sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

e daí o tempo passa eu eu não sei se gosto tanto assim de mim

Quando eu era criança, e durante o início da minha adolescência, sempre tive uma imagem muito negativa de mim mesmo. Eu era muito fraco, meus pais não tinham dinheiro, eu era extremamente tímido, as garotas me achavam ridículo e eu me sentia extremamente sozinho. Mas sempre tive planos grandiosos pro meu futuro. Quando criança, queria ser o rei do mundo. Julgava que no futuro eu seria mega rico e que todas as pessoas do mundo me amariam e me respeitariam. Eu poderia ser um bosta naquela época, mas isso iria mudar quando eu fosse adulto.

Mas acontece que eu não era um bosta. Tive uma infância muito feliz, meus pais sempre me amaram muito e cuidaram muito bem de mim. Tive o melhor amigo que uma criança pode ter - o Fernando. Os professores sempre tiveram muita estima por mim, estudei no Senai e estive à frente do jornal do colégio por um ano. Fiz cursinho num lugar muito bom com uma bolsa quase integral, trabalhei 3 anos no emprego dos meus sonhos - 100% vídeo - e finalmente passei no curso de filosofia na Unicamp. Nada mal, não.

Mas não sei, tem alguma coisa errada. Acho que eu precisaria pensar mais e passar um tempo maior estruturando esse texto pra me fazer mais claro, mas acontece que não tenho tempo. Vou escrever de qualquer jeito mesmo, do contrário não escreverei nada.

Enfim, ainda estou lendo a biografia do Woody Allen, escrita pelo Eric Lax. E então leio que sempre que o Woody viajava, escrevia extensas cartas aos amigos e à namorada [ou esposa, depende da época]. Ligava sempre aos amigos para conversar longamente, mesmo que não houvesse nada pra se dizer. Se o assunto da carta acabava, tratava de falar o que era passível de ser falado. Sobre o hotel, o tempo, ou o carpete.

Mas o que me fascinou foi essa procura do contato. Da busca do amigo. Da ligação. Da lealdade.

Então eu entro no facebook e o Victor (Pontinho) vem puxar papo comigo. Então eu me dou conta de que ele faz isso sempre. E eu me pergunto: pq eu não faço o mesmo? Às vezes me deparo com a Carol [minha amiga fundamental] no bate papo e não digo nem um oi. Então eu penso "pq?". Tenho pensado nisso, e me sentido mal. Eu não escrevo mais aos meus amigos. Não pergunto como eles estão, como anda suas vidas. Não compartilho meu cotidiano com mais ninguém. As pessoas que cresceram comigo e que se importam comigo talvez não possam contar com meu apoio nas horas difíceis pelo simples fato de eu estar sempre ausente.

E muitas vezes a minha presença física está permeada de ausência.

Isso tem me angustiado um bocado.

O tempo passa, mas eu não fico mais forte, nem mais sábio. Eu tenho ficado cada vez mais triste, embora esteja morando numa casa maravilhosa com pessoas maravilhosas. Se não fosse o Caio e a Bruna na minha vida, ainda estaria miseravelmente deprimido, como ocorreu em boa parte de 2010.

Mas o ponto deste post é que não estou satisfeito comigo mesmo como amigo.

Sou medíocre demais.

Talvez nem medíocre. Ruim mesmo.

E eu sei que encher a cara não ajudará em nada.

4 comentários:

Tangerina disse...

quefiquei pensando um tempão no que você escreveu, e li mais de uma vez...

a gente devia tomar uma cerveja e falar sobre isso.

sem sacanagem.


abreijos.

Jack Hammer disse...

encher a cara só ajuda se você for bom nisso.

-Rol disse...

E daí que o que importa é a qualidade, e não a quantidade dos nossos encontros. Fim.

Will... disse...

oooooo will fique firme!!! se precisar estamos ai.... abraços...