sexta-feira, 24 de julho de 2009

o lutador, de darren aronofsky, 2008


Filmaço. Puta filmaço.

Relutei muito tempro pra ver o novo trabalho do Aronofsky. Gosto muito desse universo de luta livre ensaiada, onde tudo é muito páia, essa coisa teatral e infinitamente mais interessante que as lutas de verdade. Mas sempre que via as fotos do Mikey Rourque no filme, sei lá, não me parecia ser um personagem muito atraente. Mano, que filme! É honesto, tem força, tem drama. Uma carga trágica que eu não via há muito tempo. Tudo no filme funciona, até a Marisa Tomei, que está mais gostosa que nunca.

Grande Filme!

nostalgia numa manhã chuvosa

Ontem eu estava me lembrando como era legal trabalhar na 100% vídeo. Foi meu primeiro emprego, e na verdade o único (não conto o bar, pq lá sou sócio, não funcionário). Gostava de chegar as 3 da tarde e ir arrumar o expositor de filmes. Tinha que juntar os lançamentos mais novos, e separar dos lançamentos não tão recentes. E guardar os filmes mais antigos, que eram divididos por gênero. Os gêneros de minha responsabilidade eram o cult, clássico e arte. Mas com o tempo, peguei o drama também. Ir trabalhar me fazia bem, me dava prazer. Era como se aquele fosse o exato lugar onde eu deveria estar. Eu era o consultor de filmes de lá, o que significa que sempre que um cliente precisava de uma indicação, me procurava. Todos respeitavam minha opinião. Ás vezes alguém se lembrava somente de uma cena, ou de uma situação, e eu dizia qual filme era. Puxa vida, acho que salvei o final de semana de muita gente. E, sem dúvida, a parte mais legal do trabalho era lá pelo dia 5, data fazer a compra de filmes pro próximo mês. Era muita empolgação (não tanto do dono da loja, que não gostava de gastar dinheiro).

Pode parecer bizarro, mas adorava quando chovia e a locadora ficava abarrotada de gente. Simplesmente não dava pra trabalhar direito, todo mundo queria dicas ao mesmo tempo, e quase todos os filmes novos já tinham sido locados. Mas eu encarava como um desafio. Assim que chegava, ia buscar um pano pra colocar na entrada da loja, já que na correria nenhum funcionário tinha se dado conta que a loja estava imunda. A seguir, pegava no balcão os filmes mais recentes que tinham acabado de ser devolvidos. E então ia passeando pela locadora, deixando 2 ou 3 filmes na mão de cada cliente, mesmo aqueles que não tinham me pedido indicação. Todos ficavam felizes.

Ah, quanta saudade, quantas lembranças.
Aos 19 anos, quem precisa de amigos quando se tem os clássicos à disposição?
Aos 19, quem precisa de namorada, quando se tem duas prateleiras inteiras de filmes cult só pra você?

Bons tempos...

quinta-feira, 23 de julho de 2009

considerações sobre um futuro acadêmico

Estou chegando ao segundo semestre do terceiro ano do curso de filosofia. É a hora de começar a pensar em qual será o tema da minha pesquisa, algum assunto que ainda não tenha sido esgotado, e que desperte algum interesse em mim. E, é claro, que contribua de alguma forma para o progresso do conhecimento acadêmico. Heheh.

Se faço filosofia, o natural seria pesquisar algo relacionado à área. Mas, sinceramente, acho que não tenho muito talento, nem disciplina, pra filosofia. Ainda acho que posso me tornar um bom historiador das idéias, mas não sou filósofo. Pensei em me debruçar sobre os livros de cinema do Giles Deleuze, mas teve um veterano meu que fez um trabalho tão incrível sobre esses livros, que acho difícil ir além do que já foi dito. Pensei então em pegar algum diretor não muito estudado, e analisá-lo, ou através da estética, ou da história da arte. Após considerar, pensei no Ivan Cardoso, que ainda tá vivo e tem uma obra meio que já concluída. Daí tem também o Júlio Bressane, que lança um filme por ano e que é bem complexo e cheio de referências, o tipo de trabalho intelectualizado ideal pros interesses acadêmicos. E por fim, pensei no Manuel de Oliveira, diretor português que já tem 101 anos de idade, e faz filmes desde 1942. Respeitadíssimo diretor, e que possui uma obra recente que creio não ter sido estudada. Além do que, é cinema europeu que não impõe a barreira da língua.

Me lembrei agora de uma garota que conheci no curso de francês, que estuda o som nos filmes da Lucrécia Martel. Achei isso interessante. Então o que tenho a fazer é detectar um elemento recorrente que forneça coesão à obra do cineasta, e a partir dele analisar toda sua filmografia.

Vamos ver se dá certo.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Pérolas de Walter Longo

Sou um fã confesso do programa O Aprendiz, apresentado pelo Roberto Justus. Umas das melhores coisas do programa é seu fiel escudeiro, seu vice-presidente e conselheiro, Walter Longo. Enumerei algumas tiradas deste fino pensador capitalista, todas ditas durante as várias temporadas do programa.

"Brainstorm é igual a motel, se vc nao resolve em duas horas pode ir embora"
"Idéia não é igual a cachorro que vem quando a gente chama. Idéia é igual a gato que vem quando quer"
"Nada incomoda mais uma pessoa do que ela saber que a outra a desvalozira"
"A briga não é mais pela audiência, e sim pela atenção"
"o que induz a pessoa ao erro é a sensação de não poder errar"
"Por que almejamos a vida eterna, se não sabemos o que fazer num domingo a tarde?"
"As intransigências surgem na ausência do poder constituído"
"No mundo dos negócios quem não quer tudo não consegue nada!"
"Pato anda, nada e voa. Ele faz tudo, mas não faz nada direito"
" Prefiro errar pelo excesso do que errar pela omissão"!
"O bom comportamento é o ultimo refúgio dos medíocres"
"O grande sintoma da ingnorância humana é esperar resultado diferente fazendo sempre a mesma coisa"
"Quando uma pessoa se mata, ela não quer morrer, ela na verdade quer viver, mas não tem competência pra isso, por isso se mata"
“Vocês devem ver a situação como um filme, e não como uma foto!!! Deve existir uma continuidade”
"A Fernanda confundiu ação com movimento e pressa com correria"
"Você conhece as pessoas quando as demite e não quando as contrata"
"Existem hoje duas grandes escolas de Administração na análise da motivação corporativa: uma escola que diz que o ideal é botar a cenoura na frente das pessoas, outra escola diz que o negócio é botar a cenoura atrás das pessoas. E essa decisão sobre a posição das cenouras é o que normalmente se discute em Gestão Empresarial"
"Vocês complicaram um coisa simples e simplificaram uma coisa complexa"
"Ninguém tem uma segunda chance de causar uma primeira boa impressão"
"Nada é coincidência tudo é consequencia, do que você faz"
"Vocês ficaram igual abelhas, indo de um lado para o outro desembestadas e só conseguiram fazer cera"
"Quando um martelo é a única ferramenta que a gente tem, a gente tende a ver todos os desafios como um prego"

segunda-feira, 20 de julho de 2009

sobre blockbusters

Hoje eu encarei uma sessão dupla bem interessante: Transformers 2, de Michael Bay, e Harry Potter 6, de David Yates. Dois bons filmes, que me deixaram com vontade comentar um pouco mais sobre esse tipo de filme que arrasta tanta gente ao cinema.

O cinema norte-americano do fim dos anos 70 chegou a um nível de maturidade nunca antes vista. Filmes como Todos os Homens do Presidente, Apocalipse Now, Taxi Driver, Bonnie e Clayde, O Poderoso Chefão, A Última Sessão de Cinema, Operação França, eram obras realistas e amargas, com fortes doses de crítica política e social. E a sofisticação dos filmes era proporcional à queda nas bilheterias. Pra um país recém saído de uma humilhante derrota no Vietnã, o que menos convinha eram visões críticas do mundo. As pessoas não iam mais ao cinema, preferiam ver os I Love Lucy da vida em suas tvs domésticas. É então que, em 1975, Steven Spielberg cria um novo conceito em cinema com seu suspense, Tubarão. Milhões lotam as salas pra sentir medo e se divertir com o filme de férias. Em 1977, George Lucas lança Star Wars, fazendo do blockbuster a salvação de uma arte em vias de extinção.

Décadas depois, a regra em hollywood é produzir franquias destes grandes sucessos, garantindo assim os lucros. E é incrível como gente que não tem o costume de sair de casa pra ir ao cinema acaba cedendo e indo ver o grande filme da temporada. Acho isso legal.

Enfim, Transformers 2 é legal pra caralho, o filme que sempre quis ver quando tinha 14 anos. Pena que Optimus Prime apareça tão pouco, o que fez com que o filme ficasse menor que o primeiro. E algo que me incomodou foi a constante sensação de filme feito às pressas, meio nas coxas, dada a uma quantidade incrível de erros e absurdos vistos, mais do que a média de uma produção do tipo. Já o Harry Potter é um trabalho muitíssimo mais interessante, tanto pela sempre inventiva história, quanto pelo eficiente trabalho de direção. Pena que o final seja um tanto anticlimático, mas que ao meu ver não apaga o brilho do filme.

domingo, 19 de julho de 2009

no meu lugar, de eduardo valente, 2009


O filme impõe seu ritmo logo de cara. Nada de pressa, nada de informações dadas facilmente. O clima é intimista e reflexivo, onde todos os personagens são respeitados e apresentados com uma certa aura de mistério, algo de insondável. Belíssimo trabalho de estréia deste crítico, apadrinhado pela vídeo filmes. Vale ver várias vezes, nem tanto pelo roteiro levemente intrincado, mas pela incontestável beleza de algumas cenas.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Tempos de Paz, de Daniel Filho


Hoje eu sou um cara que paga um pau absoluto pro Daniel Filho. Não que eu curta tudo o que ele faz, mas é incrível como o velho trabalha sem parar, encarando teatro/cinema/televisão com um profissionalismo raramente visto no Brasil.
Seu novo filme, Tempos de Paz, se passa em 1945. Eu fui assistir com um pé atrás, achando se tratar de mais uma produção sobre o holocausto. Bobagem. Há um embate entre o horror nazista e as torturas ocorridas no governo Vargas. E, na real, é um filme sobre a arte, sobre como a arte é a única saída possível frente a um mundo absurdo e desprovido de significado.

Emocionante e muito bem dirigido. Espero que faça sucesso.

Lost InTanslation, de Sofia Coppola

Existe um lugar muito especial pra este filme no meu coração cinéfilo.
É a história de Bill e Scarlett, ou Bob e Charlotte, e como todo o resto do mundo parece estranho e pouco familiar. É poesia de olhares, anseios, medos, esperanças, silêncios. Um silêncio belamente musicado. Meu filme de fossa favorito.







terça-feira, 14 de julho de 2009

moscou, de eduardo coutinho


A expectativa era grande pra ver o novo trabalho do diretor Eduardo Coutinho, Moscou, apresentado hoje à noite no festival de Paulínia. Complicado dizer sobre o quê o fime fala. O diretor pegou o grupo de teatro galpão, de minas gerais, famoso por suas peças populares de rua, e deu 3 semanas pra que ensaiassem o texto do Tchekov, as três irmãs.

Não haveria apresentação, só ensaios. O que interessava pro Coutinho era o processo.

Das mais de 70 horas filmadas, restou 1 hora e 20 minutos de filme.
Um filme fascinante, diga-se de passagem.
Moscou, ao meu ver, é bem coerente com toda a filmografia do Coutinho, e, depois do Jogo de Cena, me parece um caminho natural a seguir. Um olhar extremamente sofisticado acerca de questões como verdadeiro/falso, e como essa diferenciação meio que não existe.

O interessante é que, na sessão de paulínia, quase metade do cinema foi embora antes do filme terminar. Ao final, poucos aplaudiram. Definitivamente este não será um dos filmes populares de Eduardo Coutinho, mas é sem dúvida um filme notável.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

eu queria o lula modelo 89 de volta

Votei no Lula nas duas ultimas eleições para a presidência deste país.
Acreditava de verdade no homem. Não apenas no que diz respeito ao desenvolvimento econômico do país, mas tinha grande convicção de que o cenário político brasileiro seria mais transparente, com menos corrupção. E não foi o que aconteceu. Saiu uma quadrilha de tucanos e no lugar entrou outra quadrilha, a da estrelinha vermelha. Nada, absolutamente nada mudou. Ou talvez tenha sido até pior, já que se foi a última esperança de que a política deste país pudesse ser diferente.

Existem, claro, os programas sociais do governo, como o bolsa família e o sistema de cotas em universidades, mas isso só demonstra o carater paliativo das medidas. São programas que fazem uma imagem boa do presidente perante os eleitores, mas nenhuma sequer chega perto do cerne do problema. A popularidade do Lula é altíssima, graças a esses programas extremamente populares. Mas é só ilusão, porque a educação do Brasil não melhorou, e a politica adotada com relação à universidade pública segue os mesmos moldes de desmanche e sucateamento, iniciado pelo ex-rival de Lula, Fernando Henrique. Os ruralistas deste país são tratados como reis, continuam derrubando florestas e administrando um negócio que só gera atraso pro país, mas são defendidos pelo Lula. Que aliás, só falta beijar o Fernando Collor na boca, tenta salvar a pele do podre Sarney, luta com unhas e dentes pra abafar a cpi da petrobrás, afirma ser legítima a eleição fraudulenta de Mahmoud Ahmadinejad no Irã.
Enfim, hoje, pra mim, o Lula representa o defensor daquilo que existe de mais antigo e mais podre na política nacional.

Só lembrando o que Lula disse, quem já foi presidente deste país não é uma pessoa comum, nem deve ser tratado como uma pessoa comum.

E a igualdade de direito que se foda!

budapeste


Taqui uma das maiores decepções deste primeiro semestre.
O livro Budapeste, escrito pelo Chico Buarque, foi um daqueles romances inesquecíveis. O prazer de ler aquilo foi tanto, que talvez só tenha sido rivalizado pelo desprazer de assistir sua chatíssima adaptação cinematográfica. Budapeste, é dirigido por Walter Carvalho, que é o melhor diretor de fotografia que este país possui. Em seu primeiro trabalho como diretor, nada funciona. Roteiro inseguro e frouxo, más soluções visuais, trilha sonora equivocada, nudez absolutamente desnecessária - incrível, nunca achei que mulher pelada seria algo desagradável de ser ver!. Em resumo: péssimo filme

As duas coisas boas: a pequena participação do Chico Buarque, e a música "feijoada completa" cantada em húngaro. E duas boas cenas não são o suficiente pra salvar quase duas horas de um completo desastre.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

além da linha vermelha

Caros leitores deste blog,
(que calculo serem umas 10 ou 11 pessoas)
pensei em criar um outro blog só pra falar dos filmes que eu assisto. Mas isso dificultaria tanto a minha vida, quando a de todos que prestam alguma atenção quando falo algo sobre cinema. Decidi portanto usar esse blog de memórias e impressões pessoais pra essa nobre finalidade.



Começo então com um filme que acabei de ver (creio que pela terceira vez). Além da Linha Vermelha, de Terrence Mallick, de 1998. É um filme que mostra a batalha de Guadalcanal, realizada numa ilha do Pacífico durante a 2ª Guerra Mundial, mas, na boa, todo o contexto histórico é usado para a construção de um poema de traços metafísicos, sobre vida, morte, renascimento, a presença do divino na perfeição/imperfeição da criação, a guerra inerente da natureza, solidao. Enfim, uma visão cinematográfica bem rara da condição humana. Belo, trágico e violento.

terça-feira, 7 de julho de 2009

sobre fazer as coisas acontecerem

Acho que já faz uns dois meses, meu amigo Marcos Craveiro me liga e pergunta se topo ajudá-lo num projeto de curta metragem. Opa, tô dentro! O curta será um documentário sobre a estrada de ferro de Campinas. Filmaremos na estação de Anhumas, e também na oficina onde as locomotivas são restauradas. O Marcos já tem quase tudo arquitetado, mas não tem ninguém pra ajudá-lo. Minha função é cuidar da captação de som pelo bumbo, trocar fita e bateria, dar idéias, conversar com o povo, enfim, ajudar no que for necessário.

Com o desenrolar das entrevistas, o Marcos escreve um roteiro de ficção, aproveitando toda a pesquisa já feita sobre a estação. E poucos dias depois, estamos filmando essa história inventada. Deu mais trabalho, foi um pouco cansativo, mas eu achei mais prazeroso de fazer. Acredito assim que a ficção seja o meu campo.

Os curtas finalizados são enviados pra Paulínia, com o objetivo de ser selecinado para o festival de cinema de lá. E a boa notícia chegou. Nosso curta documentário, "a máquina do tempo" foi selecionado, concorrendo na categoria curtas regionais. Foram inscritos 36 trabalhos, sendo o nosso um dos 6 finalistas.

A exibição será dia 14 de julho, às 18 horas, no teatro lá de Paulínia. A premiação se dá através do juri popular, ou seja, ganha o curta que tiver mais votos. Portanto vão e votem!
hauahuahauahhh

Taqui o trailer da traquinagem:

sexta-feira, 3 de julho de 2009

sobre a baixinha estranha que canta muito

(as fotos são de autoria da minha amiga, Daniela Cerasoli)



O nome dessa garotinha de 16 anos é Mallu Magalhães. Pra quem curte o bom e velho rock, ver uma pirralhinha dessas pode suscitar alguma desconfiança. Mas como eu não sou lá muito desconfiado, passei a ouvir suas músicas com crescente gosto, sentindo cada vez mais forte aquele sentimento de conforto e prazer, que é o que eu sempre sinto quando ouço algo que me agrada. Umas baladinhas em inglês aqui, uma parceria com o Vanguart ali, um cover do Dylan acolá. Funciona assim.

A Mallu fez uma apresentação aqui em Barão Geraldo, num lugar péssimo, a cooperativa brasil. Mas foi um show massa, onde pude verificar o legítimo talento da menina.

Essa vai longe.