sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

sobre deus

Este post foi escrito para esclarecer as minhas posições pessoais quanto a figura de Deus, que acredito não ter ficado suficiente claras no texto anterior.

Primeiramente, é necessário dizer que tive uma formação cristã-protestante, e que estudei a Bíblia dos 8 aos 18 anos, na Igreja Batista. Tive o privilégio de conhecer pastores fantásticos, alguns deles ilustres teólogos. Eu vivia constantemente em oração, e acreditava que Deus tinha traçado um plano para a minha vida. Cabia a mim ouvir o seu chamado e obedecer. Tudo me levava ao curso de Teologia na Faculdade Teológica Batista de Campinas, onde eu tinha planos de me formar e me tornar um missionário. Em meu coração, sentia que Deus me queira na África, trabalhando entre as comunidades necessitadas.

Caramba, parece que faz tanto tempo! Lembrar disso mexeu comigo. Naquela época - eu tinha uns 16 anos - meus amigos me diziam que eu deveria estudar cinema. Mas eu estava decidido a sufocar meus desejos pessoais e ouvir o chamado de Deus. Um dia eu li um livro chamado O Mundo de Sofia, e aprendi o que era a filosofia. Descobri que eu não era o único a pensar sobre aquilo que não tem resposta, e que a Bíblia não era a única fonte possível de conhecimento.

Não demorou muito para eu deixar de ir à igreja, começar a beber, perder a virgindade, experimentar drogas, ir a shows de rock e cursar Filosofia na Unicamp. (não necessariamente nessa ordem).

Até hoje nunca cheguei a negar Deus. Nunca me considerei um ateu. Prefiro me classificar como agnóstico. Mas não acredito naquele mesmo Deus que acreditava antes. Meu conceito de Deus é aquele a partir do qual tudo surgiu, e que sem ele nada pode existir. Uma concepção bem aristotélica, diga-se de passagem.

Memo assim, ainda guardo com carinho na memória as histórias do fascinate Deus dos judeus, um Deus guerreiro, ciumento, justo e vingativo, que inspira medo e respeito. Eu o considero um brilhante personagem literário (quem já leu o antigo testamento ou o evangelho segundo jesus cristo, do José Saramago, sabe do que estou dizendo), verdadeiramente fascinante, e frequentemente faço uso de sua figura, em busca de uma explicação mais teatral para a realidade. Mas eu concordo com todos os pontos colocados pelo João e o Harry nos comentários ao meu post anterior.

Rubem Alves escreveu algo que me fez pensar um bocado: "um Deus que cria uma câmara de tortura chamada Inferno não merece o meu respeito, muito menos o meu amor".

Fóda.

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