Tiros Em Columbine foi uma experiência extremamente intensa, um filme fortíssimo e com pontos de vista interessantíssimos. A partir daí - 2002 - o cara passou a ser um ídolo para mim - um adolescente revoltado contra a diretora da escola. Logo em seguida, feito com toda a urgência do momento, Fahrenheit 9/11, que me pareceu desde o ínicio um filme carrego demais de informações e cheio de arestas. Mesmo assim levou a palma de ouro em Cannes, num júri presidido por Quentin Tarantino.
Seu filme seguinte, SiCKO, saiu no Brasil direto no dvd e, bem, é ok, mas nada que seja muito memorável. Nessa época - 2007 - o entusiasmo com Michael Moore já havia declinado bastante, dadas as suas estratégias apelativas e populistas. Muitas críticas feitas a ele me fizeram enxergar seu trabalho por uma ótica não tão favorável, e a idéia de que ele não passava de um hipócrita que não sabia o que falava ser tornava cada vez mais forte. E tudo isso era evidente nas partes mais fracas de seus filmes: sentimentalismo barato, comparações esdrúxulas e ingenuidade fake.
Bem, ontem eu assisti com uns amigos seu novo trabalho, Capitalismo - Uma História de Amor. E foi um troço legal, pois eu pesei "foda-se que o Michael Moore dê motivos pra ser um idiota, o cara é um puta diretor!". Que filmão! Que edição perfeita! Até que enfim um filme que remonta ao talento mostrado em Roger e Tiros. Em pouco mais de duas horas, o gordo mostra a desumanidade do mercado imobiliário, a monstruosa ganância de Wall Street, a inédita disparidade entre os mega ricos e os pobres - e o desaparecimento da classe média -, os crimes evidentes das grandes corporações, revoltas populares, enfim, um painel rico, sombrio e de alguma forma esperançoso sobre essa coisinha chamada capitalismo.
Podem até chingar o cara, mas antes só me cite um diretor americano que tenha peitado de uma forma tão aberta o sistema econômico vigente no ocidente - tudo bem que é um sistema econômico do qual ele usufrui, mas mesmo assim acho essa crítica merecedora do mais profundo respeito.
E tenho dito.

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