quarta-feira, 21 de julho de 2010

mais tarja preta

Eu era um garotinho de 19 anos, extremamente tímido e introspectivo. Cinéfilo, estudioso, virgem, nunca havia fumado e nem tomado qualquer tipo de bebida alcoólica. Foi então que ela surgiu e, por algum desses motivos inexplicáveis, se interessou por mim. Ela tinha 24 anos e um carro, era loira e havia terminado seu noivado a poucas semanas. Era o tipo de garota que, quando chegava a qualquer lugar que fosse, seja desde uma balada até um colsultório odontológico, arrancava olhares de "gostosa!!!". Era realmente uma beleza constrangedora para a minha timidez. Enfim, saímos. Acordei com uma puta ressaca pela bebedeira. Na segunda vez, fumei meu primeiro cigarro já pegava as manhas de dominar as conversas pra me impor. Na terceira vez, não era mais virgem.

Numa das vezes que saímos, me lembro que foi numa balada em Sousas, eu mais uma vez tentei em vão acompanhá-la no copo. Eu era apenas um iniciante, enquanto minha companheira ostentava o mais destacado título de ébria. Disse então a ela que iria ao banheiro. Comunicado extremamente necessário, dado que a menina era ciumentíssima. Embora ela me dissesse que toda a vez em que eu saía pra buscar cerveja no balcão apareciam pelo menos 5 pra xavecá-la, o meu ciúme era quase inexistente perto da fúria que dominava aquele corpo apetitoso.

Enfim, saí pro rápido xixizinho. Mas aí eu encontrei um tiozinho no banheiro, que vendia cigarros de vários sabores. Curioso que era, passei a trocar idéia com o figura. Comprei até um de seus cigarros exóticos. Pensei "ela vai gostar". E na frente do banheiro havia um tipo de sofá, atraente demais pras minhas pernas cansadas daquele putzputz fatigante. Sentei e fiquei brisando na sorte que eu tinha, por ser um sujeito tão mané e estar num lugar desses com uma mina tão massa.

Enfim, vc que tá lendo esse post já se ligou que eu passei tempo demais na porra do banheiro, né. E é evidente que vai dar merda.

Pois bem, volta ao encontro dela. Chego repleto de boas vibrações, oferecendo o cigarro exótico comprado do mercador do banheiro. Ela me olha com uns olhos faiscantes, agarra o cigarro e joga no chão "Onde caralho vc tava?!?" "No banheiro" "Seu cu. Faz dez minutos que você saiu. Tava pegando alguma vagabunda, né!" "Que?!?" "E ainda acha que eu sou idiota! Quem é a filha da puta?" "Mas eu tava no banheiro, só parei pra descansar..." "Ah, vai se foder, cansei!". E então ela agarra o braço da amiga vai pro banheiro, e eu fico ali, com aquela minha melhor cara de bobo, sem fazer a mínima idéia do que fazer. Depois ela volta, apenas semi-brava, e diz algo sobre eu ter pelo menos alguma consideração e não deixa-la sozinha por muito tempo.

E então ela bebeu. E bebeu mais.
E a amiga dela bebeu muito também.
E daí não tinha mais ninguém na balada, além delas e dos seguranças.
Os seguranças já estão putos, e a mulher limpeza diz que há duas bêbadas desmaiadas no banheiro feminino. Os seguranças levam as duas pra fora da casa. Desmaiadas.
Minha cabeça está em chamas, tamanha vergonha.
Um segurança, um negro gigantesco, pergunta: "Essas duas tão com você" "Sim" "Pô cara, fala pra elas maneirarem. Toda a semana é a mesma coisa. Desse jeito elas não entram mais aqui" "Tá, eu digo" "Você sabe dirigir?" "Não" "Não sabe dirigir!?!" "É, ainda não tirei carta".

E então a minha embriagadíssima acompanhante começa a recobrar os sentidos. E se dá conta que sua amiga está quase sem respirar. "Fudeu, ela teve coma alcoólico". E então, magicamente ela desperta e vai buscar o carro. Eu carrego a amiga para o carro, acomodando seu corpo no banco traseiro. Na hora eu penso que posso ter um cadáver no meu colo. Enquanto dirige loucamente em direção a um hospital, ela olha pelo retrovisor e pergunta, com voz brava "Ei, você não tá se aproveitando da minha amiga aí atrás não, né??" "Como assim se aproveitar? A menina tá quase morrendo e vc acha que eu vou fazer alguma coisa?!"

Enfim, chegamos ao hospital.
A amiga dela tomou soro.
Todos foram pra casa dormir.

Naquela época eu pensava que todas as mulheres eram assim.

Confesso que sentia um pouco de medo.

2 comentários:

Jack Hammer disse...

essas são as que não aguentam beber.

-Rol disse...

Eu tenho que concordar com o Jack.