Estava pensando na minha relação com o dinheiro, já que agora tenho à minha disposição uma quantidade cada vez menor de reais. Dinheiro pra mim funciona assim: se ganho trezentos reais, gasto tudo. Se ganho três mil, gasto tudo do mesmo jeito. Sacou? A idéia de ter dinheiro não me atrai, somente a idéia de que eu posso comprar um monte de coisas com ele.
A primeira coisa que faço quando fico sabendo que o salário caiu é ir ao sebo aqui de Barão e comprar quadrinhos novos. Esse mês eu consegui a primeira aventura do Corto Maltesse, do Hugo Pratt, e um álbum escrito pelo Fellini e ilustrado pelo Manara. Coisa Fina.
Durante a infância, nunca ganhei mesada. Meus pais não acreditavam nisso, acho que nunca sequer cogitaram a idéia. E o pior é que nós não éramos tão pobres assim, era mais um lance de convicção. "Se vc quiser alguma coisa, é só pedir. Não precisa ganhar dinheiro", dizia minha mãe. Eu me lembro que o vizinho, um garotinho muito branco e muito doente, tinha a coleção completa das figurinhas do chocolate surpresa, da série 'animais do serrado'. Eu tinha uma inveja imensa, e pedia pra minha mãe comprar o chocolate, mas ela não comprava, pq não considerava doces em excesso parte de uma alimentação adequada a uma criança.
Seria legal receber algum dinheiro naquela época, pra comprar os chicletes ping pong que vinham com figurinhas, ou mesmo o chocolate surpresa.
Mas, enfim, não reclamo da educação que tive.
Foi uma boa educação, acho.
E talvez por isso hoje eu dê mais valor ao meu parco dinheirinho.
Compro coisas que me deixam feliz.
Que me fazem rir.
Coisas como a Trip do mês, uma garrafinha de Tubaína Retrô ou mesmo um ingresso pro show do Los Hermanos.
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