terça-feira, 26 de outubro de 2010

uma história de amor

Madalena tem os olhos fixos no visor do microondas, abstorta naqueles definidos feixes de luz que vão decrescendo, ao mesmo tempo em que a temperatura da sua marmita vai aumentando. já são 3 da tarde e o estomago chora de fome. Trabalho demais na sua repartição, apenas mais uma a lidar com a exorbitante burocracia municipal. Um trabalho chato e ordinário que a transformou numa mulher chata e ordinária. Pelo menos isso é o que Madalena acha. O bip do forno eletronico toca, dando a deixa pro almoço.
E então chega a íngua Rose, com aquele vestido horroroso que a deixa um tonelada mais gorda.

Tudo bem Leninha?
Tudo ótimo Rose.
Viu, vc sabe que sou tua amiga a anos, né. A Gente se conhece desde a época do colégio.
Vai mulher, diz logo que eu preciso comer.
É sobre o Roberval.
Que que tem meu marido?
Ele tá te traindo.
Com quem?
Com a Fátima do mercado.
A vesga?
Ela mesma.
Como vc ficou sabendo disso.
Vi os dois se pegando. De manhã.

Madalena sente nuvens escuras e sombrias formarem-se acima de sua cabeça. Com uma calma calculada ela pega o garfo e desfruta de sua refeição. Macarrão com calabresa. Enquanto mastiga bem cada porção, vai repassando seu casamento de 7 anos com Roberval. O curto namoro, o companheirismo, os dois filhos, as viagens tão duramente conquistadas mas tão bem aproveitadas. Se alguém a preguntasse que nota daria ao seu casamento, responderia 8 sem pestanejar. Então qual era o problema? Pq seu marido estava enfiando o pinto naquela vesga idiota? Seria talvez caridade, seu marido estaria tentando endireitar os olhos estrábicos daquela vagabunda através da introdução de seu cacete grosso no cuzinho daquela arrombada?

Será?

Terminou de comer e lavou os talheres e a tupperware. Pegou uma faca do escorredor e guardou na bolsa. Saiu do trabalho sem avisar ninguém.

Dois ônibus depois e chega até o mercado do bairro. Fátima é uma loira milf dona de uma bunda gigantesca que está embrulhando presentes no balcão de bazar so mercado. Madalena pensa em arrancar suculentos bifes daquela bundona gorda e fazer a puta comer tudo. Mas ao invés disso, ao escutar um "Oi Leninha" ela pega a faca da bolsa e, num golpe rápido, crava a faca na mão da loira-fodedora-de-maridos-alheios, grudando seus anelados dedos ao balcão de madeira.

grito choro soluço

Presta muita atenção puta, pq eu vou perguntar uma vez só. Vc trepou com o meu marido?
O quê?!

Madalera tira então um alicatinho de tirar cutícula da bolsa e arranca o mindinho da loira que está se engasgando com o próprio soluço. Com o mindinho em sua mão, ela pergunta novamente, muito calma.

Vc deu essa boceta escrota pro meu marido comer?
Sim. (choro)
Vc chupou o pau do Roberval?
Sim. (mais choro)
Ok. Obrigado pelas informações e tenha uma ótima tarde.

A mulher traída sai do mercado, passando por alguns perplexos clientes que não se atrevem a olhar em seus olhos e pelo segurança que está escondido num canto, fingindo que não viu absolutamente nada. Ela caminha até chegar numa casa abandonada, local onde se escondem os vagabundos do bairro. Olha pra um mendigo cabeludo, barbudo e cascorento.

Ei você, vem cá.

O homem obedece, como se fosse um discípulo abandonando a pescaria e seguindo o Mestre. Os dois caminham até o único hotelzinho barato do bairro, onde ela pede um quarto, com olhos tão cheios de ódio que o funcionário nem ousa questionar a presença de um mendigo fedorento como acompanhante. Também não reluta em entregar uma tesoura e um gilete quando ela faz o pedido.

Entram no quarto e ela ordena que o vadio arranque a roupa e entre no chuveiro. Ela não deixa de notar que o desocupado era dono de uma piroca gigantesca, grossa e cheia de veias, mas imunda, cheia de sebo branco e fedorento em volta do cabeção.

Vamos lavar essa mandioca!

Liga a ducha e passa o sabão. Pega uma fronha do lençol e pede pra ele se esfregar com aquilo. E então quilos de sujeira vão se desgrudando daquele corpo rude e abandonado. Sujeira de pelo menos três meses. E então ela pega a tesoura e vai tosando aquela cabeleira horrorosa, arrancando também a barba símbolo da mendicância. Pronto essa parte, espalha sabão pelos bagos do sujeiro puxando os pentelhos e passando a tesoura, pra então botar o gilete em ação.

Mais água e shampoo e ali estava.
Sua possibilidade de redimir o marido.

Tirou o que lhe restava das roupas e jogou o homem na cama, já com a pirocona dura feito pedra. Montou em cima e grunhiu quando o mastruço gigante foi lhe rasgando as pregas da tarrasha. Entre gritos de uis, ais e vem, me fode, arranhava o peito do esmoleiro até ver o sangue vermelho brilhante aparecer.

Qual é teu nome?
Claudemir.

E então, enquanto tinha a sensação de ter as tripas arrombadas pela vara mágica do menos favorecido, gozava feito uma porca no cio e urrava em êxtase:

VAI CLAUDEMIRRR! VAI CLAUDEMIRRR!

Depois da libertinagem, Madalena toma um banho, veste suas roupas, deixa o sujeito estirado na cama com o pau ainda melado e volta pra casa. Senta no sofá e espera Roberval, o marido, chegar.

Isso leva extatos 37 minutos.

Oi meu amor, tudo bem? Mas já em casa!?
Escuta Roberval, vou ser bem direta com você. Já tô sabendo que vc anda comendo a puta daquela vesga do mercado.
Mas...
Mas o caralho. Taqui o dedo que eu arranquei daquela vagabunda. A vontade que eu tinha era a de arrancar o teu pinto, mas o fato é que eu gosto muito dele. E eu não tô afim de dividir não. Hoje eu dei uma lição nela, tenho certeza que não vai voltar a olhar pra vc de novo. E mais. Dei pro primeiro vagabundo que encontrei na rua. Me fodeu até a orelha. Agora estamos quites. Eu te amo, seu filho da puta. Mas eu juro, que se você voltar a se engraçar com qualquer vadia que seja, meu, eu te mato. Entendeu? Eu te mato.

Roberval fica em silêncio. Está com uma expressão confusa e envergonhada. Vai pra cozinha e bebe um copo d´água. Vai pro banheiro e tranca a porta. Madalena ouve o barulho so chuveiro. Ao sair, o marido pergunta.

Quer comer fora? Tem aquele restaurante italiano novo ali perto da Brasil.

Vão ao restaurante, em silêncio.

O tempo passa. Aos poucos voltam a ser o casal de antes, sempre conversando e compartilhando os problemas e alegrias de suas vidas. Com a diferença de que Roberval agora estava muito mais carinhoso e atencioso, mandava mensagens fofinhas pelo celular pelo menos duas vezes ao dia pra esposa. Fez até um curso de culinária pra agradar Madalena.

Fazia uma carne de panela ao molho que era imbatível.

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