segunda-feira, 2 de novembro de 2009

sobre inglourious basterds, do sr. quentin tarantino

Em primeiro lugar, quem ainda não viu, corra pro cinema pra ver.

O filme é foda demais.

O sétimo filme de Quentin Tarantino foi saudado por quase toda a crítica especializada como o atestado de maturidade do diretor, uma obra de fôlego e original, com uma fortíssima marca autoral.

Eu vejo esse Bastardos como uma retomada do que o Tarantino vinha fazendo desde seu primeiro filme, Cães de Aluguel, passando por Pulp Fiction e culminando com Jackie Brown, que é basicamente filmes com personagens fortes, diálogos longos e muito bem escritos e estética fortemente influenciada pelo "cinema das antigas". Após Jackie Brown, Tarantino passou 7 anos sem lançar um filme, jejum este só quebrado pela primeira parte do Kill Bill, que era um projeto pessoal de fazer um filme de ação. E aqui é importante notar uma mudança de tom, Kill Bill é um filme de ação, como nenhum de seus outros 3 filmes tinham sido. Veio então a segunda parte, que tem mais a cara dele, mas mesmo assim é um filme de ação. (Desnecessário dizer que eu adoro os dois Kill Bill, acho foda).

Depois disso ele lança um filme de carros, este sim seguindo a sua pegada característica de realizador: À Prova de Morte tem sua primeira metade composta de conversas extremamente inúteis, a rigor quase nada acontece que seja fundamental para a trama. Contudo, os diálogos são muito bem escritos, e o filme funciona que é uma beleza. A segunda parte é composta de perseguições de carros, numa pira de filme de perseguição de carros totalmente saída dos anos 70. O mais bizarro é que o filme é de 2007 e ainda não foi lançado no Brasil, o que fez com que pouquíssima gente o visse.

E este ano o cara lança esse filme de segunda guerra que é totalmente diferente de tudo o que já foi feito sobre o período. O filme é uma ficção que inverte o papel exercido pelos protagonistas da guerra: os judeus formam um pelotão de extermínio de nazistas, conhecidos e temidos pelos alemães pela violência com que praticam suas execussões. Embora o filme leve o nome desse pelotão, eles aparecem pouco. Sei lá, tipo, de duas horas e meia de filme os bastardos não chegam a ocupar 1 hora. São inúmeros outros personagens que o filme explora, alguns realmente fascinantes, como o coronel Hans Landa, o soldado Fredrick Zoller, a francesa Shosanna Dreyfus e outros, e alguns personagens nem tão interessantes assim.

Há cenas longas, talvez até longas demais. A história se desenvolve sem pressa nenhuma, os diálogos banais vão se adensando lentamente, até tornarem-se importantes a ponto de culminar numa ação crucial ao filme. Nesse ponto, creio que o Bastardos deve muito ao Sérgio Leone, que tinha todo um cuidado com as preliminares dos duelos de seus faroestes, que tinham explosões rápidas de violência. Com os Bastardos acontece o mesmo.

De todos os amigos que viram o filme, só um o criticou. E achei a crítica justa. O Gabriel lembrou que, quando havia diálogos banais em Cães de Aluguel, quem os protagonizava eram Steve Buscemi, Harvey Keitel, Michael Madsen, Tim Roth. No Pulp Fiction, rolavam diálogos absurdos entre John Travolta e Samuel L. Jackson, mas veja, os personagens desses caras são incríveis, fundamentais para a trama, além de serem atores consagrados. Em Bastardos Inglórios o que se vê são diálogos longos e banais protagonizados por atores alemães que ninguém conhece, e que não tem importância nenhuma pra trama.

Mas ainda assim é um grande filme.





3 comentários:

iglou disse...

Achei legal a coisa dos dialetos que identifica as pessoas e do sotaque estranho do inglês. A isso se soma o pedido de 3 copos. Achei hilário o Brad Pitt falando italiano e fiquei fascinada com o sotaque de cowboy que ele deu ao seu personagem. Palmas irrestritas para o poliglota do Landa.

Confesso que fiquei decepcionada com a pouca participação de Till Schweiger, (do queixo furado) que é o equivalente ao Rodrigo Santoro na Alemanha. Talvez Gianechini, mas enfim, queria ver e ouvir mais o cara. E Daniel Brühl falou mais francês que alemão...

bill disse...

Então,
é incrível como o filme constrói momentos únicos e inesperados. Além de ser um baita prazer ver atores daquele calibre em ação.

O Tarantino disse que fará uma segunda parte, o que seria mais do que necessário, já que há muitos personagens a serem explorados e inúmeras histórias que ficaram incompletas.

iglou disse...

Mas como assim, segunda parte? Não morreu praticamente todo mundo?

Ih, acho que revelei o final. Mas com Tarantino na direção, não podia ser diferente...