sexta-feira, 2 de julho de 2010

Scarlett Johansson & Eu - 2

Estou deitado na parte de cima da beliche, cochilando triunfalmente após a entrega dos últimos trabalhos deste desastroso primeiro semestre. A Trip deste mês, edição temática sobre futebol, jaz ao meu lado, aberta na página onde começa a matéria sobre um time brasileiro formado somente por anões. Sou desperto pelo celular que se esconde debaixo do travesseiro, vibrando e me deixando em vigília.

"alôu"
"Oi Will"
"Oi lindinha, tudo bem?"
"Tudo ótimo. Então, tô aqui no Ademir. Aparece aí pra gente conversar um pouco e tomar uma ceveja"
"Dá uns 15 minutos que já tô aí"
"Vou conferindo se essa Brahama tá boa mesmo, beleza. Vem logo"

Caramba, não sei se fico mais surpreso por já ser sete da noite ou porque a Scarlett Johansson está me ligando pra tomar uma cerva no bar em frente da moras. Levanto e boto minha calça preta, meu nike, meu relógio do corinthians, minha camiseta verde do kill bill e vou pro Demir.

Ela está a minha espera, com as mãos cruzadas e olhar vago. Quando me vê, os olhinhos se acendem com uma doçura loura impossível de ser comparada com algo que exista neste plano terreno. Seu queixo triangular se erge e um sorriso iluminado é aberto, de uma beleza tão irresponsável que ignorava toda a dor e miséria do mundo.

"tudo bem, lindo?"
"tudo, gatinha. O que tá fazendo por aqui?"
"Ah, acabei de sair de uma filmagem exaustiva e precisava desesperadamente de uma cerveja. E vc sabe que eu adoro a porção de calabreza do Ademir"
"é, nisso vc tem razão"

Pedimos mais uma skol e uma porção de calabreza. Com molho de alho.

"Will, que cara é essa? Aconteceu alguma coisa?"
"Nada, é que acabei de acordar. Sonhei que meu pai tinha um filho com uma outra mulher. Daí ele abandonava a minha mãe e tal. Acordei mó na bédi"
"Que droga. Liga pra sua mãe. Talvez seja um sinal e vc precise falar com ela"
"É vou ligar mais tarde"

Dou o primeiro gole e sinto aquele familiar prazer inenarrável.

"E como é que tá o coração?"
"O coração? Hahahahah, uma bosta, mas tá bom, né. Ando me mantendo ocupado, então isso ajuda a desviar um pouco a minha atenção"
"Ainda dói?"
"Ah, sim, dói bastante. Sempre. Quando acordo, quando trabalho, quando vejo um filme, quando sonho. Não dá pra apagar alguém da memória. Acho que isso vai ficar martelando pelo resto da minha vida, talvez com uma intensidade menor, mas vai"
"É, sei como é isso. A gente tem a mesma idade, né Will, e às vezes me dá um medo deste cemitério que eu estou criando no meu coração. Cada relacionamento desfeito é um alguém que eu preciso enterrar e tentar esquecer. Com o passar do tempo, o número de ex-amores só aumenta. Será que um dia isso vai parar?"
"Boa pergunta..., boa pergunta"

O Ademir chega com a calabreza acebolada com molho de alho e algumas fatias de pão. Sentindo aquele delicioso aroma, percebo que estou com muita fome. Pedimos mais uma cerveja pra acompanhar o jantar.

2 comentários:

iglou disse...

Garota invisível!
Luana Piovani=Scarlett Johanson

bill disse...

Hahahssshhshahah

Droga Lou, me dei conta que estou reprisando um sucesso bobo! Preciso me reciclar, urgente.

Beijos