Seu eu pudesse me encontrar comigo mesmo, há 5 anos atrás, diria algumas coisas a ele. Coisas que, com toda certeza, o eu de 5 anos atrás gostaria muito de saber.
- desencana de gravar filmes da tv. Logo logo vão estar todos em dvd, com menu animado, extras legais e tudo o mais.
- não tente entender como as garotas pensam, ou o que se passa na cabeça delas. Simplesmente tente beijar uma. E logo!
- Não fique tão preocupado com faculdade. A melhor coisa é fazer o curso de filosofia depois dos 20. A maturidade muda tudo...
- Ouça Strokes, ouça strokes, ouça strokes!
- Aliás, começe a ouvir mais música. A vida não é feita só de cinema.
- Sim, você vai se apaixonar por ela. E não, ela não vai se apaixonar por você. Mas passe cada minuto possível junto dela, pois serão os melhores momentos de sua vida.
- Não seja estúpido. Não critique a religião de ninguém!
- Aliás, tudo o que você sabe sobre Deus, Jesus e a igreja, está errado.
- Não seja sempre tão legal, tão certinho, tão perfeitinho. Não adianta se esforçar pra cair nas graças das pessoas, pois elas não hesitarão em pisá-lo e humilhá-lo quando você estiver por baixo.
- Acredite: fuja de gente medíocre! E principalmente de garotas medíocres. E nem adianta tentar mudá-las. Mulher burra não fica interessante, por mais discovery channel que assista.
- Não se sinta culpado por gostar tanto de filmes. Um dia as pessoas te respeitarão por isso.
- Não critique os bêbados, pois você descobrirá que a cerveja é a melhor companheira do homem.
- Ah, sabe a baixinha do 3.C que desenha bem? Empresta o Toy Story pra ela.
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
domingo, 9 de setembro de 2007
o prazer dos olhos
Quatro moedas de um real e duas de cinquenta centavos. Segunda-feira. Quando o ciclo de uma semana sem cinema se fecha na vida de um cinéfilo, ele enlouquece. É como deixar uma ninfomaníaca sem sexo: simplesmente não dá!
Bem, todos estão comentando o novo Duro de Matar. E tem também o Ultimato Bourne. Além daquele suspense novo do diretor do Exorcista. Opções interessantes. São filmes que todo mundo está vendo. Depois de considerar por uns segundos, chego a um veredito: Irei assistir A Comédia do Poder, do Claude Chabrol, no Paradiso.
Esta é uma escolha totalmente fundada no prazer de meus olhos, uma decisão que está de acordo com aquilo que eu acredito: cinema não é somente entretenimento. É também, mas não é só isso; ir sozinho ao cinema é absolutamente saudável e necessário. É como meditar, um processo intelectual de purificação bastante prazeiroso; ver filmes que ninguém além de você vê, é um baita sinal de auto-suficiência. É como se fosse estabelecido um pacto entre você e o filme: depois da projeção ele é seu, faz parte de você. Espectador e filme, uma coisa só.
Me diverti à béça no filme do Chabrol. É um elegante drama sobre política, com a maravilhosa Isabelle Huppert no papel principal de juíza blasé-implacável. Alguns minutos de projeção e menos de uma dúzia de enquadramentos foram suficientes para agradecer à deus por eu ter feito a escolha certa.
E o Bruce Willis que me desculpe.
Bem, todos estão comentando o novo Duro de Matar. E tem também o Ultimato Bourne. Além daquele suspense novo do diretor do Exorcista. Opções interessantes. São filmes que todo mundo está vendo. Depois de considerar por uns segundos, chego a um veredito: Irei assistir A Comédia do Poder, do Claude Chabrol, no Paradiso.
Esta é uma escolha totalmente fundada no prazer de meus olhos, uma decisão que está de acordo com aquilo que eu acredito: cinema não é somente entretenimento. É também, mas não é só isso; ir sozinho ao cinema é absolutamente saudável e necessário. É como meditar, um processo intelectual de purificação bastante prazeiroso; ver filmes que ninguém além de você vê, é um baita sinal de auto-suficiência. É como se fosse estabelecido um pacto entre você e o filme: depois da projeção ele é seu, faz parte de você. Espectador e filme, uma coisa só.
Me diverti à béça no filme do Chabrol. É um elegante drama sobre política, com a maravilhosa Isabelle Huppert no papel principal de juíza blasé-implacável. Alguns minutos de projeção e menos de uma dúzia de enquadramentos foram suficientes para agradecer à deus por eu ter feito a escolha certa.
E o Bruce Willis que me desculpe.
sexta-feira, 7 de setembro de 2007
fragmentos
Começei ontem a leitura de Sexus, de Henry Miller. Simplesmente ducaralho. Primeira parte de uma trilogia iniciada em 1949, intitulada A Crucificação Rosada, esta nova tradução da Companhia das Letras, em suas 50 primeiras páginas, já me marcaram de forma inegável. Aí vai alguns fragmentos:
"O homem escreve para livrar-se do veneno que acumula devido à falsidade do seu modo de vida. Está tentando recapturar sua inocência, mas ainda assim tudo que consegue fazer (escrevendo) é inocular o mundo com o vírus de sua desilusão. Ninguém escreveria uma palavra sequer se tivesse a coragem de viver aquilo em que acredita. Sua inspiração é desviada na fonte. Se é um mundo de verdade, de beleza e de mágica que deseja criar, por que interpõe milhões de palavras entre ele e a realidade desse mundo? Por que retarda a ação?"
"Quando tentamos fazer algo que ultrapassa nossos poderes, é inútil buscar a aprovação dos amigos. Quando você decide testar seus poderes, quando tenta fazer algo novo, mesmo o melhor dos amigos tende a revelar-se um traidor. A própria maneira como ele lhe deseja boa sorte, quando você expõe suas idéias quiméricas, já basta para desanimar. Ele só acredita em você na medida em que o conhece; a possibilidade de que você seja maior do que parece é perturbadora, pois a amizade se baseia na reciprocidade. É quase uma lei: toda vez que um homem embarca numa grande aventura, precisa cortar todos os laços"
"Lágrimas são bem mais fáceis de enfrentar que a alegria. A alegria é destrutiva: deixa os outros desconfortáveis. 'chora e chorarás sozinho' - que grande mentira! Basta começar a chorar que encontrarás um milhão de crocodilos dispostos a chorar contigo. O mundo está sempre em prantos. O mundo está encharcado de lágrimas. Já o riso é outra coisa. O riso é momentâneo - e passa. Mas a alegria, a alegria é uma espécie de hemorragia extasiante, um tipo de supercontentamento insuportável que transborda por cada poro de seu corpo. Não é possível deixar os outros alegres com sua alegria. A alegria precisa ser gerada pela própria pessoa: ou bem existe ou bem não existe. A alegria baseia-se em algo profundo demais para ser compreendido e comunicado. Estar alegre é ser um louco num mundo de fantasmas tristonhos"
"O homem escreve para livrar-se do veneno que acumula devido à falsidade do seu modo de vida. Está tentando recapturar sua inocência, mas ainda assim tudo que consegue fazer (escrevendo) é inocular o mundo com o vírus de sua desilusão. Ninguém escreveria uma palavra sequer se tivesse a coragem de viver aquilo em que acredita. Sua inspiração é desviada na fonte. Se é um mundo de verdade, de beleza e de mágica que deseja criar, por que interpõe milhões de palavras entre ele e a realidade desse mundo? Por que retarda a ação?"
"Quando tentamos fazer algo que ultrapassa nossos poderes, é inútil buscar a aprovação dos amigos. Quando você decide testar seus poderes, quando tenta fazer algo novo, mesmo o melhor dos amigos tende a revelar-se um traidor. A própria maneira como ele lhe deseja boa sorte, quando você expõe suas idéias quiméricas, já basta para desanimar. Ele só acredita em você na medida em que o conhece; a possibilidade de que você seja maior do que parece é perturbadora, pois a amizade se baseia na reciprocidade. É quase uma lei: toda vez que um homem embarca numa grande aventura, precisa cortar todos os laços"
"Lágrimas são bem mais fáceis de enfrentar que a alegria. A alegria é destrutiva: deixa os outros desconfortáveis. 'chora e chorarás sozinho' - que grande mentira! Basta começar a chorar que encontrarás um milhão de crocodilos dispostos a chorar contigo. O mundo está sempre em prantos. O mundo está encharcado de lágrimas. Já o riso é outra coisa. O riso é momentâneo - e passa. Mas a alegria, a alegria é uma espécie de hemorragia extasiante, um tipo de supercontentamento insuportável que transborda por cada poro de seu corpo. Não é possível deixar os outros alegres com sua alegria. A alegria precisa ser gerada pela própria pessoa: ou bem existe ou bem não existe. A alegria baseia-se em algo profundo demais para ser compreendido e comunicado. Estar alegre é ser um louco num mundo de fantasmas tristonhos"
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