namorado Tiago, corretor de imóveis, dois anos mais velho que ela e dono de um corpo que faria inveja a Dwayne The Rock Johnson.

Nunca suportou homem magrelos. Quando jovem, sempre buscou a proteção de braços musculosos, a segurança de peitorais largos e malhados, a pressão de pernas fortes e definidas. Enchia a boca ao dizer às amigas "gosto de homem com h maiúsculo". Sempre evitou os tipos intelectuais, daqueles que usam óculos de aro grosso, só falam de livros e filmes que ela desconhece ou de bandas que ela nunca supôs que pudessem existir. Sempre desconfiou que essas demonstrações de inteligência escondiam algo, talvez uma psicopatia, talvez uma doença contagiosa, ou quem sabe um pinto pequeno.

A dois anos conheceu Tiago no casamento de uma de suas primas. Minutos após se conhecerem estavam trocando palavras, horas depois trocavam telefones, e nos dias seguintes trocavam beijos e carícias, pra então trocarem afagos, juras, gozos, palpitações, enroscos e sussuros ao pé do ouvido.

Ao fim de mais uma dia maçante no escritório de advocacia, Claudia encontrou seu homem no bar onde costumava comemorar com os colegas de trabalho. Ele estava alegre. Bebia um chope atrás do outro. Ela estava com uma leve dor de cabeça. Preocupações profissionais.

Foi ao banheiro pra um xixizinho e uma retocada na maquiagem. Ao sair, deu de cara com o namorado de cara fechada e bufando.

o que aconteceu amor?
o que aconteceu o caralho. que porra é essa de ficar de graça com o jorge?
quê?!
eu vi o jeito que vc olhava pra ele.
do quê você tá falando, amor?
aposto que vc estava esperando ele te seguir pro banheiro, né.
meu...
é isso? vc quer dar praquele idiota do jorge?
cara, vc bebeu demais, vamo embora
nada disso!

E assim, meio que sem querer querendo, no meio desse embróglio causado pelo álcool, pelo ciúme e pela pequena quantidade de cocaína, o grosso braço do rapaz percorreu um arco à sua frente, desferindo um triste, pesado e chocante tapa no belo rosto de sua namorada.

Um filete de sangue começou a escorrer.

Ela tremia.

Ele se deu conta da merda que fez e sua expressão mudou para o arrependimento total. Ajoelhava e pedia perdão à garota, que entrou novamente no banheiro, chorou um pouco, lavou o rosto e foi embora pra casa.

Passou a noite sem conseguir dormir. Só conseguia pensar no súbito acesso de fúria de seu, até então, pacato namorado. O celular tocava a todo instante. Era ele, provavelmente querendo o perdão da mulher. Por volta das quatro e meia da manhã, sua mente se iluminou. Amava demais o namorado e não ia perdê-lo por nada. Por nada.

Acordou e antes de ir ao trabalho foi até a lojinha de brinquedos.

No escritório, um buquê de flores a esperava, junto com um cartão. Me desculpe amor, pelo que fiz ontem. Eu te amo, não sei viver sem você. Ela ligou e disse aparece em casa lá pras nove. Às nove ele tocava o interfone.

Ao chegar, encontrou a mesa posta e a namorada de braços abertos. Pediu perdão pelo que tinha acontecido ontem, não sabia o que havia com ele, e ela só dizia, esquece isso, o importante é que nos amamos, só isso, agora vamos comer. Na mesa havia salmão assado e arroz com legumes, acompanhado de um argentino Tinto Cabernet Sauvignon. Comeram.

Ela se deliciava ao ver aquele sujeiro forte como um touro lutando contra o sono, após taças e taças e vinho tinto com valium. Por fim foi vencido. Apagou.

Acordou na cama, nu, com as mãos e os pés amarrados no estrado da cama.

Olhou pro lado e viu Cláudia nua, os cabelos amarrados, os peitos firmes e arrebitados, o olhar lascivo e ansioso. Estranhou ao ver a namorada afivelar aquele estranho cinto por cima da calcinha. O que seria aquilo? Foi então que gelou ao ve-la retirar um pinto grosso e verde de borracha da bolsa, e fixá-lo no cinto. Começou a se debater e tentou gritar, mas ainda estava grogue por causa do remédio.

Ela passava lubrificante na pirocona verde fosforescente, se masturbando com prazer, percorrendo cada ondulação daquele brinquedinho que a dotava de tanto poder. Mordia o lábio e estremecia de tesão, enquanto antecipava mentalmente o que estava a minutos de concretizar. Enrabar o namorado.

Entrou com alguma dificuldade, ele urrou, se debateu, mas depois que entrou tudo, se resignou, limitando-se a gemer e se contorcer. Enquanto movimentava a pélvis pra frente e pra trás, notou a ereção do namorado. Teve vontade de desamarrá-lo, mas teve medo. Enquanto comia seu cuzinho malhado e sarado ela desenvoltamente lhe tocou uma punheta. Em pouco tempo ele esporrou e ela sorriu.

Saiu de dentro dele e resolveu desamarrá-lo. Ele tremia e ofegava, e quando se viu livre das amarras abraçou sua mulher com todo o amor que é possível de se ter. Soluçou baixinho entre os seios suados de Cláudia.

Os dois continuam juntos.

De vez em quando, sem nada dizer, ele dá um tapinha de leve no rosto dela e vai até o quarto.

Ela sorri, e vai até o armário, em busca de seus brinquedos, cada vez mais numerosos.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

[sobre coisas que ouvimos por aí...]

Estava recolhendo as roupas sujas do quarto das crianças. Numa mão ia o cesto, e a outra recolhia as peças espalhadas pelo quarto. Acabara de acordar do colhilo pós almoço e precisava trabalhar pra espantar a preguiça. A televisão estava ligada numa reprise de novela, a qual ela não acompranhava, mas o som da tevê a dispunha para os afazeres de casa. Seu menino estava brincando com o coleguinha no quintal, e a caçula estava na creche. Ao chegar na pequena área coberta onde ficava o tanquinho, uma conversa infantil sussurrada a fez ficar mais atenta. Se aproximando do vitrô aberto que dava prum canto do quintal cheio de plantas e árvores, notou que as crianças estavam logo abaixo da janela, tendo uma conversa que ela julgou bastante estranha.

O vizinho de 7 anos dizia ao seu filho:

"vamo lá. ninguém vai ver. a gente vai ali no cantinho"
"não, deixa quieto"
"ninguém vai ver a gente não. vamo"
"credo, mas é nojento"
"é nada, é legal"
"quero não"
"vamo lá"

Achou aquela história de vamo-não-vamo um negócio estranhíssimo. Sua curiosidade foi atiçada. "Onde será que essa história vai dar?" Continuou ali, imóvel, apurando os ouvidos pra tentar ouvir mais. Em vão. Não ouvia mais nenhuma das duas crianças conversando. Deixou então a roupa no chão e foi ao quintal, o mais silenciosa que pôde. Ao chegar no canto do muro, a mulher negra quase ficou amarela pelo que viu. Seu filho estava em pé, sem calças, com as pernas abertas e com o braço direito passando por entre elas, segurando o pintinho do amiguinho. O vizinho, que tinha o pipi agarrado, estava atrás do menino, abrindo sua bunda e com a cara enfiada no meio.

Aos berros a mulher enlouquecido vôou em cima dos carotos, distribuindo chutes e tapas. As crianças tremiam e choravam, os narizes sangravam. Agarrando o vizinho a mulher sai de casa e começa a berrar na rua. A cara do menino fedia a merda.

"seu demônio! seu muleque maldito. Chama a sua mãe agora"

A mãe do vizinho aparece na rua, assustada.

"é isso que eu recebo por deixar seu filho brincar com o meu?! Fica aí ensinando perversidade pro meu menino"

"o que aconteceu?"

A mulher, em meio a choros e gritos, narra o acontecido pra vizinha que parece cada vez mais envergonhada.

"olha, eu peço mil desculpas pelo que aconteceu. Mas queria te pedir pra não espalhar essa história por aí. Sabe o que é, é que aqui em casa só tem um quarto, então as vezes o menino tem que dormir com a gente. E sabe como é, pode ser que ele tenha visto algo que não deveria ter visto"

Achando aquilo demais pra sua cabeça, a mulher voltou pra casa bufando. Cortou um pequeno galho de laranjeira e deu mais uma surra no filho, dizendo que aquilo era pra ele aprender a ser homem. Logo em seguida foi na casa de cada vizinho e contou que o filho daquela ali do lado era um moleque perverso, que havia entrado na sua casa e feito coisas terríveis e grotescas.

Ficou duas semanas sem conseguir transar com o marido.

domingo, 28 de novembro de 2010

sobre o email que o brunão me enviou agora a pouco

Leio no orkut um recado do Bruno, grande companheiro da filosofia. Ele escrevia pra me dizer que havia me enviado um email. Fui então pro yahoo pra ler.

Agradeço muito pela mensagem recebida.

Valeu Bruno.

Vc não é apenas um ótimo companheiro de butecos. É muito mais que isso.

Seu grande admirador de Bukowski ébrio e problemático!

Aqui vai o email:



"Ei, Will.


Hoje me lembrei de quando, no 'gashuco', você disse que não conseguia se livrar, ou antes, levara muito peso para o acampamento; e que , assim, lhe era difícil fazer o percurso etc. Dia desses me deparei com o livro Contraponto, de Huxley. Segue aqui algo para me certificar de o sentimento cabe aqui.


Abraço, man!





O que se segue é o diálogo entre Lucy e Walter.

Romântico, romântico! – escarneou ela. – Tens uma maneira tão absurdamente antiquada de pensar nas coisas. Matar e tripudiar sobre cadáveres e amar e o mais que segue. É ridículo. Por que não andas logo de fraque e plastrão?… Procura ser um pouco mais moderno.

- Prefiro ser humano.

- viver modernamente é viver rapidamente – continuou ela. – Não podes carregar um vagão cheio de idéias e romantismo nestes tempos. Quando viajamos de avião, devemos deixar para trás as bagagens pesadas. A velha alma de antanho sentava muito bem quando se vivia vagarosamente. Mas é pesada demais para os nossos dias. Não há lugar para ela no avião…

- Nem mesmo para um coração? – perguntou Walter. – Não me preocupa muito a alma. – Já uma vez se preocupara com ela. Mas agora que a sua vida não consistia em ler filósofos, ele estava um pouco menos interessado nela. – mas o coração – ajuntou -, o coração…

Lucy sacudiu a cabeça.

- Talvez seja uma pena – concedeu ela. – mas tudo tem o seu preço. Se gostamos da velocidade, se queremos ganhar terreno, não podemos levar bagagem. Trata-se de saber o que queremos, e de estarmos prontos a pagar o preço devido. Eu sei exatamente o que quero; assim, sacrifico a bagagem. Se te agrada viajar num caminhão de mudanças, viaja. Mas não esperes que eu te acompanhe, ó meu suavíssimo Walter. Não esperes que eu leve o teu piano de cauda no meu monoplano de dois lugares. (pág. 210)"

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

sobre sonhos

Hoje o Bruce Willis estava no meu sonho.

Estava perseguindo alguém, mas não me lembro quem.

Só me lembro que num outro momento do sonho haviam corujas voando em plena luz do dia [ei, perai, acho que isso não foi sonho, aconteceu mesmo]. Enfim, no sonho haviam umas corujas com uns dentes de vampiro, e daí elas voavam na minha direção pra me morder, e era um troço mór tenso.

Mas anteontem eu sonhei com o Fernando.
No sonho, ele simplesmente aparecia e me falava oi.
Acordei com uma saudade imensa, insuportável, insustentável.

Fui pra casa dele.

Chamei pelo portão, mas não havia ninguém.

Pena.

Um dia eu estava no carro com meu pai, e daí sei lá porque ele desatou a falar sobre o seu tempo de juventude, quando ele morava no Paraná. Falou que lá ele tinha um grande amigo, com quem ele brincava, caçava passarinhos com estilingue, pescava, enfim, um amigo que era um verdadeiro irmão. Quando veio pra São Paulo, meu pai não o esqueceu. Estava lá na rodoviária para recepcionar o amigo quando, meses mais tarde, ele também migrou pra metrópole. Meu pai o levou pra conhecer a praia que era um troço inédito praqueles paranaenses, lá no finalzinho dos anos setenta. O nome do cara era Zé Bigode, ou Zé Borracha, agora não me lembro bem. Então o tempo foi passando e o Borracha casou, teve seus filhos. Meu pai idem. Se encontraram outras vezes, mas meu pai diz que algo havia se perdido, que algo havia mudado, já não era a mesma coisa. Hoje o Borracha mora ali pertinho da casa dos meus pais, mas meu pai não o visita, e nem tem mais vontade de visitá-lo. Foi estranho sentir os nós na garganta do meu velho ao ouvi-lo contar sobre essa história.

E então, como a história dos nossos pais só servem pra pensarmos nas nossas próprias histórias...

Penso no Fernando.
Na amizade baseada em franqueza, risadas e respeito.
E fico pensando nos reais motivos pra ter ficado tanto tempo assim sem procurá-lo, sem ligar, sem convida-lo pra ir em casa.

É complicado, mas basicamente acho que o motivo é medo.

Medo de encontrar uma outra pessoa que não o meu grande amigo da infância.

Medo de abraçar um outro cara no corpo magro e alto do Fernando.

Tenho medo, velho.

Medo pra caralho.

pequena provocação

Eu sei que ela gosta.

Então vou salpicar um pouco de Leminski aqui.


"Pelos caminhos que ando
um dia vai ser
só não sei quando"

"rio do mistério
que seria de mim
se me levassem a sério?"

"esta vida é uma viagem
pena eu estar
só de passagem"

Bem, já que eu começei, vou um pouquinho mais adiante, e, a seguir, um poema da Alice Ruiz.

"minha saudade
saúda tua ida
mesmo sabendo
que uma vinda
só é possível
noutra vida

aqui, no reino
do escuro
e do silêncio
minha saudade
absurda e muda
procura às cegas
te trazer à luz

ali, onde
nem mesmo você
sabe mais
talvez, enfim
nos espere
o esquecimento

aí, ainda assim
minha saudade
te saúda
e se despede
de mim"

terça-feira, 23 de novembro de 2010

pensamentos pós almoço

Sabe um negócio que sempre me desanimou em blog?

O jeito difícil e complicado como as pessoas costumas escrever nele.

Manja, tipo, sempre que eu começava a ler um blog, lá pra terceira linha eu já não fazia a mínima idéia do que a pessoa estava escrevendo. Geralmente vc encontra textos com uma pegada pseudo-poética, juntando palavras de forma a deixar o texto o mais complicado possível.

Geralmente não gosto de coisas propositadamente complicadas.

Na maioria das vezes a essência é simples, mas o autor complica pra parecer mais inteligente.

Mas tem coisas que são complicadas de verdade, pq na essência elas são bem difíceis e complexas.

***

Agora eu vou fazer o meu exercício de pedantismo

Vou fazer três listas dos meus 10 mais.

Eu gosto de listas, pq elas estão em constante mutação. A minha lista de hoje é bem diferente da minha lista de 5 anos atrás. E certemente a de daqui a 2 anos será diferente da de hoje. A lista muda pq eu mudo. Gosto disso.

OS 10 + FILMES
- Cinema Paradiso, Tornatore
- O Poderoso Chefão, Coppola
- Encontros e Desencontros, Coppola
- Possessão, Zulawski
- Um Beijo Roubado, Kar Wai
- A Ultima Noite, Lee
- Sideways, Payne
- Annie Hall, Allen
- Onde Vivem os Monstros, Jonze
- Sinédoque Nova Yorque, Kaufman

OS 10 + LIVROS
- Fúria, Salman Rushdie
- Mulheres, Charles Bukowski
- Desvarios no Brooklyn, Paul Auster
- Nada a Dizer, Elvira Vigna
- A Insustentável Leveza do Ser, Milan Kundera
- Contos D'Escárnio / Textos Grotescos, Hilda Hilst
- Sexus, Henry Miller
- O Evangelho Segundo Jesus Cristo, José Saramago
- Trilogia de Nova Yorque, Paul Auster
- O Rei de Havana, Pedro Juan Gutiérrez

OS 10 + QUADRINHOS
- Maus, Art Spiegelman
- Cachalote, Daniel Galera e Rafael Coutinho
- Borgia - Sangue Para o Papa, Alejandro Jodorowsky e Milo Manara
- Fun Home, Alison Bechdel
- Akira, Katsuhiro Otomo
- Watchmen, Alan Moore e Dave Gibbons
- Sandman, Neil Gaiman
- Retalhos, Craig Thompson
- Batman – O cavaleiro das trevas, de Frank Miller e Klaus Janson
- As Aventuras de Corto Maltese, Hugo Pratt

Ok, acho que já chega, né.
Nada de melhores séries ou melhores programas de tevê, senão vai começar a ficar chato. (se bem que minha lista de melhores séries seria encabeçada por Família Soprano, Friends, Dexter, Deadwood e por aí vai...)

domingo, 21 de novembro de 2010

choramingos de domingo

Hoje eu fiquei com um tempinho, daí pensei em escrever aqui. Afinal, as pessoas entram mais nesse blog aos sábados e domingos, então é justo eu botar textos novos por aqui nesses dias. Mas acontece que hoje eu não tenho lá muita coisa pra dizer.

Ah, sabem aquele contados que eu coloquei aqui no blog? É bacana, dá pra saber quais meus textos mais lidos, a média de frequência e tal. E sabem qual é, de longe, meu post mais bem sucedido? hahaha, aquele que eu falo do pornô. Pois é, ainda hoje a putaria atrai mais gente pra internet do que qualquer outra coisa.

***

Ontem eu tava na portaria do woodstock, no tédio total. Daí pensei em escrever um poema, já que faz uns par de anos que não escrevo nada do tipo. Então comecei:

ei garçon
me veja
uma cerveja

Daí eu parei e fiquei pensando. "Que bosta!". Tentei escrever alguma outra coisa, mas eu só consegui pensar nela. Merda! Julho de 2011 tem que chegar logo, preciso vomitar o que eu tenho dentro de mim de uma vez por todas. Enfim, acho que ainda não é hora pra eu brincar de poesia. Quem sabe daqui um tempo.

***

Agora eu tô ouvindo Mallu Magalhães.
E ontem eu vi o Scott Pilgrin e fui feliz.
E daí eu penso:
"será que um dia eu ainda vou jantar com a Vanessa da Mata?"
Deve ser o máximo. Tipo, ir a um restaurante com a Vanessa da Mata!
Ai, ai...

***

E tudo o que é agora um dia não foi.
E se é, um dia não será.
Pq esse é o estatuto verdadeiro das coisas:
a transitoriedade
a impermanência
a fundamental e implacável desintegração de tudo o que um dia já foi.

E por favor,
não me venha falar de amor ou de sentimentos verdadeiros.
pq a possibilidade de amar sempre acaba.
Não o amor em si.
Esse continua queimando initerruptamente nas tripas, no peito, nos ossos.
Isso não acaba nunca.
O que acaba é o um feito de dois.
Acaba tão rápido quanto um filme do Woody Allen.
Ou uma canção do Little Joy.

Na real não existe amor.
O que existem são provas de amor.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

ai, que dor de cabeça...

Acordei mais uma vez com aquela dor de cabeça de ressaca, morto de sede e com o corpo todo doendo. Putamerda, ontem eu cheguei em casa já eram quase quatro da manhã. Fazendo um balanço da semana, sai pra beber praticamente todos os dias. Merda, é muita cerveja! Talvez isso fôda o meu fígado. Será? Droga. Ainda bem que no fim das contas é um negócio divertido, geralmente saio com amigos queridos, o que é bem melhor do que ficar enfurnado em casa, enchendo a cara sozinho e se deprimindo, tendo como única perspectiva de felicidade uma punheta antes de dormir. Isso sim seria lamentável.

Ai, mano, que sono...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

sobre estar bem com aquilo que eu ajudei a construir

Passei muitos meses ranzinzando e praguejando contra o Woodstock.

Eu meio que joguei a culpa no bar por toda a merda que aconteceu comigo.

Na real a culpa é toda minha. Fui eu que mergulhei numa piscina de bosta, ninguém me empurrou [mentira, me empurraram sim, e ainda cagaram na minha cabeça], mas no fim das contas acabei ficando bem puto com aquele butequinho.

Mas passou, sabe.

Hoje já tenho aquele orgulho de ser dono de bar, manja, aquela satisfação de ver as pessoas se divertindo, bebendo e dançando. Porra, tem noite que é o máximo, as pessoas ficam muito satisfeitas e eu penso "caralho, a galera tá curtindo mesmo, e é no meu bar!"

E o engraçado é que nesse ano eu ganhei tipo, zero dinheiro, pq ficamos atolados em intermináveis reformas e numa saga épica pra conseguir um alvará definitivo da prefeitura. Mas agora as coisas estão mais de boa, e já é possível sossegar um pouco.



E daí o Fábio pirou que queria o Matanza no Woods.

A gente não vai ganhar porra nenhuma de dinheiro com esse show, aliás, vai ser sorte se não tomarmos prejuízo. Mas vamos trazer o Matanza em dezembro só pra mostrar que podemos trazer o Matanza.

Só pelo tesão de ter Matanza tocando no nosso bar.

E quem não gosta de mim, ou do Fábio, ou do Reinaldo, ou do bar, meu, foda-se, caguei um quilo!

Me canso a semana toda no trabalho.

Mas o trabalho no final de semana me deixa mais tranquilo.

Mesmo que me pague menos e que me deixe mais surdo a cada semana.



[Ah, agora também temos Green Label e Blue Label no Woods]

sobre o almoço de hoje

Então eu estava almoçando com o Vini, o Eugênio e o PH.

"Final de semana eu fui pra sorveteria, praquela que fica do lado da droga raia. Então é um troço foda, pq eu realmente acho que pegar sorvete diz muito sobre a vida. Aquela sorveteria é demais, tem tipo um milhão de sabores pra vc escolher, manja, tipo infinitas possibilidades. Daí o que é que eu escolho? Einh? Morango e Flocos. Os mesmos morando e flocos que eu escolho desde que eu tinha, sei lá, quinze anos. E aí eu penso: ok, a vida está aí, com milhões de possibilidades à frente, mas o que eu faço são sempre as mesmas coisas. E daí também há uma infinidade de mulheres no mundo, mas por algum motivo absurdo eu continuo sempre me envolvendo com as loucas, as histéricas, as ciumentas, as bipolares, essas minas malucas e incoerentes que adoram me apunhalar o peito! Urghsksskk"
[nesse momento eu tenho um treco na mesa]

E então o Vini diz.

"Haha, deve ser isso mesmo. Quando eu vou na sorveteria, eu pego todos os sabores que eu vejo na frente, é como eu geralmente me comporto com as mulheres"

E daí o PH diz.

"Isso significa que vc é um impulsivo que não é capaz de escolher e que é incapaz de fruir a vida"

E o Vini retruca.

"Nada disso, eu escolho pegar todos os sabores. Isso já está nos meus planos quando eu chego na sorveteria. E como assim eu não sei fruir a vida. hahaha, olha quem tá falando! hahaha"

O Eugênio permanece em silêncio.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

hahahahhah, encontrei um herói que é igual a mim!


Eu já tava relutando a uns, sei lá, 3 meses pra ler o Scott Pilgrim, uma história em quadrinhos canadense que a Cia das Letras começou a publicar faz um tempinho. Ontem eu resolvi dar uma espiada e fiquei totalmente aturdido do QUÃO QUÃO LEGAL é aquele quadrinho. Putamerda, não parei de ler até terminar o primeiro volume, e hoje já vou matar o segundo.

Scott é um sujeito que se acha o máximo, mesmo que seja um sujeitinho lerdo, desligado e egoísta. hahahahhh, claro que eu me identifiquei. Daí ele começa a curtir uma garota (que sua ex-namorada definirá como "uma gorda moderninha"), mas, para ficar com ela, terá que derrotar seus 7 ex-namorados do mal.



Demais, cara, demais!

Daí o fodão do Edgar Wright foi escalado pra dirigir a aventura no cinema. Putaquipariu, esse trailer tá mergulhado no espírito do livro. Tô salivando muito pra ver isso em tela grande!



Enfim, quadrinhos e cinema.

Só isso mesmo pra tornar a vida mais suportável.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

tudo bem?
tudo bem.
e aí, trabalhando muito?
pra caralho.
...
viu algum filme bom nos últimos dias?
vi nada. não dá tempo.
que merda.
mas estou conseguindo ler bastante. Essa semana li 3 livros do lourenço mutarelli. o miguel e os demônios, o natimorto e nada me faltará. muito, muito bons. até que enfim eu li o alice no país das maravilhas e agora tô com o a obscena senhora d., da hilda.
hisda hilst?
é.
ela é foda.
demais.
uma puta duma velha pornográfica.
hahaha.
o que vai fazer hoje?
acho que ir no bar do zé.
saudade de beber?
não. estou bebendo quase todo dia. minha grana vai tudos pros butecos.
foda isso.
ô se é!
escuta, vc já conseguiu alcançar um pouquinho daquela felicidade?
não.
nada nada?
tá longe ainda.
e, deixa eu perguntar. ainda dói?
sim, dói. dói pra caralho.

domingo, 7 de novembro de 2010

a vingança do cara de pau pequeno

Ele nasceu com a pingola tão diminuta quanto qualquer outra criança.

A diferença só começou a ser notada quando os esparsos pêlos começaram a brotar um palmo abaixo de seu umbigo. Cresciam os pentelhos, mas a piroca continuava miúda.

Os anos foram passando e a angústia crescendo. Ajoelhava todos os dias, rezando. "meu bom Deus, transforme meu binguelinho num cacetão, e eu prometo que vou ser o servo mais fiel e leal que o Senhor terá aqui nesta terra".

Mas parecia que o Criador não estava muito interessado em agradar o jovem, que cresceu um adolescente tímido e retraído, a própria personificação da insegurança, um dono envergonhado de um bastão pequeno, fino e desnutrido.

Foi então que, no último ano do colégio, fez amizade com a Cássia, uma garota divertida e espirituosa, lésbica e fã de Misfits. Numa tarde em que estavam sozinhos na casa da garota, começaram a tomar uma vodka que estava na estante e foi uma questão de tempo até o garoto se abrir pela primeira vez na vida e confessar qual era o princípio de todos os seus males.

A garota achou curioso e pediu pra ver o pintinho do amigo.

Abre zíper baixa calça puxa cueca.

O olhar que a menina lançou praquela minhoquinha envergonhada foi comovente. Se aproximou e botou a mão por cima. O rapaz sentiu um arrepio lhe percorrer o corpo todo, logo se transformando numa tremedeira incontrolável. Ela começou a acariciar o pequeno, agarrando as bolas confusas e esticando o máximo que podia do mini-salame.

Ela havia visto poucos pintos na vida, mas aquele, mesmo duro, era de longe o menor que já havia visto.

"Eu vou te ajudar, querido. Vou mesmo. Eu gosto de você. Sei como as mulheres são, e por isso sei que você vai sofrer muito na mão delas. Por isso eu vou te ensinar umas coisinhas. Vou te ensinar coisas que só as mulheres sabem. Coisas que eu costumo fazer numa garota e que fazem com que elas gozem feito cadelas no cio. Eu não tenho pinto, e mesmo assim nunca me faltou garotas. Pode acreditar que, depois que eu te ensinar algumas coisinhas, mulher nenhuma se importará com o tamanho do seu equipamento".

Promessa feita, promessa cumprida.

Aquela garotinha passou as semanas seguintes ensinando ao seu maravilhado amigo virgem os mistérios do corpo feminino.

E depois dessas úmidas e lascivas aulas particulares, foi a vez do treino em campo aberto. Os dois iam pra balada e ela ia dando os toques "fala isso" "agora vai pra lá e finge que não tá nem aí" "agora faz aquele olhar".

Em dois meses ele já estava pronto.

Malandro com aquele ar de garoto abandonado, cheio de dedos, linguas e salivas.

Foi então que ele conheceu Namorada, linda inteligente peitos pequenos e duros bunda grande e empinada coxas que sufocavam só de olhar.

Ele a viu pela primeira vez numa balada, acompanhada do Namorado, um rapaz que ria alto, conversava com todo mundo e fazia sua companheira rir.

"Maldito! Esse cara é muito auto confiante. Deve ter uns 30 centímetros de caralho!"

Mas o sagaz e despintado garoto era inteligente, e sabia como a cabeça das pessoas funcionavam. Sabia que ninguém é completamente satisfeito com o que tem, que todos estão sujeitos a fazerem cagadas e que os momentos de fraqueza sempre surgem, é só saber esperar.

E ele esperou.

Enquanto esperava, tratou de conhecer Namorada e conversar com ela pelo msn com certa frequencia. Até o dia em que Namorado e Namorada tiveram um desentendimento e ele foi passar um final de semana numa universidade fora da cidade, num congresso de estudiosos de Nietzsche. O rapaz convidou Namorada pra sair, só pra ela espairecer e trocar um idéia. Foram a um bar. Embriagaram-se. Na volta, foram até a casa dela.

Tchau querido, obrigado pela noite.
Espera um pouco.
O quê?
Deixa eu te olhar um pouco mais.
Me olhar??
É que você é a coisa mais linda que eu já vi. Queria poder olhar só mais um pouco

Ela então fez aquela cara que as mulheres costumam fazer quando um cara diz uma coisa fofa e idiota como essas. Os olhos dela se umideceram. Os dele a fitaram de maneira apaixonada. Em seguida há o beijo. Lento, terno, carinhoso, pra logo em seguida se tornar ardente, pulsante, voluptuoso.

Ela poderia falar pra ele parar, mas é que estava tão bom, tão gostoso. E ele sabia tão bem o que fazer, onde fazer e quando fazer. Em pouco tempo estava ensopada, soluçando de tesão, arfando gozos até antes desconhecidos.

E então o final de semana acabou e Namorado voltou. Namorada lhe contou tudo, entre choros e pedidos de desculpas. Namorado chorou, pois a amava, e a perdoou. Mas decidiu quebrar a cara do pilantra.

Foi até seu trabalho e berrou
"filho da puta, pq você fez isso?"

O rapaz olhou bem nos olhos de Namorado.
Então olhou pra baixo.
Abriu o zíper.
Baixou as calças.
Mostrou sua pequena baioneta.
"é pequeno, né. Eu sei que é pequeno. É pequeno mas mesmo assim eu a fiz gozar a noite toda. A noite toda, sem parar"

A expressão de raiva sumiu do rosto de Namorado.
Ele agora era só humilhação.
Seu chourição não valia nada agora.
Ele não valia nada.
Absolutamente nada.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A SUPREMA FELICIDADE

E daí, assim de repente, de última hora, eu resolvi ver o novo filme do Jabor, A Suprema Felicidade. Que beleza, que maravilha, que filme lindo. De uma sinceridade, de uma beleza, totalmente desprovido de intelectualismo, de virtuosismo ou qualquer outra coisa que não o honesto desejo de contar bem uma história de pessoas em busca da felicidade. Gente normal, querendo ser feliz. Trombando na vida, no amor, na morte, nas desilisões. Mas sempre em busca da tão falada felicidade.

No fim, a única certeza é que é preciso viver.

É necessário viver.

Pra viver é preciso estar aberto à vida.

Obrigado Jabor. Puta filme!








quarta-feira, 3 de novembro de 2010

...

o tempo passou
passou a mão na minha bunda.

***

- vc gosta de mim de verdade?
- não, só quero chupar seus peitos.

***

- quando nós terminamos eu perdi alguns amigos.
- de quais você sente mais falta?
- Joey e Rachel.

***

hoje eu sonhei que roubei uma escola.
acordei de pau duro.

***

- onde está sua humildade, rapaz?
- em lugar nenhum. não tenho humildade.

***

- mas eu te amo.
- amor de cu é rôla.

***

as vezes eu penso na felicidade
distante
dispersa
clandestina
mas então eu desperto
e finalizo o pedido de mais um cliente.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

sobre surpresa!

Caramba,
vcs se lembram daquele post em que eu tentava destrinchar aquele videoclipe do Hold Your Horses? ( http://billmementomori.blogspot.com/2010/04/brincando-com-historia-da-arte.html) Lembram que tava faltando dois quadros que eu não fazia idéia de quais eram?

Pois é, descobri!

"Henrique VIII", de Hans Holbein the Younger, 1536



"Retrato da Jornalista Sylvia von Harden", de Wilhelm Heinrich Otto Dix, 1926.



Iurrulllll!!!

sobre o tropa, má alimentação e o deixar pra depois

Ontem eu acordei e fui pro treino de bujutsu, sem tomar café da manhã, já que tava meio atrasado e não tinha nada pra comer em casa. Depois, fui com os caras lá no Vitachi e pedi uma salsicha empanada e uma vitamina. Depois disso, comi um espetinho as 20 horas. Fui pro cinema, e na saída peguei mais 2 espetos e uma coca. E foi isso. Estou emagrecendo a olhos vistos, isso não é bom. Estou com medo de ficar doente, mas me falta dinheiro e vontade. Então eu penso "porra, eu trabalho umas 50 horas por semana, cadê a merda do dinheiro?".

***

E ontem eu fui enfim ver o Tropa de Elite 2. Sem palavras. Filmaço absurdo, fico feliz que tenha feito o sucesso que fez. Quando do lançamento do primeiro filme, tive inúmeras discussões onde eu tentava dissociar a imagem do cap. Nascimento como herói, e onde defendia o Padilha de quem tachava o filme de fascista. Essa segunda parte mostrou que o José Padilha sabe muito bem o que faz, é um filme que tem muito a dizer e justifica tudo aquilo que ficou um tanto dúbio no primeiro. Um filme difícil de esquecer. Assustador e fascinante.

***

Então eu tava lendo um blog e o cara escreveu: "há quanto tempo vêm adiando momentos de prazer por nenhuma razão além do próprio hábito em se privar deles?", e daí eu pensei: "vixi, pois é..."

***

Ah, sei que quem me lê deve estar achando meus últimos textos idiotas e pueris, mas foda-se, estou adorando escrevê-los.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

sobre uma história áspera

Tinham combinado pelo msn de se encontrarem lá pelas onze da noite ali no bar do Juvêncio. Se encontram, pedem cerveja belga, e ela fala do cansaço pelo dia de trabalho. E então ele pede uma porção de isca de peixe para o garçon e começa, empolgado.

tive uma idéia ótima prum livro

prum livro?

é, estou querendo escrever um. Tem tanta gente idiota escrevendo e ganhando dinheiro por aí, então pensei "pq eu não posso ser mais um desses idiotas e ganhar algum dinheiro com isso?"

mas é o quê, uma história com vampiros virgens, com cachorros bagunceiros que conquistam toda a família e morrem no final, ou com espíritos no pós-morte que encontram o sentido da existência na caridade?

nada disso, estava pensando em algo mais interessante, um troço mais sério.

conta aí.

então, eu pensei nesse cara, o personagem principal, que é um cara que acabou de se formar em teoria literária e que está prestes a começar sua tese de mestrado na obra do Raduan Nassar, ainda não sabe bem como começar e então um dia ele vai pro sebo pra dar uma garimpada, é algo corriqueiro na vida dele, e então, bem surrado e escondido no canto da prateleira de literatura brasileira ele puxa uma brochura de capa roxa, um livro de poemas escrito em 1974 por um tal de Zenildo Rocha. Ele nunca ouviu falar no cara, mas lê um poema intitulado 'do desespero' e fica fascinado, compra o livro e o lê na mesma noite. Fica completamente aturdido com aquilo, escritos que misturam uma violência de tom quase grotesco com uma volúpia macabra, excitante e nauseante. Ele precisa de mais poemas, quer saber mais sobre o autor, e descobre pelo google aquele livro foi o primeiro publicado por Zenildo, já com 57 anos, e que depois disso lançou mais 3 obras. Morreu em 1993, sozinho, no interior do estado de Minas, assassinda por ninguém sabe quem, com 17 facadas nas costas e com o pênis descepado. Existe uma biografia lançada em 1988, mas é tida por críticos como cheia de erros, mentirosa até. E então o personagem principal lê todos os livros e resolve reescrever a biografia desse poeta mineiro, ele sente um forte impulso dentro de si pra levar aquilo a cabo. Vai a diversas bibliotecas e conversa com um punhado de gente, mas há pouquíssimas informações, quase ninguém se lembra de Zenildo, mas então ele encontra uma matéria publicada por um jornal paulistano no início dos anos 90, sobre uma seita satânica...

peraí, peraí.

o que foi?

deixa eu dizer uma coisa. Esse papo todo é pra me comer? Pq se for, meu, não tá dando certo.

?

sério, eu não vou dar pra você.

?!

tô dizendo isso pq eu gosto de você. A gente já ficou algumas vezes, eu te acho legal e tudo mais, só que não aguento esse negócio de vc ter sempre que ser o genial, o criativo, o inteligente, o artista incompreendido ou sei lá que caralho vc quer. De boa, pode parar de querer ser super mais inteligente que eu, eu já entendi que eu sou burra. Aliás, o que eu quero agora é pegar o cara mais burro desse lugar, tô realmente de boa de aturar neurônios e superegos agora.

Então ela se levanta da mesa, deixando o rapaz completamente sem reação, e caminha em direção ao balcão, onde se encontra um sujeito musculoso que mais parece um touro. Ela puxa o cara pra perto de si e enfia a lingua em sua garganta com vontade e sofreguidão. É possível ver o volume que aumenta de maneira espantosa na calça do cara, motivo que leva o casal a sair do bar e entrar na picape estacionada na calçada da frente. E então, sozinho na mesa, o rapaz pede a conta ao garçon.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

uma história de amor

Madalena tem os olhos fixos no visor do microondas, abstorta naqueles definidos feixes de luz que vão decrescendo, ao mesmo tempo em que a temperatura da sua marmita vai aumentando. já são 3 da tarde e o estomago chora de fome. Trabalho demais na sua repartição, apenas mais uma a lidar com a exorbitante burocracia municipal. Um trabalho chato e ordinário que a transformou numa mulher chata e ordinária. Pelo menos isso é o que Madalena acha. O bip do forno eletronico toca, dando a deixa pro almoço.
E então chega a íngua Rose, com aquele vestido horroroso que a deixa um tonelada mais gorda.

Tudo bem Leninha?
Tudo ótimo Rose.
Viu, vc sabe que sou tua amiga a anos, né. A Gente se conhece desde a época do colégio.
Vai mulher, diz logo que eu preciso comer.
É sobre o Roberval.
Que que tem meu marido?
Ele tá te traindo.
Com quem?
Com a Fátima do mercado.
A vesga?
Ela mesma.
Como vc ficou sabendo disso.
Vi os dois se pegando. De manhã.

Madalena sente nuvens escuras e sombrias formarem-se acima de sua cabeça. Com uma calma calculada ela pega o garfo e desfruta de sua refeição. Macarrão com calabresa. Enquanto mastiga bem cada porção, vai repassando seu casamento de 7 anos com Roberval. O curto namoro, o companheirismo, os dois filhos, as viagens tão duramente conquistadas mas tão bem aproveitadas. Se alguém a preguntasse que nota daria ao seu casamento, responderia 8 sem pestanejar. Então qual era o problema? Pq seu marido estava enfiando o pinto naquela vesga idiota? Seria talvez caridade, seu marido estaria tentando endireitar os olhos estrábicos daquela vagabunda através da introdução de seu cacete grosso no cuzinho daquela arrombada?

Será?

Terminou de comer e lavou os talheres e a tupperware. Pegou uma faca do escorredor e guardou na bolsa. Saiu do trabalho sem avisar ninguém.

Dois ônibus depois e chega até o mercado do bairro. Fátima é uma loira milf dona de uma bunda gigantesca que está embrulhando presentes no balcão de bazar so mercado. Madalena pensa em arrancar suculentos bifes daquela bundona gorda e fazer a puta comer tudo. Mas ao invés disso, ao escutar um "Oi Leninha" ela pega a faca da bolsa e, num golpe rápido, crava a faca na mão da loira-fodedora-de-maridos-alheios, grudando seus anelados dedos ao balcão de madeira.

grito choro soluço

Presta muita atenção puta, pq eu vou perguntar uma vez só. Vc trepou com o meu marido?
O quê?!

Madalera tira então um alicatinho de tirar cutícula da bolsa e arranca o mindinho da loira que está se engasgando com o próprio soluço. Com o mindinho em sua mão, ela pergunta novamente, muito calma.

Vc deu essa boceta escrota pro meu marido comer?
Sim. (choro)
Vc chupou o pau do Roberval?
Sim. (mais choro)
Ok. Obrigado pelas informações e tenha uma ótima tarde.

A mulher traída sai do mercado, passando por alguns perplexos clientes que não se atrevem a olhar em seus olhos e pelo segurança que está escondido num canto, fingindo que não viu absolutamente nada. Ela caminha até chegar numa casa abandonada, local onde se escondem os vagabundos do bairro. Olha pra um mendigo cabeludo, barbudo e cascorento.

Ei você, vem cá.

O homem obedece, como se fosse um discípulo abandonando a pescaria e seguindo o Mestre. Os dois caminham até o único hotelzinho barato do bairro, onde ela pede um quarto, com olhos tão cheios de ódio que o funcionário nem ousa questionar a presença de um mendigo fedorento como acompanhante. Também não reluta em entregar uma tesoura e um gilete quando ela faz o pedido.

Entram no quarto e ela ordena que o vadio arranque a roupa e entre no chuveiro. Ela não deixa de notar que o desocupado era dono de uma piroca gigantesca, grossa e cheia de veias, mas imunda, cheia de sebo branco e fedorento em volta do cabeção.

Vamos lavar essa mandioca!

Liga a ducha e passa o sabão. Pega uma fronha do lençol e pede pra ele se esfregar com aquilo. E então quilos de sujeira vão se desgrudando daquele corpo rude e abandonado. Sujeira de pelo menos três meses. E então ela pega a tesoura e vai tosando aquela cabeleira horrorosa, arrancando também a barba símbolo da mendicância. Pronto essa parte, espalha sabão pelos bagos do sujeiro puxando os pentelhos e passando a tesoura, pra então botar o gilete em ação.

Mais água e shampoo e ali estava.
Sua possibilidade de redimir o marido.

Tirou o que lhe restava das roupas e jogou o homem na cama, já com a pirocona dura feito pedra. Montou em cima e grunhiu quando o mastruço gigante foi lhe rasgando as pregas da tarrasha. Entre gritos de uis, ais e vem, me fode, arranhava o peito do esmoleiro até ver o sangue vermelho brilhante aparecer.

Qual é teu nome?
Claudemir.

E então, enquanto tinha a sensação de ter as tripas arrombadas pela vara mágica do menos favorecido, gozava feito uma porca no cio e urrava em êxtase:

VAI CLAUDEMIRRR! VAI CLAUDEMIRRR!

Depois da libertinagem, Madalena toma um banho, veste suas roupas, deixa o sujeito estirado na cama com o pau ainda melado e volta pra casa. Senta no sofá e espera Roberval, o marido, chegar.

Isso leva extatos 37 minutos.

Oi meu amor, tudo bem? Mas já em casa!?
Escuta Roberval, vou ser bem direta com você. Já tô sabendo que vc anda comendo a puta daquela vesga do mercado.
Mas...
Mas o caralho. Taqui o dedo que eu arranquei daquela vagabunda. A vontade que eu tinha era a de arrancar o teu pinto, mas o fato é que eu gosto muito dele. E eu não tô afim de dividir não. Hoje eu dei uma lição nela, tenho certeza que não vai voltar a olhar pra vc de novo. E mais. Dei pro primeiro vagabundo que encontrei na rua. Me fodeu até a orelha. Agora estamos quites. Eu te amo, seu filho da puta. Mas eu juro, que se você voltar a se engraçar com qualquer vadia que seja, meu, eu te mato. Entendeu? Eu te mato.

Roberval fica em silêncio. Está com uma expressão confusa e envergonhada. Vai pra cozinha e bebe um copo d´água. Vai pro banheiro e tranca a porta. Madalena ouve o barulho so chuveiro. Ao sair, o marido pergunta.

Quer comer fora? Tem aquele restaurante italiano novo ali perto da Brasil.

Vão ao restaurante, em silêncio.

O tempo passa. Aos poucos voltam a ser o casal de antes, sempre conversando e compartilhando os problemas e alegrias de suas vidas. Com a diferença de que Roberval agora estava muito mais carinhoso e atencioso, mandava mensagens fofinhas pelo celular pelo menos duas vezes ao dia pra esposa. Fez até um curso de culinária pra agradar Madalena.

Fazia uma carne de panela ao molho que era imbatível.