terça-feira, 5 de maio de 2009

sobre a virada cultural de 2009



Só aqueles que já foram pruma virada em São Paulo fazem idéia da proporção da brincadeira. Criado a 5 anos pelo Zé Serra, baseado na Nuit Blanche que acontece em Paris no início do mês de outubro, a Virada Cultural se resume em 24 horas de atividades culturais, ocorrendo em diversos lugares da cidade ao mesmo tempo. E não é necessário pagar o valor de entrada, pois, como bem lembrou o Lirinha no show do Cordel, os shows não são realmente de graça, já que foram pagos pelo cidadão na forma de impostos.



Começei indo ao museu da língua portuguesa com a Mazu e o irmão dela. Um lugar massa, muito massa. É tipo um templo dos linguistas. Me deu uma vontade danada de voltar uma outra vez e apreciar tudo com mais calma. Sem o irmãozinho e com a amiga Lou, rumamos portanto para o primeiro show da noite, Sandálias de Prata, banda de sambarroque de Campinas. Bom som, mas não empolguei muito. A segunda atração vinha direto do largo do Arouche: Benito de Paula. Só véiarada. Eu esperava uma coletânia de antigos sucessos, uma apresentação nostálgica e bonita. Mas o Benito tava completamente bêbado, nem cantando direito tava, ficava pedindo pro povo cantar. Daí ficamos de saco cheio e fomos ver Geraldo Azevedo, que eu não conhecia, mas achei muito bom. Então a Mazu foi dormir e eu fui ver o Joelho de Porco, na praça da república! Clássicos como 'maldito fiapo de manga' me lembraram meus 15 anos, e lá pra metade do show encontrei meus comparsas do woodstock, completamente bêbados.


Assim que a banda acabou, rumei pra av. são joão, pra assistir aquele que foi a melhor coisa que vi por lá: Marcelo Camelo. Como o show foi muito bom e tenho muito a dizer sobre ele, vou deixar pra um post futuro. Terminado o Camelo, fui ver o grande rei do brega no largo do Arouche. Reginaldo Rossi começou um pouquinho atrasado, era 1 e 40 mais ou menos, mas fez um show de arrebentar. Começou soltando várias pérolas: “Por que Frank Sinatra pode e Waldick Soriano não pode? Qual a diferença entre Mozart e Wando? Por que em inglês pode e em português não pode? I’m the king of brega”. Fóda, muito fóda. Como diz a viadagem, me diverti horrores! Ele cantou Beatles, Frank Sinatra, Creedence, tudo num inglês muito zuado, mas as músicas funcionavam, talvez porque ele seja muito verdadeiro no que faz. Um puta show massa com um cara que carrega na testa e no coração o orgulho de ser popular. Ah, e se vocês ainda não ouviram a música "A raposa e as uvas", mano, ouça!



Finda a apresentação do King of Brega, fui ver BNegão, Thalma de Freitas, Carlos Dafé e os caras do Coletivo Instituto tocarem as músicas da fase racional do Tim Maia. Grata surpresa. As letras são involuntariamente cômicas, bem ruinzinhas, só falam dessa tal religião racional que o Tim Maia seguiu. Mas as músicas, ah, as músicas são ótimas, puta som fudido, impossível não curtir balançando o corpo. Assim que acabou eu reencontrei o Bruno, Reinaldo, Luan & cia pra curtir o Matanza. 50 minutos de rock, testosterona e a maior quantidade de bate-cabeça da virada. Daí reencontrei minha namorada, pra logo em seguida curtir a pegada mais indie do Vanguart. E depois ainda deu tempo de pegar mais da metade do show do Cordel do Fogo Encantado.



Depois do lanchinho do meio dia, me posicionei perto do palco pra curtir Zeca Baleiro. Mas, véio, eu tava tão zuado de sono que começei a meio que pescar em pé. Teve uma hora que eu quase caí em cima do maluco que tava na minha frente. Aí rolou um medo de passar vergonha, e eu fui lá pra trás, curtir pelo telão, sentado no conforto do asfalto paulistano. Zeca Baleiro é foda, taí um cara que vale a pena eu começar a ouvir. Decidi fechar minha jornada por aí mesmo, já que no Novos Baianos eu mais dormia que curtia.



Foi então que decidi acompanhar a Mazu e a Lou até a galeria Olido, pra ver uma peça dos Parlapatões. Era certeza que eu ia dormir, mas acompanhei a namorada só pelo rolê. E no fim das contas eu ri pra caralho, nem lembrei do sono, fechou a maratona com chave de ouro.



Embora a cidade tenha ficado mais uma vez cheia de lixo, com poças de mijo em todos os cantos, cheia de gente drogada e bêbada dormindo nas praças, foi massa pra porra, definitivamente uma experiência única. Só fiquei com pena dos mendigos, que tiveram sua casa toda zuada!

Ano que vem tô lá de novo!

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