sexta-feira, 27 de novembro de 2009
pqp, até que enfim caras que concordam que o anticristo do lars é uma bosta
Putz,
demorou, mas encontrei pessoas que concordam com a minha impressão acerca do último filme do Lars Von Trier. Fiquei realmente surpreso ao constatar que todos com quem eu conversava sobre o filme havia gostado muito. Gente que entende de filmes, tipo, achei bem estranho. Como eu ando numa pegada de escrever menos e ler mais o blog dos outros, reproduzo a seguir dois textos retirados do Multiplot (http://multiplot.wordpress.com/)
O primeiro é de Djonata Ramos, e o segundo de Luis Henrique Boaventura.
A internet é legal.
A gente não se sente tão só assim no mundo...
"Vem sendo bradado aos quatro ventos que Antichrist é um filme difícil, e eu concordo. É um filme difícil de assistir. Mas não por ser extremo, brutal, ou demasiado simbólico/ideológico, mas sim, por um motivo bem mais simples… é um filme ruim. A sensação é que o Von Trier se perdeu dentro de si mesmo e de suas idéias, um filme que se sustenta basicamente por sua fama de agressivo, ou metafórico, não pode ser, de fato, muito substancial.
Parece que há uma clara inversão de valores, ao passo que metáforas e cenas isoladas devem – ou deveriam – fazer parte dum todo, senão você apenas elenca separadamente tais qualidades mas ressalta a fraqueza narrativa da obra. É o caso. Aqui temos duas atuações estupendas soterradas por um filme mal conduzido, capenga. É muito fácil dizer que é algo experimental como forma de tentar diminuir a fraqueza narrativa da obra, mas isso é conversa pra boi dormir, uma forma de defender o indefensável. Ser experimental, metafórico (raposa falante, sei, interação com a natureza, isso até Dr. Dolittle é mais feliz, haha) ou ousado, não é sinônimo de qualidade.
E esse papinho de que é um filme pra quem tem cérebro (só os inteligentes podem ver? rá!) é outra tentativa insegura e frustrada de defender um pobre ponto de vista. O cinema é sensorial sim, e pode ser que alguém goste desse filme, mas por favor, não por esses motivos rasteiros e sem se blindar contra críticas – “eu gostei, sou inteligente, você não”.
PS: Por sinal, tem um filme deste ano com a temática similar, mas superior. Grace, de Paul Solet.
Djonata Ramos"
"Falávamos, o Djonata, Robson e eu, nessa tarde de domingo enquanto o jogo não começava, sobre todo esse conceito de filmar pela mensagem, não pela própria imagem instantânea correndo na tela. De deliberadamente fazer de seu filme um dependente sine qua non de algo que o espectador precisa buscar do lado de fora, praticando a subversão da condição mais básica para que um filme seja, afinal, um filme: o prazer pela imagem. Pura e simples. É por isso que quando Von Trier percorre cada fotograma não apenas assumindo que seu filme não está ali, presente na tela, mas exigindo que sua real “apreciação” (ê termo maldito) se dê por uma simbologia externa ao áudio e ao vídeo de momento, ele está inventando algo a que pode dar o nome de qualquer coisa, menos cinema.
Sabe, há algo acontecendo aí fora. OK, você pode ter gostado do filme mesmo que exatamente por essa metaforização-quadro-a-quadro, ou talvez porque julga que ele funcione e muito bem enquanto simplesmente cinema. Nenhuma surpresa quanto a isso, não estou “contra” um eventual e sincero “gostar de Anticristo”, o que seria simplista e absurdo. O caso é que o Von Trier blindou a si mesmo de tal forma que, mais de uma vez, já li internet afora que é preciso inteligência e bagagem cultural para gostar e compreendê-lo. E ainda, que os detratores de Anticristo não possuem estômago ou preferem não ser “desafiados” cinematograficamente.
Desafio pra mim é cantar o hino nacional com a boca cheia de bolacha, já a adjetivação prolixa e vazia, essa produz muitas vezes algumas pérolas da semântica, como partir do princípio de que qualquer termo sonoro carregado de um senso de “maldade” é sinônimo de qualidade imediata e auto-explicativa, tais como “filme ‘incômodo’, ‘brutal’, ‘visceral’, ‘repulsivo’”, como se em algum universo bizarro do outro lado do espelho a forma não tivesse relevância alguma em relação ao conteúdo. É louco isso, e é algo que supostamente era pra estar implícito (tanto que eu me sinto besta só de transcrever aqui): não interessa o que se filma. Um cachorro pode filmar algo digno dos adjetivos que usei ali em cima (2 Girls 1 Cup é um dos vídeos mais chocantes e repulsivos de todos os tempos, e nem por isso eu o coloco num top 10)
O poder está na câmera. Sempre esteve, certo? Dêem uma câmera pro Von Trier e uma pro Spielberg (que parece ser o cineasta-oposto pra esse exemplo). Peça pra que os dois filmem uma mutilação. Peça pra que os dois filmem uma partida de xadrez. Não basta narrar o pincel e se esquecer do pintor, não basta jogar elementos em cena e manipulá-los porcamente, e é isso que ocorre com Von Trier. Jogar ao vento cenas de sexo, violência ou raposas falantes como se os objetos simplesmente se bastassem em si, como se a pedra determinasse qualidade da escultura.
Tudo isso faz de Anticristo uma experiência quase insuportável. E que fique claro que, nesse texto, isso não é ponto a favor do filme, nem que tenha sido “intenção” do Von Trier produzir algo deliberadamente desagradável, o que seria estranhamente conveniente. Uma câmera na mão chatíssima, quadrada, com uma movimentação rápida e convulsa, e uma edição feita com aquela tesoura que a Gainsbourg usa; é como andar num carro velho com suspensão fudida enquanto uma paisagem de merda trepida pela janela.
E o mais legal de se ter o alvará do experimentalismo estampado na testa é que você pode se lixar pra questões de ritmo e narrativa, pode deixar a câmera cair no chão porque, afinal, faz tudo “parte do conceito”. O Robson falou algo perfeito sobre isso naquele chat citado no início do texto; disse que se o filme parte como “experimental” e continua preso ao conceito enquanto é visto mundo afora, a experimentação então falhou olimpicamente.
Aliás, é difícil se convencer de que não se trata de sarcasmo quando Anticristo é classificado por aí como um filme de terror (alguns ainda completam com “psicológico”, eu quase caio da cadeira). Von Trier não tem a menor idéia de como construir tensão, de como manipular atmosfera ou instaurar aquela iminência de perigo que quase te faz sentir vulnerável ao desconhecido ou sozinho no escuro, arma de tantos mestres da linguagem cinematográfica como Bava, Argento, Carpenter, Kubrick, De Palma, Bergman. Aliás, A Hora do Lobo pode ser um paralelo interessante de como realmente se filme o horror mental, porque de fato há essa certa diferença básica entre fazer uma porra WTF foda pra caralho, tipo Lynch, e fazer uma porra WTF que não passa de uma simples porra WTF, tipo curtas experimentais universitários pretensiosos e pedantes.
O cinema é efêmero. Vive de um quadro que se acende na tela, de um ângulo ou de um movimento em que a luz estava de determinada forma, e que agora já faz parte do passado. É som e imagem feito água corrente, e é a este tempo presente e incapturável que a arte de comunicar pertence, fotografando os sentimentos e os deixando adormecer na memória. A partir do momento em que seu filme falha enquanto é luz transcorrendo na tela, ele falha enquanto cinema, e não serve nem pra estar ao lado de um documentário da vida animal na prateleira da locadora.
Luis Henrique Boaventura"
Rárárá, chupa Lars!!!
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
um 'recorta e cola', sobre a extradição de Cesari Battisti
Bem, se interessar a alguém, deixo a seguir dois textos, um de meu professor Marcos Nobre, o outro de um filósofo francês, Bernard-Henri Lévy. Os dois falam sobre o caso de Cesari Battisti. Ambos foram publicados pelo jornal Folha de São Paulo, que, por mais reacionário que se mostre, ainda é um dos poucos grandes jornais (talvez o único) a abrir espaço para a expressão de diferentes pontos de vista.
"Carta aberta ao presidente Lula sobre Battisti
BERNARD-HENRI LÉVY
25/11/09
PREZADO presidente Lula, Sei bem que o debate sobre o caso Cesare Battisti, antigo militante dos Proletários Armados pelo Comunismo, acusado de atos de terrorismo na Itália dos anos 70, tem despertado paixões no seu país.
Também sei que o jogo das instituições brasileiras, o esgotamento dos procedimentos previstos na sua democracia e a decisão apertada a favor da extradição, tomada pelo Supremo Tribunal Federal após longo julgamento, fazem com que agora caiba ao senhor, e ao senhor apenas, o poder de decidir se esse antigo militante, que se tornou um escritor de sucesso, deve ou não ser entregue à Itália.
Senhor presidente, inicialmente gostaria de lhe dizer que ninguém mais do que eu tem horror ao terrorismo. E desejo deixar claro que a luta contra esse terrorismo, a luta contra o direito que alguns se atribuem, nas democracias, de fazerem a lei eles próprios e de recorrerem às armas para fazer com que suas vozes sejam ouvidas é uma das constantes, senão a constante, de toda a minha vida de homem e de intelectual.
No entanto, se me dirijo a Vossa Excelência, é exatamente porque não está provado que Cesare seja esse terrorista que uma parte da imprensa italiana descreve e que, se tivesse cometido tais crimes, não mereceria nenhuma indulgência.
Ele foi condenado como tal, eu bem o sei, por um tribunal legalmente instituído, num país cujo caráter democrático não imagino, em nenhum momento, colocar em dúvida. Mas até as melhores democracias (a França sabe disso, pois, durante a guerra da Argélia, tomou liberdades com a liberdade, e os EUA de Bush, após o 11 de Setembro...) podem incorrer em erros e cometer injustiças.
O processo de Cesare Battisti, esse processo que o reconheceu culpado há 21 anos pelas mortes de Santoro e Campagna, levanta, nessa circunstância, ao menos três questões às quais um homem imbuído de justiça e de direito não pode ficar insensível.
A primeira diz respeito ao testemunho e às provas produzidas pela acusação e a partir do que Battisti foi condenado: trata-se, essencialmente, do testemunho de um arrependido, quer dizer, de um verdadeiro criminoso que trocou, à época, sua própria condenação pela denúncia premiada de alguns de seus camaradas.
Battisti havia fugido para o México e, depois, para a França quando o arrependido Pietro Mutti imputou-lhe a totalidades dos crimes da organização em que militavam. Todos os observadores que tiveram conhecimento do caso não acreditam ser possível nem verossímil que um jovem de 20 anos tenha cometido tais crimes.
A segunda questão diz respeito a um principio da Justiça italiana e ao fato de que, diferentemente do que se passa em vosso país ou no meu, os condenados à revelia não têm, mesmo se forem capturados, se se entregarem ou se forem extraditados, direito a um novo processo no qual possam se defender.
Assim, se Vossa Excelência decidir recusar a Battisti o status de refugiado e deixar, então, que ocorra o procedimento de extradição, ele irá, logo que voltar à Itália, direto para a prisão (perpétua, já que tal é a pena a que foi condenado, sem apelação, no processo à sua revelia) e será o único condenado à prisão perpétua que jamais terá tido a possibilidade de se encontrar com seus juízes para confrontá-los e responder, pessoalmente, cara a cara, a respeito dos crimes que lhe são imputados.
E acrescento, finalmente, esse detalhe sobre o qual o mínimo que se pode dizer é que não é apenas um detalhe: Battisti nega os crimes que lhe são imputados. Numerosos são os seus colegas escritores e numerosos são os juristas que, após o exame do processo, acreditam ser plausível sua inocência. De sorte que corremos o risco de ver terminar seus dias na prisão um homem cujo único crime seria, nesse caso, ter acreditado, durante sua juventude, nas teorias da violência revolucionária.
Eu amo o Brasil, sr. presidente. Amo o exemplo que ele dá ao mundo de uma política fiel aos ideais progressistas e, ao mesmo tempo, aos princípios de equilíbrio e sabedoria. Eu ficaria consternado -somos muitos que ficaríamos consternados- de ver "nosso" Lula macular a tradição de acolher os refugiados, que é um dos orgulhos de seu país.
Extraditar Battisti criaria um perigoso precedente. Não extraditá-lo mostraria ao mundo, que tem os olhos voltados para o Brasil e para Vossa Excelência, que existem princípios que nem a razão de Estado nem a lógica dos monstros sem emoção podem suplantar. Eu peço a Vossa Excelência que aceite, senhor presidente, a expressão de minha simpatia, de minha admiração e de minha esperança. Atenciosamente,
BERNARD-HENRI LÉVY, escritor e filósofo francês, é fundador da revista "La Règle du Jeu" e colunista da revista "Le Point" e de diversos jornais em diferentes países.
********************************
Battisti
Marcos Nobre
17/11/09
AMANHÃ SERÁ retomado e provavelmente decidido o caso Cesare Battisti. O processo tem provocado divisões acirradas e decisões apertadas em grande medida porque muitas vezes não se sabe ao certo o que realmente está em causa. Principalmente depois que os argumentos do ministro da Justiça para conceder o refúgio embaralharam os termos do debate público e do próprio julgamento no STF.
Com a concessão do refúgio, o problema deixou de ser apenas o da natureza do crime, se político ou comum. No âmbito externo, virou uma disputa sobre a natureza da relação de dois países democráticos soberanos que mantêm entre si um tratado de extradição. No âmbito interno, passou a ser uma decisão sobre a própria separação de Poderes, sobre os limites dos Poderes Executivo e Judiciário. Não é à toa que os votos dos ministros do STF até agora tenham escolhido focos, problemas e fundamentações de decisão diversos.
Mas a natureza política dos crimes eventualmente cometidos permanece central. O próprio pedido de extradição feito pela Itália afirma a intenção política dos atos cometidos. E, de acordo com o tratado em vigor, o reconhecimento do caráter político do ato impõe automaticamente o indeferimento da extradição.
Uma sociedade democrática não pode vacilar em responsabilizar criminosos políticos. Todo e qualquer ato que atente contra a democracia deve ser considerado crime, e os eventuais autores devem ser processados e responsabilizados segundo o devido processo legal próprio de um Estado democrático de Direito. Mas há uma diferença importante a observar aqui.
É político o ato terrorista que pretende desestabilizar uma democracia em nome de uma outra forma de governo, seja ela teocrática, seja ela de outra natureza. Para um tal tipo de crime político não deve haver qualquer atenuante.
Mas esse caso de atentado contra a democracia não deve ser confundido com o crime político cometido em nome de pretensas limitações da democracia existente, em nome de uma democracia que o autor do crime não vê se realizar de fato.
Ao responsabilizá-lo pelo crime de não ter buscado ampliar a democracia por meios democráticos, a sociedade democrática deve lembrar ao mesmo tempo das suas próprias origens nas revoluções do século 18 e nas lutas políticas por vezes violentas que a moldam até hoje. Deve lembrar que não pode sobreviver se não se democratizar cada vez mais, se não permanecer fiel ao impulso que a produziu. É essa lembrança que deveria impedir a extradição, por motivos políticos, de Cesare Battisti."
"Carta aberta ao presidente Lula sobre Battisti
BERNARD-HENRI LÉVY
25/11/09
PREZADO presidente Lula, Sei bem que o debate sobre o caso Cesare Battisti, antigo militante dos Proletários Armados pelo Comunismo, acusado de atos de terrorismo na Itália dos anos 70, tem despertado paixões no seu país.
Também sei que o jogo das instituições brasileiras, o esgotamento dos procedimentos previstos na sua democracia e a decisão apertada a favor da extradição, tomada pelo Supremo Tribunal Federal após longo julgamento, fazem com que agora caiba ao senhor, e ao senhor apenas, o poder de decidir se esse antigo militante, que se tornou um escritor de sucesso, deve ou não ser entregue à Itália.
Senhor presidente, inicialmente gostaria de lhe dizer que ninguém mais do que eu tem horror ao terrorismo. E desejo deixar claro que a luta contra esse terrorismo, a luta contra o direito que alguns se atribuem, nas democracias, de fazerem a lei eles próprios e de recorrerem às armas para fazer com que suas vozes sejam ouvidas é uma das constantes, senão a constante, de toda a minha vida de homem e de intelectual.
No entanto, se me dirijo a Vossa Excelência, é exatamente porque não está provado que Cesare seja esse terrorista que uma parte da imprensa italiana descreve e que, se tivesse cometido tais crimes, não mereceria nenhuma indulgência.
Ele foi condenado como tal, eu bem o sei, por um tribunal legalmente instituído, num país cujo caráter democrático não imagino, em nenhum momento, colocar em dúvida. Mas até as melhores democracias (a França sabe disso, pois, durante a guerra da Argélia, tomou liberdades com a liberdade, e os EUA de Bush, após o 11 de Setembro...) podem incorrer em erros e cometer injustiças.
O processo de Cesare Battisti, esse processo que o reconheceu culpado há 21 anos pelas mortes de Santoro e Campagna, levanta, nessa circunstância, ao menos três questões às quais um homem imbuído de justiça e de direito não pode ficar insensível.
A primeira diz respeito ao testemunho e às provas produzidas pela acusação e a partir do que Battisti foi condenado: trata-se, essencialmente, do testemunho de um arrependido, quer dizer, de um verdadeiro criminoso que trocou, à época, sua própria condenação pela denúncia premiada de alguns de seus camaradas.
Battisti havia fugido para o México e, depois, para a França quando o arrependido Pietro Mutti imputou-lhe a totalidades dos crimes da organização em que militavam. Todos os observadores que tiveram conhecimento do caso não acreditam ser possível nem verossímil que um jovem de 20 anos tenha cometido tais crimes.
A segunda questão diz respeito a um principio da Justiça italiana e ao fato de que, diferentemente do que se passa em vosso país ou no meu, os condenados à revelia não têm, mesmo se forem capturados, se se entregarem ou se forem extraditados, direito a um novo processo no qual possam se defender.
Assim, se Vossa Excelência decidir recusar a Battisti o status de refugiado e deixar, então, que ocorra o procedimento de extradição, ele irá, logo que voltar à Itália, direto para a prisão (perpétua, já que tal é a pena a que foi condenado, sem apelação, no processo à sua revelia) e será o único condenado à prisão perpétua que jamais terá tido a possibilidade de se encontrar com seus juízes para confrontá-los e responder, pessoalmente, cara a cara, a respeito dos crimes que lhe são imputados.
E acrescento, finalmente, esse detalhe sobre o qual o mínimo que se pode dizer é que não é apenas um detalhe: Battisti nega os crimes que lhe são imputados. Numerosos são os seus colegas escritores e numerosos são os juristas que, após o exame do processo, acreditam ser plausível sua inocência. De sorte que corremos o risco de ver terminar seus dias na prisão um homem cujo único crime seria, nesse caso, ter acreditado, durante sua juventude, nas teorias da violência revolucionária.
Eu amo o Brasil, sr. presidente. Amo o exemplo que ele dá ao mundo de uma política fiel aos ideais progressistas e, ao mesmo tempo, aos princípios de equilíbrio e sabedoria. Eu ficaria consternado -somos muitos que ficaríamos consternados- de ver "nosso" Lula macular a tradição de acolher os refugiados, que é um dos orgulhos de seu país.
Extraditar Battisti criaria um perigoso precedente. Não extraditá-lo mostraria ao mundo, que tem os olhos voltados para o Brasil e para Vossa Excelência, que existem princípios que nem a razão de Estado nem a lógica dos monstros sem emoção podem suplantar. Eu peço a Vossa Excelência que aceite, senhor presidente, a expressão de minha simpatia, de minha admiração e de minha esperança. Atenciosamente,
BERNARD-HENRI LÉVY, escritor e filósofo francês, é fundador da revista "La Règle du Jeu" e colunista da revista "Le Point" e de diversos jornais em diferentes países.
********************************
Battisti
Marcos Nobre
17/11/09
AMANHÃ SERÁ retomado e provavelmente decidido o caso Cesare Battisti. O processo tem provocado divisões acirradas e decisões apertadas em grande medida porque muitas vezes não se sabe ao certo o que realmente está em causa. Principalmente depois que os argumentos do ministro da Justiça para conceder o refúgio embaralharam os termos do debate público e do próprio julgamento no STF.
Com a concessão do refúgio, o problema deixou de ser apenas o da natureza do crime, se político ou comum. No âmbito externo, virou uma disputa sobre a natureza da relação de dois países democráticos soberanos que mantêm entre si um tratado de extradição. No âmbito interno, passou a ser uma decisão sobre a própria separação de Poderes, sobre os limites dos Poderes Executivo e Judiciário. Não é à toa que os votos dos ministros do STF até agora tenham escolhido focos, problemas e fundamentações de decisão diversos.
Mas a natureza política dos crimes eventualmente cometidos permanece central. O próprio pedido de extradição feito pela Itália afirma a intenção política dos atos cometidos. E, de acordo com o tratado em vigor, o reconhecimento do caráter político do ato impõe automaticamente o indeferimento da extradição.
Uma sociedade democrática não pode vacilar em responsabilizar criminosos políticos. Todo e qualquer ato que atente contra a democracia deve ser considerado crime, e os eventuais autores devem ser processados e responsabilizados segundo o devido processo legal próprio de um Estado democrático de Direito. Mas há uma diferença importante a observar aqui.
É político o ato terrorista que pretende desestabilizar uma democracia em nome de uma outra forma de governo, seja ela teocrática, seja ela de outra natureza. Para um tal tipo de crime político não deve haver qualquer atenuante.
Mas esse caso de atentado contra a democracia não deve ser confundido com o crime político cometido em nome de pretensas limitações da democracia existente, em nome de uma democracia que o autor do crime não vê se realizar de fato.
Ao responsabilizá-lo pelo crime de não ter buscado ampliar a democracia por meios democráticos, a sociedade democrática deve lembrar ao mesmo tempo das suas próprias origens nas revoluções do século 18 e nas lutas políticas por vezes violentas que a moldam até hoje. Deve lembrar que não pode sobreviver se não se democratizar cada vez mais, se não permanecer fiel ao impulso que a produziu. É essa lembrança que deveria impedir a extradição, por motivos políticos, de Cesare Battisti."
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
sobre fernanda young e mulher pelada em geral
Pra quem deu um pulo na banca de jornal neste mês pôde dar uma espiada numas das melhores capas que a playboy já produziu em muito tempo - talvez a melhor desde dezembro de 2006, com a Karina Bacchi - com a escritora e apresentadora Fernanda Young, de 39 anos. Talvez possamos até colocar esse ensaio no mesmo cenário do ensaio da Marina Lima, em novembro de 1999.
Me explico, reproduzindo aqui uma mensagem da Fernanda em seu twitter:
"10 motivos para posar para a Playboy:
1) Salvar o erotismo das mãos da breguice.
2) Não devo nada a ninguém.
3) Em alguns lugares do mundo, mulheres ainda são obrigadas a tampar seus corpos.
4) Vingança pura e simples.
5) Nos meus livros, eu me exponho mil vezes mais.
6) Vou fazer 40 anos ano que vem.
7) Irritar a minha mãe.
8) Estou me lixando para o que os idiotas vão achar.
9) É a primeira vez na história que a coelhinha da Playboy tem 8 romances publicados.
10) Não existem ex-BBBs suficientes (aleluia)."
Bem, eu nunca li nenhum livro dessa mina, não assisto seu programa, só conheço ela como roteirista dos Normais. Mas acho muito massa esse lance de ficar pelado. Muita gente acha que posar nua é um troço que diminui a mulher, algo machista, vulgar e talz. Talvez seja um pouco sim, mas, mano, a garota decide o que faz com o seu corpinho. Seja ela uma modelo revelada num reality show inútil, ou uma apresentadora/escritora.
Talvez o único ponto que me desagrada, além de uma certa hipocrisia ao criticar as gostosas do big brother, é essa intelectualização do initelectualízável. Fazer fotos com o livro do Bukowski, em p&b ou com bondage não a torna superior às BBBs, pois tanto ela quanto uma mulher-fruta posam nua por dois motivos fundamentais: dinheiro e vaidade.
Esses são baita motivos, pra mim, mais que suficientes.
Só essa atitude de pagar de intelectual na playboy é que é foda.
Ela devia é ter exigido pra sair as fotos junto com uma entrevista sua, pois esse tipo de coisa nunca foi feito. Daí sim, o serviço estaria completo.
E só pra finalizar, assumo aqui que sempre gostei de ver mulher pelada, mas não fazia isso porque Deus não gostava. Agora que Deus tá bem afastado da minha vida, posso enfim assumir isso. Acho uma bobagem tremenda quem fala bem do Manara, do Crepax, do Marquês de Sade, Henry Miller, Império dos Sentidos, mas critica Silvia Saint, a Gianna, os filmes da Buttman e a Playboy. Mano, no fim das contas é tudo putaria. Com arte ou sem arte, é tudo gente pelada!
Hahauahuahahahhahahshusdh!!!!!
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
sobre o ifchstock
Acontecerá amanhã, ou melhor, hoje à noite, quinta feira, a partir das dez da noite, o IFCHSTOCK QUATRO, no instituto de filosofia e ciências humanas da Unicamp. Fiquei muito feliz ao saber que a festa seria numa quinta, e não sexta, como vinha acontecendo. Assim poderei ir nesta que já é a festa mais polêmica do ano na Unicamp.
A audácia de produzir um evento como esse é grande, já que as festas no campus foram terminantemente proibidas pela reitoria. Todas as festas tradicionais no campus desapareceram, e o que se vê são festas acontecendo em casas de show que ficam perto de Barão, ou nas próprias casas dos estudantes. Um pequeno grupo de alunos da Sociais teve muito peito ao assumir a responsa de organizar essa nova edição do festival, que atrai loucos de toda a cidade, tocando rock durante toda a madrugada.
Gostei muito do manifesto que o pessoal do CACH escreveu.
Vou reproduzir aqui, pois vale a pena dar uma lida.
"Em busca da vivência universitária, chamamos a todos os Centros Acadêmicos e o Diretório Central dos Estudantes a agir e discutir a autonomia da universidade e a ocupação dos espaços públicos.
A política de segurança da universidade está se transformando em restrição do acesso ao espaço público e em repressão dos movimentos sociais, políticos e artísticos em nome de uma “tal” preservação do patrimônio público. Não só a proibição de festas, mas o impedimento de eventos como o Festival do Instituto de Artes, BioArt, IFCHSTOCK e outras ações dos estudantes universitários estão sendo marginalizadas, privando-nos do direito básico de nos reunirmos!
Buscamos, com esse manifesto, construir uma resposta política e coletiva contra um processo de isolamentos locais que está assolando o universo estudantil. O campus vem se tornando lugar de passagem e produção, onde os espaços comuns já não existem para a própria comunidade acadêmica, muito menos para a comunidade ao redor. A necessidade de espaços de socialização e de dar movimento a essa inércia produtivista está dada! Deve-se assim, privilegiar a comunicação dos Institutos e diálogo dos estudantes com a comunidade.
Essa é a antiga fazenda do Barão Geraldo, que hoje se vê tomada por luxuosas casas - boas famílias usufruindo de todas as boas condições oferecidas pela vida universitária – que mais se assemelham à clausura do que à liberdade do Campus. A política da má vizinhança está instalada. Nossos vizinhos, a Associação de Moradores da Cidade Universitária – AMOC -, nos reprimem através de tramites (i)legais, chegando a nos ameaçar com multas e apelando à força violenta policial, o que legitima o aprofundamento desse processo.
Nessa lógica, a utilização dos espaços privados para a celebração universitária vem aumentando. A universidade é nosso espaço e de toda população ao redor dela, portando devemos usufruí-lo e ocupá-lo!
Diante disso, estamos próximos a presenciar um dos maiores eventos da UNICAMP, o IFCHSTOCK, que, logicamente, é muito ameaçador à situação que nos está imposta. Conclamamos os Centros Acadêmicos a se solidarizarem jurídica, política, econômica, socialmente e a sustentar a manutenção não só do IFCHSTOCK, mas desse tipo de atividade do campus.
COLETIVO IFCHSTOCK"
Em tempos em que reitores expulsam alunas pelos trajes usados, me dá um baita orgulho de estudar num lugar onde há discussões de caráter político até nas festas produzidas. Amanhã não faltarei de jeito nenhum. Com polícia ou sem polícia.
(essa foi foda: cartaz do proibidíssimo ifchstock, pregado em pleno bandejão - 18/11)
A audácia de produzir um evento como esse é grande, já que as festas no campus foram terminantemente proibidas pela reitoria. Todas as festas tradicionais no campus desapareceram, e o que se vê são festas acontecendo em casas de show que ficam perto de Barão, ou nas próprias casas dos estudantes. Um pequeno grupo de alunos da Sociais teve muito peito ao assumir a responsa de organizar essa nova edição do festival, que atrai loucos de toda a cidade, tocando rock durante toda a madrugada.
Gostei muito do manifesto que o pessoal do CACH escreveu.
Vou reproduzir aqui, pois vale a pena dar uma lida.
"Em busca da vivência universitária, chamamos a todos os Centros Acadêmicos e o Diretório Central dos Estudantes a agir e discutir a autonomia da universidade e a ocupação dos espaços públicos.
A política de segurança da universidade está se transformando em restrição do acesso ao espaço público e em repressão dos movimentos sociais, políticos e artísticos em nome de uma “tal” preservação do patrimônio público. Não só a proibição de festas, mas o impedimento de eventos como o Festival do Instituto de Artes, BioArt, IFCHSTOCK e outras ações dos estudantes universitários estão sendo marginalizadas, privando-nos do direito básico de nos reunirmos!
Buscamos, com esse manifesto, construir uma resposta política e coletiva contra um processo de isolamentos locais que está assolando o universo estudantil. O campus vem se tornando lugar de passagem e produção, onde os espaços comuns já não existem para a própria comunidade acadêmica, muito menos para a comunidade ao redor. A necessidade de espaços de socialização e de dar movimento a essa inércia produtivista está dada! Deve-se assim, privilegiar a comunicação dos Institutos e diálogo dos estudantes com a comunidade.
Essa é a antiga fazenda do Barão Geraldo, que hoje se vê tomada por luxuosas casas - boas famílias usufruindo de todas as boas condições oferecidas pela vida universitária – que mais se assemelham à clausura do que à liberdade do Campus. A política da má vizinhança está instalada. Nossos vizinhos, a Associação de Moradores da Cidade Universitária – AMOC -, nos reprimem através de tramites (i)legais, chegando a nos ameaçar com multas e apelando à força violenta policial, o que legitima o aprofundamento desse processo.
Nessa lógica, a utilização dos espaços privados para a celebração universitária vem aumentando. A universidade é nosso espaço e de toda população ao redor dela, portando devemos usufruí-lo e ocupá-lo!
Diante disso, estamos próximos a presenciar um dos maiores eventos da UNICAMP, o IFCHSTOCK, que, logicamente, é muito ameaçador à situação que nos está imposta. Conclamamos os Centros Acadêmicos a se solidarizarem jurídica, política, econômica, socialmente e a sustentar a manutenção não só do IFCHSTOCK, mas desse tipo de atividade do campus.
COLETIVO IFCHSTOCK"
Em tempos em que reitores expulsam alunas pelos trajes usados, me dá um baita orgulho de estudar num lugar onde há discussões de caráter político até nas festas produzidas. Amanhã não faltarei de jeito nenhum. Com polícia ou sem polícia.
(essa foi foda: cartaz do proibidíssimo ifchstock, pregado em pleno bandejão - 18/11)
terça-feira, 10 de novembro de 2009
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
um post sobre a minha namorada
Cheguei destruído do futebol.
Tomei banho, deitei e dormi.
Acordei, vi o Furo MTV, me troquei e saí.
Ia rolar Los Hermanos Cover no Rudá, aqui pertinho, só 8 reais.
Passei no bar do Ademir. Pedi um xis salada com ovo e uma itubaína.
Comi e voltei pra casa.
Ok, a pergunta é: por que diabos eu não fui lavar a alma no show cover da banda que eu mais adoro no mundo. Pq decidi ficar em casa nesse calor dos diabos? Ahn, anh???
Estou sem a minha gatinha aqui comigo.
Sem ela não dá graça fazer as coisas.
Enfim, me deu vontade escrever sobre a Mazu, talvez assim o tempo passe um pouquinho mais rápido e ela chegue mais cedo. É muito bacana perceber que me meti meio sem querer numa relação que funciona incrivelmente bem. Uma cliente do meu bar com um perfil que não costuma chamar muito a minha atenção conseguiu ser o foco de toda ela, fazendo com que eu suasse um pouquinho pra me mostrar como um sujeito culto e interessante. Imaturidade do meu lado, maturidado do dela, estamos a mais de um ano dando risada e tomando café da manhã juntos, levando uma vida que é o sonho idílico de muita gente.
Às vezes eu vejo uns casais brigando, se ofendendo, mó treta, daí eu acho isso tudo muito bizarro, porque a pegada dum relacionamento é ter alguém com que você se dê muito bem. Se não tá bem, fique sozinho! Muito melhor. Passei quase toda a minha vida sozinho, e não acredito que tenha sido muito mais medíocre do que a média. O cinema me salvou, é claro, mas é incrível como a solidão faz milagres, aliás, acho que aprendi mais coisas sozinho do que talvez aprendesse se fosse mais um daqueles adolescentes estúpidos namorando adolescentes estúpidas. Sei que fui um nerdizinho tímito toda a minha vida, mas gosto de pensar que passei os meus primeiros 23 anos me preparando pra ser um bom namorado pra Mazu.
E uma hora eu tinha que acertar na sena, né, a Mazu é minha primeira namorada, os pais dela foram meus primeiros sogros, é a primeira vez que uso aliança. E é um amor tão de verdade, tão desprovido de máscaras. Tão sem egoísmos, tão dedicado. Massa isso. Dá vontade ter filhos logo, só pra olhar pra molecada e ver a cara da mãe reproduzida ali. Hehehheheh.
Pra terminar, é muito bem ter chegado aos 24 na companhia da Mazuca, que é a companheira mais dedicada que um homem poderia querer. Eu pensei em falar sobre os defeitos dela, mas não consegui pensar em nenhum. Isso soa como um puta clichê, mas é verdade! Por exemplo, ela costuma dizer que é bagunceira. Eu acho ótimo. Se ela fosse arrumadinha, iria me encher o saco pra que eu fosse ainda mais organizado que ela. Ufa, ainda bem que ela é toda bagunça!
É com esse tipo de menina que dá prazer pensar em ficar velhinho junto, tipo aqueles casais de vovôs que, quando um morre, o outro vai logo em seguida. Eu entendo. Não dá pra viver sem. Não faria sentido.
Assim como não faria sentido algum ir pra festa sem a mulher que é a razão da minha felicidade.
Tomei banho, deitei e dormi.
Acordei, vi o Furo MTV, me troquei e saí.
Ia rolar Los Hermanos Cover no Rudá, aqui pertinho, só 8 reais.
Passei no bar do Ademir. Pedi um xis salada com ovo e uma itubaína.
Comi e voltei pra casa.
Ok, a pergunta é: por que diabos eu não fui lavar a alma no show cover da banda que eu mais adoro no mundo. Pq decidi ficar em casa nesse calor dos diabos? Ahn, anh???
Estou sem a minha gatinha aqui comigo.
Sem ela não dá graça fazer as coisas.
Enfim, me deu vontade escrever sobre a Mazu, talvez assim o tempo passe um pouquinho mais rápido e ela chegue mais cedo. É muito bacana perceber que me meti meio sem querer numa relação que funciona incrivelmente bem. Uma cliente do meu bar com um perfil que não costuma chamar muito a minha atenção conseguiu ser o foco de toda ela, fazendo com que eu suasse um pouquinho pra me mostrar como um sujeito culto e interessante. Imaturidade do meu lado, maturidado do dela, estamos a mais de um ano dando risada e tomando café da manhã juntos, levando uma vida que é o sonho idílico de muita gente.
Às vezes eu vejo uns casais brigando, se ofendendo, mó treta, daí eu acho isso tudo muito bizarro, porque a pegada dum relacionamento é ter alguém com que você se dê muito bem. Se não tá bem, fique sozinho! Muito melhor. Passei quase toda a minha vida sozinho, e não acredito que tenha sido muito mais medíocre do que a média. O cinema me salvou, é claro, mas é incrível como a solidão faz milagres, aliás, acho que aprendi mais coisas sozinho do que talvez aprendesse se fosse mais um daqueles adolescentes estúpidos namorando adolescentes estúpidas. Sei que fui um nerdizinho tímito toda a minha vida, mas gosto de pensar que passei os meus primeiros 23 anos me preparando pra ser um bom namorado pra Mazu.
E uma hora eu tinha que acertar na sena, né, a Mazu é minha primeira namorada, os pais dela foram meus primeiros sogros, é a primeira vez que uso aliança. E é um amor tão de verdade, tão desprovido de máscaras. Tão sem egoísmos, tão dedicado. Massa isso. Dá vontade ter filhos logo, só pra olhar pra molecada e ver a cara da mãe reproduzida ali. Hehehheheh.
Pra terminar, é muito bem ter chegado aos 24 na companhia da Mazuca, que é a companheira mais dedicada que um homem poderia querer. Eu pensei em falar sobre os defeitos dela, mas não consegui pensar em nenhum. Isso soa como um puta clichê, mas é verdade! Por exemplo, ela costuma dizer que é bagunceira. Eu acho ótimo. Se ela fosse arrumadinha, iria me encher o saco pra que eu fosse ainda mais organizado que ela. Ufa, ainda bem que ela é toda bagunça!
É com esse tipo de menina que dá prazer pensar em ficar velhinho junto, tipo aqueles casais de vovôs que, quando um morre, o outro vai logo em seguida. Eu entendo. Não dá pra viver sem. Não faria sentido.
Assim como não faria sentido algum ir pra festa sem a mulher que é a razão da minha felicidade.
terça-feira, 3 de novembro de 2009
à galera da uniban
Visitando o blog do professor Roberto Romano, descobri esse vídeo do grupo Língua de Trapo. Romano escreveu:
"Dedicada aos estrupadores e às invejosas que atacaram a Geisy na UNIBAN. Também dedicada ao povo do Programa Hoje em Dia (sic) da Record"
Achei pertinente.
"Dedicada aos estrupadores e às invejosas que atacaram a Geisy na UNIBAN. Também dedicada ao povo do Programa Hoje em Dia (sic) da Record"
Achei pertinente.
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
sobre inglourious basterds, do sr. quentin tarantino
Em primeiro lugar, quem ainda não viu, corra pro cinema pra ver.
O filme é foda demais.
O sétimo filme de Quentin Tarantino foi saudado por quase toda a crítica especializada como o atestado de maturidade do diretor, uma obra de fôlego e original, com uma fortíssima marca autoral.
Eu vejo esse Bastardos como uma retomada do que o Tarantino vinha fazendo desde seu primeiro filme, Cães de Aluguel, passando por Pulp Fiction e culminando com Jackie Brown, que é basicamente filmes com personagens fortes, diálogos longos e muito bem escritos e estética fortemente influenciada pelo "cinema das antigas". Após Jackie Brown, Tarantino passou 7 anos sem lançar um filme, jejum este só quebrado pela primeira parte do Kill Bill, que era um projeto pessoal de fazer um filme de ação. E aqui é importante notar uma mudança de tom, Kill Bill é um filme de ação, como nenhum de seus outros 3 filmes tinham sido. Veio então a segunda parte, que tem mais a cara dele, mas mesmo assim é um filme de ação. (Desnecessário dizer que eu adoro os dois Kill Bill, acho foda).
Depois disso ele lança um filme de carros, este sim seguindo a sua pegada característica de realizador: À Prova de Morte tem sua primeira metade composta de conversas extremamente inúteis, a rigor quase nada acontece que seja fundamental para a trama. Contudo, os diálogos são muito bem escritos, e o filme funciona que é uma beleza. A segunda parte é composta de perseguições de carros, numa pira de filme de perseguição de carros totalmente saída dos anos 70. O mais bizarro é que o filme é de 2007 e ainda não foi lançado no Brasil, o que fez com que pouquíssima gente o visse.
E este ano o cara lança esse filme de segunda guerra que é totalmente diferente de tudo o que já foi feito sobre o período. O filme é uma ficção que inverte o papel exercido pelos protagonistas da guerra: os judeus formam um pelotão de extermínio de nazistas, conhecidos e temidos pelos alemães pela violência com que praticam suas execussões. Embora o filme leve o nome desse pelotão, eles aparecem pouco. Sei lá, tipo, de duas horas e meia de filme os bastardos não chegam a ocupar 1 hora. São inúmeros outros personagens que o filme explora, alguns realmente fascinantes, como o coronel Hans Landa, o soldado Fredrick Zoller, a francesa Shosanna Dreyfus e outros, e alguns personagens nem tão interessantes assim.
Há cenas longas, talvez até longas demais. A história se desenvolve sem pressa nenhuma, os diálogos banais vão se adensando lentamente, até tornarem-se importantes a ponto de culminar numa ação crucial ao filme. Nesse ponto, creio que o Bastardos deve muito ao Sérgio Leone, que tinha todo um cuidado com as preliminares dos duelos de seus faroestes, que tinham explosões rápidas de violência. Com os Bastardos acontece o mesmo.
De todos os amigos que viram o filme, só um o criticou. E achei a crítica justa. O Gabriel lembrou que, quando havia diálogos banais em Cães de Aluguel, quem os protagonizava eram Steve Buscemi, Harvey Keitel, Michael Madsen, Tim Roth. No Pulp Fiction, rolavam diálogos absurdos entre John Travolta e Samuel L. Jackson, mas veja, os personagens desses caras são incríveis, fundamentais para a trama, além de serem atores consagrados. Em Bastardos Inglórios o que se vê são diálogos longos e banais protagonizados por atores alemães que ninguém conhece, e que não tem importância nenhuma pra trama.
Mas ainda assim é um grande filme.
O filme é foda demais.
O sétimo filme de Quentin Tarantino foi saudado por quase toda a crítica especializada como o atestado de maturidade do diretor, uma obra de fôlego e original, com uma fortíssima marca autoral.
Eu vejo esse Bastardos como uma retomada do que o Tarantino vinha fazendo desde seu primeiro filme, Cães de Aluguel, passando por Pulp Fiction e culminando com Jackie Brown, que é basicamente filmes com personagens fortes, diálogos longos e muito bem escritos e estética fortemente influenciada pelo "cinema das antigas". Após Jackie Brown, Tarantino passou 7 anos sem lançar um filme, jejum este só quebrado pela primeira parte do Kill Bill, que era um projeto pessoal de fazer um filme de ação. E aqui é importante notar uma mudança de tom, Kill Bill é um filme de ação, como nenhum de seus outros 3 filmes tinham sido. Veio então a segunda parte, que tem mais a cara dele, mas mesmo assim é um filme de ação. (Desnecessário dizer que eu adoro os dois Kill Bill, acho foda).
Depois disso ele lança um filme de carros, este sim seguindo a sua pegada característica de realizador: À Prova de Morte tem sua primeira metade composta de conversas extremamente inúteis, a rigor quase nada acontece que seja fundamental para a trama. Contudo, os diálogos são muito bem escritos, e o filme funciona que é uma beleza. A segunda parte é composta de perseguições de carros, numa pira de filme de perseguição de carros totalmente saída dos anos 70. O mais bizarro é que o filme é de 2007 e ainda não foi lançado no Brasil, o que fez com que pouquíssima gente o visse.
E este ano o cara lança esse filme de segunda guerra que é totalmente diferente de tudo o que já foi feito sobre o período. O filme é uma ficção que inverte o papel exercido pelos protagonistas da guerra: os judeus formam um pelotão de extermínio de nazistas, conhecidos e temidos pelos alemães pela violência com que praticam suas execussões. Embora o filme leve o nome desse pelotão, eles aparecem pouco. Sei lá, tipo, de duas horas e meia de filme os bastardos não chegam a ocupar 1 hora. São inúmeros outros personagens que o filme explora, alguns realmente fascinantes, como o coronel Hans Landa, o soldado Fredrick Zoller, a francesa Shosanna Dreyfus e outros, e alguns personagens nem tão interessantes assim.
Há cenas longas, talvez até longas demais. A história se desenvolve sem pressa nenhuma, os diálogos banais vão se adensando lentamente, até tornarem-se importantes a ponto de culminar numa ação crucial ao filme. Nesse ponto, creio que o Bastardos deve muito ao Sérgio Leone, que tinha todo um cuidado com as preliminares dos duelos de seus faroestes, que tinham explosões rápidas de violência. Com os Bastardos acontece o mesmo.
De todos os amigos que viram o filme, só um o criticou. E achei a crítica justa. O Gabriel lembrou que, quando havia diálogos banais em Cães de Aluguel, quem os protagonizava eram Steve Buscemi, Harvey Keitel, Michael Madsen, Tim Roth. No Pulp Fiction, rolavam diálogos absurdos entre John Travolta e Samuel L. Jackson, mas veja, os personagens desses caras são incríveis, fundamentais para a trama, além de serem atores consagrados. Em Bastardos Inglórios o que se vê são diálogos longos e banais protagonizados por atores alemães que ninguém conhece, e que não tem importância nenhuma pra trama.
Mas ainda assim é um grande filme.
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